quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Organização do trabalho: objeto de estudo, apesar de tudo o que se sabe

O advento da nova tecnologia converte em doenças incapacitantes o que pode ter sido considerado limitações à plena eficácia da administração científica. Com efeito, os principais problemas da administração do trabalhador e do trabalho sob a nova tecnologia será capacitar o trabalhador a fazer um trabalho completo e integrado e a assumir um planejamento responsável.

Os trabalhadores em condições de automação não mais precisarão executar tarefas rotineiras repetitivas de alimentação de máquinas e de manuseio de materiais. Em vez disso, terão de configurar, manter e controlar muitas operações, assumir posições cada vez mais amplas e coordenar o próprio trabalho. Isso não significa que precisarão cultivar a mesma destreza manual dos artesãos de ontem. Ao contrário, todas as operações devem ser analisadas pela administração científica, a ponto de serem executadas por pessoas sem destreza manual. Mas, de novo, as operações precisarão ser integradas, para compor um trabalho completo - do contrário, o trabalho necessário em condições de automação não será bem executado. Na nova tecnologia, não há escolha, senão dizer gato, em vez de ge-a-te-o ( soletrando ). É preciso aprendera a integrar - agora que a administração científica ensinou a separar ( análise versus síntese ).

Do mesmo modo, não haverá capacidade de organização do trabalhador e do trabalho sob a nova tecnologia com base na separação entre planejamento e execução. A contrário, o novo contexto exige que o menos qualificado dos trabalhadores de produção seja capaz de uma boa dose de planejamento. Quanto mais o trabalhador planejar o próprio trabalho, mais será responsável pelo que faz e maior será sua produtividade. Um trabalhador que só age conforme as instruções só pode apresentar mau desempenho. Cuidar do equipamento, programá-lo, configurá-lo em controlá-lo, tudo isso exige do trabalhador, soba a nova tecnologia, conhecimento, responsabilidade e decisões - isto é, planejamento. o problema não será a separação insuficiente entre planejamento e execução, mas, sim, a necessidade de capacitar muitos trabalhadores do futuro a planejar com mais eficiência que muitas pessoas hoje denominadas gerentes.

É preciso preservar os insights fundamentais da administração científica - da mesma maneira que é necessário cultivar o das relações humanas. Mas a administração tem de ir além da aplicação tradicional da administração científica; há de se aprender a ver onde ela foi cega. E o advento da nova tecnologia torna essa tarefa duplamente urgente.

Será que a administração de pessoal está falida?

Agora é possível oferecer uma resposta: "Não, não está falida. Seus passivos não superam seus ativos. Mas ela decerto está insolvente, sem dúvida não é capaz de cumprir, com o caixa disponível do momento, as promessas da administração do trabalhador e do trabalho que ela se apressou em fazer com tanta liberalidade. Seus ativos são grandes - os insights básicos das relações humanas, os insights igualmente fundamentais da administração científica. Mas esses ativos estão congelados. Também há muito entulho por aí, na forma de técnicas e geringonças da administração de pessoal. Mas isso não ajuda muito na grande missão de descongelar os ativos congelados, embora possam produzir muitas mercadorias vendáveis para pagar as pequenas contas. Talvez os mais valioso capital de giro sejam as coisas que foram aprendidas a não fazer, mas que banqueiro já emprestou com essa garantia?" - responderia Peter F. Drucker.

No entanto, os fatos permitem uma interpretação mais otimista. Os últimos setenta anos foram anos de pequenos refinamentos, não de avanços vigorosos; de estagnação intelectual, não de pensamentos desbravadores. Mas tudo aponta para um desempenho diferente nos anos vindouros ( em parte, provavelmente já presentes sem que a ficha já tenha caído ). A inovação tecnológica está induzindo a novos raciocínios, a novos experimentos e a novos métodos. O processo já começou. A relação enter os trabalhadores e o trabalho, que a mentalidade das relações humanas tradicionais deixou de lado como algo quase irrelevante, hoje está sendo estudada pela escola das relações humanas. O problema da organização do trabalho, de acordo com as propriedades dos recursos humanos, não com base na premissa de que a pessoa é uma máquina-ferramenta mal projetada, está sendo objeto de muita atenção pela escola da administração científica. E os profissionais estão avançando bem à frente dos autores e teóricos, e já é sabido o que se sabe, o que ainda é incógnito e o que ainda é preciso saber sobre o trabalho, sobre as condições de trabalho e sobre os trabalhadores. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.

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http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/organizacao-do-trabalho-objeto-de-estudo-apesar-de-tudo-o-que-se-sabe/112712/  

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