Todos conhecem os seguintes fatos sobre Frederick Winslow Taylor: seu objetivo era a eficiência, que significava reduzir custos e aumentar lucros. Ele acreditava que os trabalhadores respondiam principalmente a incentivos econômicos. Inventou a aceleração da produção e a linha de montagem. Viu somente o trabalhador individual, e não o grupo de trabalho. Considerou os trabalhadores verdadeiras máquinas e assim deveriam ser utilizados. Ele queria colocar todo o poder e controle nas mãos da administração, enquanto sentia profundo desprezo pelo trabalhador. E foi o pai da teoria da organização clássica, com suas pirâmides hierárquicas, seu conceito de amplitude de controle, suas funções e assim por diante.
No entanto, mesmo a leitura mais superficial de Taylor mostra imediatamente que cada um destes fatos bem conhecidos representa puro mito. Os três trabalhos de Taylor sobre administração científica são Shop Management, publicado em mil novecentos e três, sob os auspícios da American Society do Mechanical Engineers ( ASME ), após ter sido lido em uma reunião da ASME em junho de mil novecentos e três, em Saratoga, estado de Nova Iorque, Principles of Scientific Mangement, escrito em mil novecentos e nove, para publicação pela ASME, mas retido pela ASME, que o considerou não suficientemente científico, quando, então, Taylor o circulou de forma privada em mil novecentos e onze e depois autorizou a Harper & Brothers a publicá-lo; e sua exposição mais abrangente, seu depoimento de cinco dias perante uma Comissão Especial ( CE ) da Câmara dos Deputados ( CD ) dos Estados Unidos da América ( EUA ), de vinte e cinco de janeiro a trinta de janeiro de mil novecentos e doze. Todos os três documentos foram reunidos em um único volume, Scientific Management, publicado pela primeira vez pela Harper & Row em mil novecentos e quarenta e sete, e reimpresso muitas vezes desde então. Todas as citações deste texto foram extraídas desse volume.
O tema central de Taylor, repetido inúmeras vezes, era a necessidade de se substituir a guerra industrial pela harmonia industrial, e o medo pela confiança mútua dentro da fábrica. Ele sustentava que isto exigiria quatro grandes mudanças:
1) Em primeiro lugar, seria necessário haver salários elevados. na verdade, Taylor pedia que toda gestão que introduzisse a administração científica ( isto é, o estudo sistemático de trabalhos e tarefas ) se comprometesse desde o início, antes de começar o próprio estudo, com um aumento de salário de trinta a cem por cento. Além disto, em sua primeira tentativa de descrever o que, na época, chamou de sistema de tarefas em Shop Management, ele afirmou quase no início: "Este livro foi escrito principalmente com o objetivo de defender os altos salários, como fundamento de uma gestão melhor".
Ele acreditava que a produtividade gerada por fazer corretamente o trabalho tornaria possíveis salários elevados e propiciaria, com efeito, o que hoje seria chamado de afluência. Taylor acreditava veementemente que o trabalhador deveria receber o benefício total da maior produtividade obtida através da administração científica, seja na forma de maiores salários ou de menos horas de trabalho.
No entanto Taylor não acreditava que os incentivos econômicos, isoladamente, motivariam. Ele antecipou praticamente toda a pesquisa posterior da escola de relações humanas ou de Frederick Herzberg ao afirmar que os salários maiores representaria um grande entrave e destruiria a motivação ( na verdade, a palavra motivação era desconhecida por Taylor - ela só passou a ser usada de forma geral nos anos vinte; Taylor falava de iniciativa ).
2) A segunda grande necessidade de acordo com Taylor, era eliminar o estresse físico e os danos corporais causados por fazer o trabalho da forma errada. Repetidas vezes, ele assinalou que a administração científica eliminava o trabalho físico pesado e mantinha a energia. Repetidas vezes, destacou como o trabalho tradicional crivava lesões, fadiga, estresse, entorpecia as faculdades e desgastava o corpo. Em uma passagem da introdução para os Principles of Cientific Management, que soa estranhamente contemporâneo, Taylor comparava a preocupação popular na época com a destruição desenfreada de recursos físicos como florestas, carvão ou petróleo com o descaso pelo desperdício e a destruição do recursos humano.
3) Em terceiro lugar, Taylor acreditava que a administração científica produziria harmonia industrial ao propiciar os meios para o pleno desenvolvimento da personalidade. Em seu depoimento, ele disse:
- Passa a ser dever daqueles que estão ao lado administrativo da empresa de deliberadamente estudar o caráter, a natureza e o desempenho de cada trabalhador, com uma visão voltada para encontrar, por um lado, suas limitações, e, por outro, ainda mais importante, suas possibilidades de desenvolvimento; e depois, o mais deliberada e sistematicamente possível, treinar, ajudar e ensinar a seu trabalhador, dando-lhe, sempre que possível, as oportunidades para a evolução, o que, finalmente, lhe permitiria tornar a classe de trabalho mais alta, mais interessante e mais lucrativa, algo que combine com suas habilidades naturais e que esteja aberto para ele na empresa específica em que está empregado. Esta seleção científica do trabalhador e sua evolução não representam um ato único; passam de ano para ano e são objeto de estudo contínuo da parte da gestão.
Taylor não apenas pregava isto: ele também praticava. Uma de suas inovações mais interessantes, que insistiu em adotar em todas as fábricas nas quais introduziu a administração científica, foi a nomeação de pessoas cuja principal tarefa consistia em identificar capacidades no grupo de trabalho e ajudar os trabalhadores a adquirirem o treinamento e a habilidade para progredir para trabalhos melhores, de maior capacitação, de maior responsabilidade e, acima de tudo, mais importantes. Ele insistia ( com mais sucesso quando trabalhou na Bethlehem Steel ) que ninguém fosse demitido em função da administração científica, mas que o desgaste e a rotatividade normal fossem utilizados para colocar o trabalhador em outra função dentro da fábrica. Repetidas vezes, ele assinalou a necessidade de enriquecer as funções e o trabalho, tornando-os mais importantes, em vez de confiná-los a uma operação repetitiva. Além disto, ele ressaltou o dever da gestão em descobrir para que um homem estaria mais adequado e depois se certificar de que passasse a executar este tipo de trabalho. Taylor sustentava que, exceto por aqueles poucos com capacidade de trabalhar, mas sem disposição para fazê-lo, havia somente homem de primeira classe. Seria trabalho da gestão o de garantir que eles tenham a oportunidade de se sobressair.
4) Finalmente, a administração científica significa para Taylor e eliminação do chefe.
- Se há algo que pode e ser considerado característico da administração científica, é o fato de que os homens que anteriormente eram chamados de chefes sob o antigo tipo de administração tornaram-se, sob a administração científica, servos dos trabalhadores. Passa a ser seu dever servir os trabalhadores e ajudá-los de todas as maneiras possíveis.
Além do mais, o que Taylor entendia por supervisão funcional era o que hoje é chamado de organização matricial. Ele não tinha algo a ver com organização clássica e sua hierarquia; isto é, claramente, vai contra os princípios básicos de Taylor. Outras informações podem ser obtidas no livro Rumo à nova economia, de autoria de Peter F. Drucker.
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