O dogma do Estado liberal ainda é ensinado nas universidades dos Estados Unidos da América ( EUA ), departamentos de governo e escolas de Direito. Segundo este dogma, todo poder organizado se incorpora em um governo central. Mas a sociedade de organizações é uma sociedade pluralista. Em aberto desafio ao dogma prevalente, ela contém uma sociedade de organizações e de centros de poder. E cada uma destas células deve ter uma administração e ser administrada. O empreendimento empresarial é apenas uma delas; há também os sindicatos, organizações agrícolas, instituições de saúde, escolas e universidades, sem mencionar os meios de comunicação. Na verdade, até mesmo o governo está se tornando um conjunto pluralista de centros de poder quase autônomos. Algo muito diferente dos ramos de governo previstos na Constituição dos EUA. Existe, por exemplo, o serviço civil. O último presidente dos EUA a ter o controle efetivo do serviço civil, foi Winston Churchill; na Rússia, Stalin. Desde aquele tempo, o serviço civil em todos os principais países se tornou uma instituição por seus próprios méritos, assim coo as Forças Armadas.
No século dezenove, o Estado liberal teve de admitir os partidos, embora o tenha feito da má vontade e com terríveis apreensões e desconfiança. Mas o propósito dos partidos era a conquista do governo. Eles eram, por exemplo, engrenagens, da máquina governamental e não tinham existência ou justificativa fora dela.
Nenhum destes propósitos anima as instituições do novo pluralismo.
As instituições do velho pluralismo, isto é da Europa Medieval ou do Japão Medieval ( os príncipes, os barões feudais, as cidades autônomas, os artesãos, os bispados e os monastérios ), eram, por si sós, governos. Cada um deles, na verdade, tentou anexar o máximo da plenitude do poder governamental até o limite possível. Todos cobravam impostos e taxas de importação. Cada um deles tentou nomear cavaleiros e conferir títulos de nobreza ou de cidadania. E cada um tentou o direito mais cobiçado do todos: cunhar a própria moeda.
Mas o propósito das instituições pluralistas de hoje é não governamental: fabricar e vender bens e serviços, proteger empregos e salários, curar os doentes, ensinar os jovens e assim por diante. Cada uma delas somente existe para fazer algo diferente do que o governo já faça ou, na verdade, fazer algo para que o governo não precise fazer ele mesmo.
As instituições do velho pluralismo também viam a si próprias como comunidades totais. Mesmo a associação de artesãos, a dos poderosos tecelões de lã de Florença, por exemplo, se organizaram principalmente para controlar seus membros. Obviamente, os tecelões eram pagos pela venda de peças de lã para outras pessoas. Mas a associação se esforçou para isolar seus membros contra impactos econômicos externos por meio de severas restrições quanto ao que podei ser tecido, em que quantidade e como, por que o preço e por quem. Todas as associações reuniam seus membros em suas próprias sedes onde exerciam controle governamental. Todas imediatamente construíram as próprias igrejas, com seus santos patronos. Todas construíram suas próprias escolas; em Londres, ainda existe a Merchant Taylor's ( Mercador de Tecidos ). Todas controlavam o acesso de membros. Se as instituições do velho pluralismo precisassem lidar com entidades externas, elas o faziam como uma ação de relações exteriores, por meio de pactos formais, alianças, feudos e, com certa frequência, guerra aberta. a entidade externa era estrangeira.
As instituições do novo pluralismo não tem qualquer propósito, a não ser fora delas. Elas existem em função de um cliente ou de um mercado. Uma conquista em hospital não é uma enfermeira satisfeita e, sim um ex-paciente curado. Uma conquista na empresa não é uma força de trabalho satisfeita, por mais que isso seja desejável, e sim, um cliente satisfeito que repete a compra do produto.
Todas as instituições de novo pluralismo, diferentemente daquelas do antigo tem um único propósito. São ferramentas da sociedade para suprir uma necessidade social específica, seja a fabricação e venda de automóveis a prestação de serviços de telefonia, a cura dos doentes, a educação de crianças ou o fornecimento de um salário-desemprego para quem não consegue trabalho. Contudo para dar esta contribuição única e específica, estas instituições precisam, elas próprias, de considerável autonomia. Precisam ser organizadas de forma perpétua ou, pelo menos, por longos períodos. Precisam dispor de uma considerável quantidade de recursos da sociedade, como terras, matérias-primas e dinheiro, mas, acima de tudo, pessoas e especialmente do tipo mais raro de todos - pessoas altamente treinadas e educadas. E precisam de uma considerável quantidade de poder sobre as pessoas - e poder coercitivo. É muito fácil esquecer que, em um passado não muito remoto, somente escravos, servos e criminosos condenados deveriam estar em seus postos de trabalho no horário estabelecido para eles por outra pessoa.
