As relações humanas, a segunda teoria dominante da administração do trabalhador e do trabalho, começa com os conceitos básicos certos: as pessoas querem trabalhar; e a gestão de pessoas é trabalho dos gestores, não de especialistas. Portanto, ela não é apenas um conjunto de atividades díspares. Ela também se fundamenta num pilar profundo - a ideia implícita na afirmação: "Não se pode contratar apenas a mão de obra, toda a pessoa vem com ela.".
As relações humanas reconhecem que os recursos humanos são sui generis. E enfatizam esse aspecto em contraposição a conceitos mecanicistas do indivíduo e em oposição à crença na pessoa como máquina caça-níqueis, que reponde apenas, de maneira automática, a estímulos monetários. Elas conscientizaram a administração americana do fato de que os recursos humanos requerem atitudes e métodos definidos, o que é uma grande contribuição. As relações humanas, quando começaram a tomar forma, foram uma das das grandes forças liberadoras, arrancando os antolhos que a administração vinha usando havia um século.
No entanto, as relações humanas são, ao menos na forma predominante até hoje, basicamente uma contribuição negativa. Libertaram a administração do domínio de ideias perversas, mas não as substituíram por novos conceitos.
Uma razão é a crença na motivação espontânea. Elimine o medo, o pessoal de relações humanas parece dizer, "e as pessoas trabalharão". Foi uma tremenda contribuição, quando a administração ainda achava que as pessoas sé eram motivadas pelo medo. Ainda mais importante foi o ataque implícito à premissa de que as pessoas não querem trabalhar. No entanto, aprendemos que a ausência da motivação errada não é suficiente. E quanto às motivações positivas, as relações humanas oferecem muito pouco, a não ser generalidades.
As relações humanas também carecem de foco adequado no trabalho. embora as motivações positivas devam centrar-se no trabalho e na função, as relações humanas convergem toda a ênfase para as relações interpessoais e para o grupo informal. O ponto de partida foi a psicologia individual, em vez da análise do trabalho que a pessoa faz, porquanto é o relacionamento entre os trabalhadores que determina suas atitudes, seu comportamento e sua eficácia.
Seu mote preferido, de que o trabalhador feliz é um trabalhador eficiente e produtivo, embora um epigrama, é, na melhor das hipóteses, meio verdade. O negócio da empresa não é criar felicidade, mas fazer e vender sapatos. Tampouco o trabalhador pode ser feliz em abstrato.
Apesar da ênfase na natureza social das pessoas, as relações humanas se recusam a aceitar o fato não só de que grupos organizados não são apenas extensões dos indivíduos, desenvolvendo, ao contrário, as próprias interações e dinâmicas, abrangendo questões reais e saudáveis de poder, além de conflitos, não de personalidades, mas, sim, choques objetivos de visão e de interesses; mas também de que, em outras palavras, há uma esfera política. Essa realidade transparece no medo, no quase pavor, dos sindicatos trabalhistas, que permeiam todo o trabalho da escola das relações humanas da Universidade de Harvard.
Finalmente, as relações humanas carecem de qualquer consciência da dimensão econômica do problema.
Em consequência, as relações humanas tendem a degenerar em meros slogans, que se convertem em desculpa para a não adoção de políticas e práticas gerenciais referentes à organização humana. Pior ainda, como as relações humanas começaram com a tentativa de ajustar o indivíduo desajustado à realidade ( que sempre se assume racional e real ), também se constata forte tendência manipulativa em todo o conceito. Daí decore o sério perigo de que as relações humanas descambem para um paternalismo freudiano, convertendo-se em mera ferramenta para justificar as ações administrativas, em dispositivo para vender qualquer coisa que a administração esteja fazendo. Não é á toa que se fala tanto em relações humanas a respeito de incutir no trabalhador senso de responsabilidade e tão pouco nas responsabilidades dos trabalhadores; que se enfatiza tanto o sentimento de importância dos dos trabalhadores e tão pouco a importância do trabalhador e do trabalho. Sempre que se parte da premissa de que os indivíduos precisam ser ajustados, buscam-se maneiras de controlar, de manipular e de vender-lhes algo - e nega-se implicitamente a existência de qualquer coisa em nossas ações que também precise ser ajustada. Com efeito, a popularidade das relações humanas nos Estados Unidos hoje talvez reflita, acima de tudo, a facilidade com que pode ser confundida com um xarope tranquilizante para crianças irritadiças, além de também se prestar a ser desvirtuada para explicar como irracional e emocional qualquer resistência da administração às suas políticas.
