Existem três motivos par ao retorno para uma ênfase no crescimento e na produção industrial como saída, por mais paradoxal que pareça, para a crise ambiental:
1) Praticamente toda tarefa ambiental demanda enorme quantidade de energia elétrica, bem além de qualquer coisa que esteja disponível atualmente. O tratamento de esgoto é apenas um exemplo: a diferença entre os métodos tradicionais totalmente inadequados e as usinas de tratamento modernas que eliminam os resíduos humanos e industriais produzindo água razoavelmente limpa é principalmente de energia elétrica ( e vasto suprimento dela ). Isto coloca um dilema difícil. As usinas elétricas são poluidoras por si próprias. E um dos principais perigos de poluição térmica, é algo com que ainda não se sabe lidar.
Seria melhor adiar qualquer ataque sério sobre outras tarefas ambientais até que se tenham resolvido os problemas e poluição gerada de energia elétrica? Seria uma decisão quixotesca, mas pelo menos seria ponderada. Pois é desonesta a atual hipocrisia que sustenta que se estão sendo sérios sobre estes outros problemas ( resíduos industriais, por exemplo, ou esgoto ou pesticidas ), enquanto há uma recusa de se construírem as usinas elétricas de que é preciso resolver. Acontece que Peter Ferdinand Drucker era membro do Sierra Club, o maior e mais antigo grupo ambiental dos Estados Unidos da América ( EUA ) em sua época. Ele chegou a dizer que compartilhava da preocupação deles com o meio ambiente. Mas a oposição da época do Sierra Club a qualquer nova usina elétrica ( e a oposição de outros grupos a novas usinas elétricas em outras partes dos EUA - por exemplo, na cidade de Nova Iorque ) assegurava, em primeiro lugar, que outras tarefas ecológicas não poderiam ser assumidas com eficácia pelos cinco ou dez anos que se seguiriam. Em segundo lugar, isto assegurava que o motor de combustão interna viesse a permanecer como sustentáculo nos transportes por um longo tempo. As únicas alternativas então consideradas viáveis na época, o automóvel elétrico ou o transporte de massa eletrificado, exigiriam um aumento ainda maior na produção de energia elétrica do que qualquer valor já projetado até aquele momento. Em terceiro lugar, isto poderia muito bem ter causado, dentro de poucos anos que se seguiriam, escassez de energia ao longo da Costa Atlântica, o que poderia ter significado casas não aquecidas no inverno, bem como o fechamento generalizado de indústrias e desemprego. Isto quase certamente teria dado início a uma reação contra toda a cruzada ambiental.
2) Não importa o quão desejável seja a mudança de ênfase na produção, a próxima década é o momento errado para isto em todos os países desenvolvidos, principalmente nos EUA. A próxima década trará aumento na busca por emprego e na formação de novas famílias ( ambas como consequências inevitáveis do boom de nascimento do final dos anos quarenta e início dos anos cinquenta ). Os jovens adultos necessitam de emprego; a menos que haja rápida expansão dos empregos na produção, haverá enorme índice de desemprego, principalmente entre os negros com baixa qualificação e outros membros de grupos minoritários. Além de empregos, as jovens famílias precisarão de bens - desde casas e móveis até sapatos para o bebê. Mesmo que o padrão de consumo de uma família individual diminua um pouco, a demanda total ( exceto apenas em caso de uma grave recessão ) subirá acentuadamente. Se houver resistência a isto em nome da ecologia, o meio ambiente tornar-se-á um palavrão no vocabulário político ( se não que é já se tornou ).
3) Se não houver crescimento dos resultados em valor igual ao custo adicional da limpeza do meio ambiente, a carga dos custos será atendida ( na verdade, precisará ser ) pelo corte dos fundos disponíveis para educação, assistência à saúde ou os centros urbanos, privado, assim, os pobres. Seria bom se os recursos necessários pudessem vir dos gastos com a defesa. No entanto, dos seis ou sete por cento da renda nacional dos EUA que agora vão para a defesa, grande parte se refere a custos de guerras passadas, ou seja, pensões de veteranos e benefícios por invalidez ( que, a propósito, muitos outros países não incluem em seus orçamentos da defesa - um fato muitas vezes ignorado por muitos críticos do militarismo americano ). Ainda que fosse possível ( ou necessário ) o corte de gastos com a defesa, o dividendo da paz equivaleria, no máximo, a um ou dois por cento da renda nacional dos EUA, por exemplo.
Mas os EUA, o gasto total com educação ( de sete a oito por cento ), assistência médica ( outros sete a oito por cento ) e centros urbanos e outras áreas de pobreza ( quase cinco por cento ) chega a um quinto da renda nacional total. A menos que fosse aumentada a produção e a produtividade com rapidez suficiente para compensar o custo ambiental adicional, os eleitores procurarão dinheiro neste setor. De fato, em sua rejeição aos orçamentos escolares por toda os EUA e em suas tentativas desesperadas de cortar os custos de assistência social, os eleitores já começam a fazê-lo. A hipótese de a transferência de recursos vir a se realizar principalmente pela inflação ( essencialmente à custa dos grupos de menor renda ) dificilmente tornará a causa ambiental mais popular entre os pobres.
A única maneira de se evitaram estes males é expandir a economia, provavelmente a uma taxa de crescimento de quatro por cento ao ano para a próxima década; esta é uma taxa maior do que se tem conseguido sustentar nos EUA nos anos do pós-guerra. Sem dúvida, isto implica grandes riscos ambientais, mas a alternativa provavelmente significaria nenhuma ação ambiental e uma rápida mudança da opinião pública ( de modo algum restrita aos trabalhadores conservadores ) contra qualquer preocupação ambiental.
Outras informações podem ser obtidas no livro Rumo à nova economia, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em:
https://administradores.com.br/artigos/gest%C3%A3o-ambiental-o-paradoxal-crescimento-industrial-para-a-crise-ambiental .
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