Essa instituição tem - e deve ter - poder para conceder ou negar reconhecimento social e recompensas econômicas. Qualquer que seja o método adotado para selecionar pessoas a fim de cumprir tarefas ou ganhar promoções - indicação superior, indicação dos colegas ou mesmo por rotatividade entre funções - , esta é sempre uma decisão de poder tomada não pelo indivíduo, mas por alguém em seu nome, e com base em critérios impessoais que estão relacionados ao propósito da organização, e não no interesse do indivíduo. Portanto, o indivíduo está, por necessidade, sujeito a um poder ancorado no sistema de valores de qualquer que seja o propósito específico que a instituição foi criada para satisfazer. E o órgão por meio do qual este poder é exercido na instituição é aquele que são chamados de administração.
Isto é novo e ainda não tem precedentes - o fato é que ainda não foi construída uma teoria social ou política para explicá-lo.
Este novo pluralismo levanta imediatamente a seguinte questão: Quem cuida do bem-estar público quando a sociedade é organizada em centros de poder individuais, cada um deles preocupado com metas específicas, e não com o bem comum?
Cada instituição em uma sociedade pluralista vê seu próprio propósito como elemento central e mais importante. E, na verdade, nem poderia ser diferente. E, na verdade, nem poderia ser diferente. A escola, por exemplo, ou a universidade não poderia funcionar a não ser que entendesse que educar e pesquisar é o que forma um bom cidadão e cria uma boa sociedade. Certamente, ninguém escolhe se empregar na administração de um hospital ou seguir carreira de enfermagem a não ser que acredite na saúde como valor absoluto. E, assim como atestam centenas de fusões e aquisições, nenhuma administração fará um bom trabalho em uma empresa a não ser que acredite em seus produtos ou serviços e respeite seus clientes e valores.
O CEO da General Motors Company ( GMC ), Charles E. Wilson ( mais tarde, secretário de defesa do Presidente Eisenhower ), jamais afirmou "O que é bom para a GMC é bom para o país". O que ele realmente disse foi: "O que é bom para o país é bom para a GMC e vice-versa.". Contudo, o fato de sua fala ter sido distorcida é irrelevante. O importante é que todos estavam certos de que ele tivesse dito a primeira versão e que realmente acreditava nisto. Na verdade, ninguém poderia estar à frente da GMC - ou da Harvard University, ou do Misericórdia Hospital, ou do Sindicato da Construção Civil ou da Marinha - a não ser que acreditasse que o que fosse bom para qualquer destas instituições fossem também bom para o país e, mais do que isto, fosse uma missão, que embora não por ordem divina, ainda assim, fosse essencial para a sociedade.
No entanto, cada uma destas missões é unica e representa apenas uma dimensão do bem comum - importante, sim, indispensável, talvez, e, apesar disto, um bem relativo e não absoluto. E, como tal, deve ser limitado, pesado na balança junto com - e geralmente subordinado a - outras considerações. De alguma forma, o bem comum deve ser elaborado de forma a emergir do conflito e do clamor entre interesses especiais.
O velho pluralismo jamais resolveu este problema. Isto explica por que sua supressão se tornou uma causa progressiva e aquela com que os filósofos morais da era moderna ( ou seja, do período entre os séculos dezesseis e dezenove ) se alinharam.
Será que o novo pluralismo se sairá melhor? Uma solução seria, é claro, suprimir as instituições pluralistas. Esta é a resposta oferecida pelo totalitarismo e, efetivamente, é sua verdadeira essência. O Estado totalitário, qualquer que seja seu nome - fascista, nazista, stalinista ou maoista - , torna todas as instituições subservientes ao Estado e às suas extensões ( ou ao partido onipotente ). Isto salva o Estado da moderna teoria política, mas ao custo do sacrifício da liberdade individual, do livre pensar, da liberdade de expressão e, em suma, de qualquer limitação de poder, como professa a teoria tradicional. Mas ele somente consegue manter seu monopólio de poder com base no terror declarado, como Lenin foi o primeira a perceber. E, mesmo a este terrível custo, na realidade, não funciona muito bem. Como é sabido agora - e a experiência de todos os regimes totalitaristas é exatamente a mesma, quer se denominem de esquerda ou de direita - , as instituições pluralistas resistem por trás da fachada monolítica e somente podem ser retida sua autonomia se elas e a sociedade, em conjunto, ficarem impossibilitadas de atuar - como aconteceu, por exemplo, com os expurgos stalinistas ou a revolução cultural de Mao. Os regimes totalitaristas provaram que a sociedade moderna deve ser uma sociedade de organizações, e isso significa uma sociedade pluralista. A única escolha é se a liberdade individual deve ser mantida ou suprimida e destruída, embora como nenhum outro propósito exceto o poder explícito.