Isso não significa que tenha-se de se descartar as relações humanas. Ao contrário, seus insights são importantes alicerces para a administração da organização humana. Mas não são e edifício em si. Com efeito, são apenas parte de suas fundações. O restante do edifício ainda precisa ser construído. E se erguerá sobre base mais ampla e mais robusta que as relações humanas. E também deverá alçar-se muito acima dela. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/gestao-de-pessoas-as-relacoes-humanas-sao-um-xarope-tranquilizante-para-os-irritadicos/111988/
As relações humanas também carecem de foco adequado no trabalho. embora as motivações positivas devam centrar-se no trabalho e na função, as relações humanas convergem toda a ênfase para as relações interpessoais e para o grupo informal. O ponto de partida foi a psicologia individual, em vez da análise do trabalho que a pessoa faz, porquanto é o relacionamento entre os trabalhadores que determina suas atitudes, seu comportamento e sua eficácia.
Seu mote preferido, de que o trabalhador feliz é um trabalhador eficiente e produtivo, embora um epigrama, é, na melhor das hipóteses, meio verdade. O negócio da empresa não é criar felicidade, mas fazer e vender sapatos. Tampouco o trabalhador pode ser feliz em abstrato.
Apesar da ênfase na natureza social das pessoas, as relações humanas se recusam a aceitar o fato não só de que grupos organizados não são apenas extensões dos indivíduos, desenvolvendo, ao contrário, as próprias interações e dinâmicas, abrangendo questões reais e saudáveis de poder, além de conflitos, não de personalidades, mas, sim, choques objetivos de visão e de interesses; mas também de que, em outras palavras, há uma esfera política. Essa realidade transparece no medo, no quase pavor, dos sindicatos trabalhistas, que permeiam todo o trabalho da escola das relações humanas da Universidade de Harvard.
Finalmente, as relações humanas carecem de qualquer consciência da dimensão econômica do problema.
Em consequência, as relações humanas tendem a degenerar em meros slogans, que se convertem em desculpa para a não adoção de políticas e práticas gerenciais referentes à organização humana. Pior ainda, como as relações humanas começaram com a tentativa de ajustar o indivíduo desajustado à realidade ( que sempre se assume racional e real ), também se constata forte tendência manipulativa em todo o conceito. Daí decore o sério perigo de que as relações humanas descambem para um paternalismo freudiano, convertendo-se em mera ferramenta para justificar as ações administrativas, em dispositivo para vender qualquer coisa que a administração esteja fazendo. Não é á toa que se fala tanto em relações humanas a respeito de incutir no trabalhador senso de responsabilidade e tão pouco nas responsabilidades dos trabalhadores; que se enfatiza tanto o sentimento de importância dos dos trabalhadores e tão pouco a importância do trabalhador e do trabalho. Sempre que se parte da premissa de que os indivíduos precisam ser ajustados, buscam-se maneiras de controlar, de manipular e de vender-lhes algo - e nega-se implicitamente a existência de qualquer coisa em nossas ações que também precise ser ajustada. Com efeito, a popularidade das relações humanas nos Estados Unidos hoje talvez reflita, acima de tudo, a facilidade com que pode ser confundida com um xarope tranquilizante para crianças irritadiças, além de também se prestar a ser desvirtuada para explicar como irracional e emocional qualquer resistência da administração às suas políticas.
Isso não significa que tenha-se de se descartar as relações humanas. Ao contrário, seus insights são importantes alicerces para a administração da organização humana. Mas não são e edifício em si. Com efeito, são apenas parte de suas fundações. O restante do edifício ainda precisa ser construído. E se erguerá sobre base mais ampla e mais robusta que as relações humanas. E também deverá alçar-se muito acima dela. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/gestao-de-pessoas-as-relacoes-humanas-sao-um-xarope-tranquilizante-para-os-irritadicos/111988/
Nenhum comentário:
Postar um comentário