A limpeza do meio ambiente requer esforço constante e determinado com metas e prazos bem definidos. Ela exige, acima de tudo, concentração de esforços. Até agora, tem havido uma difusão quase completa. Tem havido tentativas de se fazer um pouco de tudo ( e tem sido tentado fazê-lo em manchetes de jornais ), quando o que seria necessário seria primeiro o esboço de uma lista de prioridades na ordem alfabética.
Em primeiro lugar nesta lista, estariam algumas tarefas pequenas, mas claramente definíveis e altamente visíveis, que poderiam ser realizadas de forma bastante rápida sem demandar recursos importantes. A remoção do risco de envenenamento por chumbo em velhos cortiços poderia ser uma destas ações prioritárias. O que fazer é bem conhecido: eliminar a pintura antiga. Uma quantidade significativa de adolescentes negros desempregados poderia ser facilmente recrutada para tal.
Quando forem alcançados sucessos visíveis, começa a tarefa real de estabelecimento de prioridades. Aí então, poder-se-ia perguntar:
1) Quais são os maiores problemas que é possível resolver? e
2) Quais são aqueles realmente grandes que ainda não é possível resolver?.
A limpeza do ar deveria provavelmente encabeçar a primeira lista. é um problema mundial, que está se tornando pior. Não são conhecidas todas as respostas, mas há a competência tecnológica para lidar com a maioria dos problemas atuais de poluição do ar. Dentro de dez anos, haverá resultados reais para mostrar em função dos esforços envidados.
Dentro de dez anos, também haverá a obtenção resultados importantes na limpeza a água em torno de grandes cidades industriais e haverá uma redução ( ou até mesmo a interrupção ) da imensa poluição dos oceanos, principalmente em águas próximas a cidades costeiras.
Em termos de prioridades de pesquisa, a sugestão de Peter Ferdinand Drucker é que a primeira tarefa consista em no desenvolvimento de métodos de controle de natalidade mais baratos, mais eficazes e mais aceitáveis para povos de todas as culturas do que tudo que se possui até o momento. Em segundo lugar, é preciso aprender como produzir energia elétrica sem poluição térmica. Uma terceira prioridade é conceber formas de aumentar as colheitas para uma população mundial em rápido crescimento sem, ao mesmo tempo, causar danos ecológicos irreversíveis através de pesticidas, herbicidas e fertilizantes químicos.
Até que se tenha obtido estas respostas, é de se acreditar que o melhor a fazer é a continuidade da construção de usinas elétricas e plantando alimentos com a ajuda de fertilizantes e produtos químicos para controle de insetos, como e feito hoje. Os riscos são bem conhecidos, graças aos ambientalistas. Se eles não tivessem gerado consciência geral do público sobre crise ecológica, não se teria a menor chance. Mas esta consciência, por si só, não é suficiente. Manifestos incendiários e profecias de destruição não ajudam muito, e a busca de bodes expiatórios só pode piorar a situação.
É preciso agora de um programa de ação coerente de longo alcance e educação do povo e dos legisladores sobre os passos necessários para a realização disto. É preciso haver um reconhecimento ( e é necessária a ajuda dos ambientalistas nesta tarefa ) que não é possível fazer tudo ao mesmo tempo: que escolhas dolorosas precisam ser feitas, o mais breve possível, sobre o que enfrentar primeiro; e que cada decisão riscos e custos elevados, tanto em dinheiro quanto em vidas humanas. Em geral, estas decisões se situam no nível da consciência, assim como no nível econômico. Seria melhor, por exemplo, correr o risco da fome ou correr o risco da poluição global do solo e da água? Qualquer caminho que for adotado envolverá muita experimentação; e isto significa que haverá alguns fracassos. Qualquer caminho também demandará sacrifícios, muitas vezes daqueles menos capazes de suportá-los: os países pobres, subdesenvolvidos e com população menos qualificada. Para ter sucesso, a cruzada ambiental precisa do apoio de todos os grandes grupos da sociedade e da mobilização de todos os recursos, materiais e intelectuais, por anos de esforço lento, difícil e muitas vezes desestimulante.
Caso contrário, ela não apenas fracassará: ela dividirá, no processo, as sociedades nacionais e internacionais em facções em conflito.
Agora que tiveram sucesso em despertar a sociedade para o perigo ecológico, é de se esperar que os ambientalistas concentrem suas energias na segunda tarefa mais difícil: educar o povo a aceitar as escolhas em que haverá a necessidade de um enfrentamento e a sustentação de um esforço mundial para levar a cabo as decisões resultantes. O tempo para sensacionalismos e manifestos está prestes a terminar: agora é preciso de análise rigorosa, união de esforços e muito trabalho. Outras informações podem ser obtidas no livro Rumo à nova economia, de autoria de Peter F. Drucker.
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