A abordagem americana é oposta àquela do totalitarismo. Os EUA - o único país entre as nações modernas - jamais aceitaram inteiramente o dogma do Estado liberal. Bem no começo de sua história, a teoria política pluralista de John C. Calhoun, a maioria convergente, chegou a se opor a ele. Da forma como Calhoun apresentou sua teoria, nos anos de mil oitocentos de trinta e mil oitocentos e quarenta, isto é, como um pluralismo exercido por meio de estados individuais e com a intenção de evitar o desmembramento da União por conta da escravatura, a maioria convergente não sobreviveu à guerra civil. Mas, trinta anos mais tarde, Mark Hanna, o fundador tanto do moderno Partido Republicano quanto da moderna política americana, reformulou o pluralismo de Calhoun como uma maioria convergente de grandes interesses: fazendeiros, trabalhadores, empresas. cada um destes três legados poderá efetivamente vetar a maioria, que não deve impor a própria vontade sobre os outros, mas deve ser capaz de evitar que estes imponham sua vontade sobre a maioria. Trinta anos mais tarde, Franklin D. Roosevelt tornou este conceito a crença política básica do New Deal. No sistema de Roosevelt, o governo se tornou o árbitro cuja função era assegurar que nenhum interesse se tornasse excessivamente poderoso. Quando ele assumiu o governo, o capital - business ( negócio empresarial ) como o termo veio mais tarde e management ( administração ) mais tarde ainda - parecia extremamente poderoso. Os fazendeiros e trabalhadores organizaram-se, então, para sublimar o poder dos negócios empresariais, isto é, das empresas. E, então, não muitos anos mais tarde, quando o poder dos trabalhadores estava aparentemente se tornando grande demais, fazendeiros e empresas se organizaram para reequilibrar o poder, e assim por diante.
Cada um dos interesses é livre para perseguir os próprios objetivos, independentemente do bem comum; e é exatamente isto que se espera deles. Nos dias mais sombrios da Segunda Guerra Mundial, em mil novecentos e quarenta e três, quando as tropas americanas ainda careciam de armas e munições, John L. Lewis, fundador do Congresso de Organizações Industriais ( isto é, um moderno unionismo americano ) e poderoso líder do sindicato dos mineiros, desafiando os controles nacionais de salários, determinou a adoção de uma greve de mineiros para conseguir maiores salários para seus homens. O presidente Roosevelt o atacou publicamente por colocar em risco a sobrevivência do país. Lewis respondeu: "O presidente dos EUA é pago para cuidar da sobrevivência da nação. Eu sou pago para cuidar dos interesses dos mineiros de carvão.". Embora os jornais tenham atacado Lewis de forma violenta, a opinião pública aparentemente acreditava que Lewis apenas dissera em voz alta aquilo que o governo vinha praticando o tempo todo. E, assim, Lewis obteve apoio suficiente para ganhar a greve.
No entanto, este exemplo demonstra que a doutrina pluralista americana dificilmente pode ser considerada adequada. Na verdade, como fez o antigo pluralismo, ela provocou o surgimento de tantos interesses absolutos e grupos de pressão que é quase impossível conduzir os negócios do governo, que dirá conduzi-lo levando em conta o bem comum.
De mil novecentos e oitenta e quatro a mil novecentos e oitenta e cinco, praticamente todos nos EUA concordavam que o país precisava de uma drástica reforma tributária que pudesse substituir um código de impostos cada vez mais complicado e irracional, com umas poucas tarifas e isenções eliminadas. Mas era impossível implementar o código. Cada isenção se tornou sagrada de interesses absolutos. E, embora alguns destes interesses representassem apenas algumas centenas ou alguns milhares de eleitores, cada um podia bloquear - e efetivamente bloqueou - a reforma tributária.
Existe uma saída? Os japoneses parecem ser os únicos, até aqui, capazes de reconciliar a sociedade de organizações e a busca do bem comum. Espera-se que os principais interesses japoneses se alinhem com o conceito de o que é bom para o país: então, espera-se que eles enquadrem o que é bom para eles neste contexto mais amplo de uma política pública criada para servir ao interesse nacional.
