Nestes últimos anos, quase toda semana surge algum relato de mais uma aquisição hostil, ou de mais uma manobra na bolsa de valores para a compra, fusão ou divisão de uma empresa com a ferrenha oposição de seus gerentes e da alta administração. Nenhuma onda especulativa da bolsa de valores atingiu os Estados Unidos da América desde o caso dos mercados dos bears e bulls dos anos de mil oitocentos e setenta, quando os Goulds, os Drews e os Vanderbilts brigaram entre si pelo controle das ferrovias norte-americanas. Os termos bull market e bear market ( mercado do touro e mercado do urso ) descrevem, respectivamente, as tendências de alta e baixa no mercado de ações. A nova onda de aquisições hostis já alterou profundamente os contornos e os marcos da economia americana e se tornou uma força dominante - muitos diriam a força dominante ( com artigo definido ) - no comportamento e nas ações dos administradores americanos e, quase que certamente, importante fator da erosão da liderança competitiva e tecnológica americana. No entanto, os jornais falam no assunto apenas em suas páginas sobre finanças. E poucas pessoas fora do mundo dos negócios sabem realmente com exatidão o que está acontecendo ou o que, efetivamente, é uma aquisição hostil.
A aquisição hostil geralmente começa com um raider ( atacante ) - uma empresa ou um indivíduo legalmente estabelecido que trabalha para uma empresa - que compra um pequeno percentual das ações da empresa-alvo no mercado aberto, em geral com dinheiro emprestado especificamente para este fim. Quando, como espera o raider, a diretoria e os gerentes da empresa-alvo rechaçam sua proposta de compra, ele pega mais dinheiro emprestado - às vezes, alguns bilhões de dólares - , adquire mais ações da empresa no mercado e procura diretamente os acionistas, oferecendo-lhes um quantia substancialmente maior que o valor das ações na bolsa. Se um n´mero suficiente de acionistas da empresa-alvo aceitar dar ao raider controle total, ele, então, tipicamente descarrega a dívida incorrida com a aquisição no própria empresa adquirida. Em uma aquisição hostil, portanto, a vítima acaba pagando pela própria execução.
O raider agora não apenas controla um grande empresa: ele consegue ter um belo lucro sobre as ações que comprou a preços de mercado baixos. Mesmo que sua tentativa de assumir o controle falhe, o raider geralmente acaba ganhando muito dinheiro. A única forma de a empresa-alvo escapar do raider é quando encontra um cavaleiro branco ( white knight ), isto é, alguém menos odioso à administração da empresa-alvo e que esteja disposto a pagar ainda mais por suas ações, inclusive aquelas que estão nas mãos do raider. Alternativamente, a empresa-alvo paga um resgate ao raider - cujo nome parece saído das aventuras de Robin Hood: greenmail - e recompra as ações adquiridas por ele a um preço extraordinário, muito além do que suas receitas ou perspectivas poderiam justificar.
Aquisições hostis eram praticamente desconhecidas antes de mil novecentos e oitenta. Harold Geneen, que nos anos sessenta e setenta, transformou a ITT no maior e mais diversificado conglomerado do mundo, fez literalmente centenas de aquisições, talvez tenha chegado a mil. Contudo, ele jamais fez uma oferta a uma empresa sem que sua administração, antes o tenha convidado a fazê-lo. Na verdade, em muitas de suas aquisições, a iniciativa foi da empresa a ser adquirida. Elas se colocaram à venda. Naquele tempo, teria sido impossível financiar aquisições hostis. Nenhum banco emprestaria o dinheiro para este propósito. Contudo, a partir de mil novecentos e oitenta, a facilidade se tornou cada vez mais maior.
Em um primeiro momento, aquisições hostis eram desencadeadas por grandes empresas que desejavam ter rápido crescimento e ser diversificar. Esta fase atingiu o clímax em mil novecentos e oitenta e dois, com uma batalha de meses entre três gigantes: Bendix ( indústria de defesa e automotiva ), Martin-Marierra ( defesa, aeroespacial e cimento ) e allied ( produtos químicos ). A Bendix começou a briga com uma proposta de aquisição hostil da Martin-Marietta, que prontamente contra-atacou com uma proposta de aquisição hostil da Bendix. Quando estas duas, como dois escorpiões dentro de ma garrafa, se liquidaram mutuamente, a Allied entrou na briga, pagou resgate por uma exausta Martin-Marietta, assumiu o controle da Bendix e, neste processo, demitiu a administração desta, que havia iniciado a guerra.
Desde então, os raiders são cada vez mais operadores individuais da bolsa cujo negócio é exatamente este: aquisições hostis. Alguns, como Carl Icahn, não demonstram preferência, atacando todos os tipos de empresas. T. Boone Pickens, originalmente um pequeno produtor independente de petróleo, se especializou em grandes empresas como a Gulf Oil, Phillips Petroleum e Union Oil. Ted turner, de Atlanta, se especializou em empresas de mídia e esteve envolvido em uma proposta de de aquisiçõa hostil da CBS, a menor das três grandes redes de televisão americanas. Mas existem dezenas de raiders de menor porte em outros países, muitos procurando empresas de porte médio e de rápido crescimento, especialmente aquelas que estejam em áreas atualmente quentes, como de eletrônicos, computadores ou biotecnologia. Outros raiders têm como alvo principal instituições financeiras. Praticamente todos eles operam com dinheiro emprestado a altas taxas de juros. Outras informações podem ser obtidas no livro As fronteiras da administração, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em:
https://administradores.com.br/artigos/fus%C3%B5es-e-aquisi%C3%A7%C3%B5es-raiders-eles-n%C3%A3o-d%C3%A3o-f%C3%A9rias-para-os-seus-p%C3%A9s .
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