É duvidoso, contudo, se o Japão será capaz de manter esta abordagem no longo prazo. Ela reflete um passado em que o país se encontrou isolado em um mundo hostil e alienígena. Esta forma, o país como um todo, independentemente de interesses imediatos, precisou se unir, temeroso da desagregação. Será que esta atitude permanecerá, mesmo com o sucesso do país? E uma abordagem deste tipo teria chance de dar certo no Ocidente, onde se espera que os interesses se comportem como interesses?
O que se pergunta é: Isto seria um problema de administração? Não seria um problema político, de governo ou de filosofia política? Se a administração não enfrentá-lo, então quase inevitavelmente, haverá a imposição de uma solução política. Por exemplo, quando as instituições de tratamento de saúde americanas - hospitais e profissionais médicos - não assumiram a responsabilidade pelo aumento agudo dos custos de saúde, o governo lhes impôs restrições, como aquelas referentes aos tratamentos de pacientes idosos em hospitais. Estas regras claramente não se referem ao tratamento de saúde e talvez até o prejudiquem. Elas foram concebidas para atender a preocupações fiscais de curto prazo de empregados e do governo. Isto é, foram criadas para substituir uma abordagem diferente, mas igualmente parcial dos interesses parciais e autocentrados da área de saúde.
Este deverá ser o resultado, a não ser que a administração destas instituições do novo pluralismo reconheça como sua tarefa reconciliar a preocupação com o bem comum e a busca da missão especial que justifica a existência da instituição. Outras informações podem ser obtidas no livro As fronteiras da administração, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em:
https://administradores.com.br/artigos/administra%C3%A7%C3%A3o-a-concilia%C3%A7%C3%A3o-do-bem-comum-com-a-miss%C3%A3o-das-institui%C3%A7%C3%B5es .
Será que o novo pluralismo se sairá melhor? Uma solução seria, é claro, suprimir as instituições pluralistas. Esta é a resposta oferecida pelo totalitarismo e, efetivamente, é sua verdadeira essência. O Estado totalitário, qualquer que seja seu nome - fascista, nazista, stalinista ou maoista - , torna todas as instituições subservientes ao Estado e às suas extensões ( ou ao partido onipotente ). Isto salva o Estado da moderna teoria política, mas ao custo do sacrifício da liberdade individual, do livre pensar, da liberdade de expressão e, em suma, de qualquer limitação de poder, como professa a teoria tradicional. Mas ele somente consegue manter seu monopólio de poder com base no terror declarado, como Lenin foi o primeira a perceber. E, mesmo a este terrível custo, na realidade, não funciona muito bem. Como é sabido agora - e a experiência de todos os regimes totalitaristas é exatamente a mesma, quer se denominem de esquerda ou de direita - , as instituições pluralistas resistem por trás da fachada monolítica e somente podem ser retida sua autonomia se elas e a sociedade, em conjunto, ficarem impossibilitadas de atuar - como aconteceu, por exemplo, com os expurgos stalinistas ou a revolução cultural de Mao. Os regimes totalitaristas provaram que a sociedade moderna deve ser uma sociedade de organizações, e isso significa uma sociedade pluralista. A única escolha é se a liberdade individual deve ser mantida ou suprimida e destruída, embora como nenhum outro propósito exceto o poder explícito.
A abordagem americana é oposta àquela do totalitarismo. Os EUA - o único país entre as nações modernas - jamais aceitaram inteiramente o dogma do Estado liberal. Bem no começo de sua história, a teoria política pluralista de John C. Calhoun, a maioria convergente, chegou a se opor a ele. Da forma como Calhoun apresentou sua teoria, nos anos de mil oitocentos de trinta e mil oitocentos e quarenta, isto é, como um pluralismo exercido por meio de estados individuais e com a intenção de evitar o desmembramento da União por conta da escravatura, a maioria convergente não sobreviveu à guerra civil. Mas, trinta anos mais tarde, Mark Hanna, o fundador tanto do moderno Partido Republicano quanto da moderna política americana, reformulou o pluralismo de Calhoun como uma maioria convergente de grandes interesses: fazendeiros, trabalhadores, empresas. cada um destes três legados poderá efetivamente vetar a maioria, que não deve impor a própria vontade sobre os outros, mas deve ser capaz de evitar que estes imponham sua vontade sobre a maioria. Trinta anos mais tarde, Franklin D. Roosevelt tornou este conceito a crença política básica do New Deal. No sistema de Roosevelt, o governo se tornou o árbitro cuja função era assegurar que nenhum interesse se tornasse excessivamente poderoso. Quando ele assumiu o governo, o capital - business ( negócio empresarial ) como o termo veio mais tarde e management ( administração ) mais tarde ainda - parecia extremamente poderoso. Os fazendeiros e trabalhadores organizaram-se, então, para sublimar o poder dos negócios empresariais, isto é, das empresas. E, então, não muitos anos mais tarde, quando o poder dos trabalhadores estava aparentemente se tornando grande demais, fazendeiros e empresas se organizaram para reequilibrar o poder, e assim por diante.
Cada um dos interesses é livre para perseguir os próprios objetivos, independentemente do bem comum; e é exatamente isto que se espera deles. Nos dias mais sombrios da Segunda Guerra Mundial, em mil novecentos e quarenta e três, quando as tropas americanas ainda careciam de armas e munições, John L. Lewis, fundador do Congresso de Organizações Industriais ( isto é, um moderno unionismo americano ) e poderoso líder do sindicato dos mineiros, desafiando os controles nacionais de salários, determinou a adoção de uma greve de mineiros para conseguir maiores salários para seus homens. O presidente Roosevelt o atacou publicamente por colocar em risco a sobrevivência do país. Lewis respondeu: "O presidente dos EUA é pago para cuidar da sobrevivência da nação. Eu sou pago para cuidar dos interesses dos mineiros de carvão.". Embora os jornais tenham atacado Lewis de forma violenta, a opinião pública aparentemente acreditava que Lewis apenas dissera em voz alta aquilo que o governo vinha praticando o tempo todo. E, assim, Lewis obteve apoio suficiente para ganhar a greve.
No entanto, este exemplo demonstra que a doutrina pluralista americana dificilmente pode ser considerada adequada. Na verdade, como fez o antigo pluralismo, ela provocou o surgimento de tantos interesses absolutos e grupos de pressão que é quase impossível conduzir os negócios do governo, que dirá conduzi-lo levando em conta o bem comum.
De mil novecentos e oitenta e quatro a mil novecentos e oitenta e cinco, praticamente todos nos EUA concordavam que o país precisava de uma drástica reforma tributária que pudesse substituir um código de impostos cada vez mais complicado e irracional, com umas poucas tarifas e isenções eliminadas. Mas era impossível implementar o código. Cada isenção se tornou sagrada de interesses absolutos. E, embora alguns destes interesses representassem apenas algumas centenas ou alguns milhares de eleitores, cada um podia bloquear - e efetivamente bloqueou - a reforma tributária.
Existe uma saída? Os japoneses parecem ser os únicos, até aqui, capazes de reconciliar a sociedade de organizações e a busca do bem comum. Espera-se que os principais interesses japoneses se alinhem com o conceito de o que é bom para o país: então, espera-se que eles enquadrem o que é bom para eles neste contexto mais amplo de uma política pública criada para servir ao interesse nacional.
É duvidoso, contudo, se o Japão será capaz de manter esta abordagem no longo prazo. Ela reflete um passado em que o país se encontrou isolado em um mundo hostil e alienígena. Esta forma, o país como um todo, independentemente de interesses imediatos, precisou se unir, temeroso da desagregação. Será que esta atitude permanecerá, mesmo com o sucesso do país? E uma abordagem deste tipo teria chance de dar certo no Ocidente, onde se espera que os interesses se comportem como interesses?
O que se pergunta é: Isto seria um problema de administração? Não seria um problema político, de governo ou de filosofia política? Se a administração não enfrentá-lo, então quase inevitavelmente, haverá a imposição de uma solução política. Por exemplo, quando as instituições de tratamento de saúde americanas - hospitais e profissionais médicos - não assumiram a responsabilidade pelo aumento agudo dos custos de saúde, o governo lhes impôs restrições, como aquelas referentes aos tratamentos de pacientes idosos em hospitais. Estas regras claramente não se referem ao tratamento de saúde e talvez até o prejudiquem. Elas foram concebidas para atender a preocupações fiscais de curto prazo de empregados e do governo. Isto é, foram criadas para substituir uma abordagem diferente, mas igualmente parcial dos interesses parciais e autocentrados da área de saúde.
Este deverá ser o resultado, a não ser que a administração destas instituições do novo pluralismo reconheça como sua tarefa reconciliar a preocupação com o bem comum e a busca da missão especial que justifica a existência da instituição. Outras informações podem ser obtidas no livro As fronteiras da administração, de autoria de Peter F. Drucker.
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