sexta-feira, 20 de abril de 2018

Entropia: as empresas tendem a degenerar da liderança para a mediocridade

Os resultados econômicos são obtidos apenas por meio da liderança, não por mera competência. O lucro é a recompensa pela singularidade, ou ao menos pela diferenciação, das contribuições em áreas importantes. E o que é significativo é decidido pelo mercado e pelos clientes. O lucro é obtido pelo fornecimento de algo que o mercado aceita como valor e pelo qual está disposto a pagar. E o valor sempre implica o extra que destaca um produto de outros, o diferencial que lhe confere o atributo efêmero da liderança. O monopólio genuíno, animal tão mitológico quanto o unicórnio (salvo os resultantes de imposições políticas, ou seja, os monopólios estatais, do que o cartel dos países exportadores de petróleo talvez seja o exemplo mais notório), é a única exceção.

Isso não significa que a empresa em si deva ser gigante no se tornem que tenha de ser a primeira em toda linha de produto, em todo mercado ou em toda tecnologia que componha suas atividades. Tamanho não significa liderança. Em muitos setores, a maior empresa não é de modo algum a mais lucrativa, uma vez que precisa manter linhas de produtos, abastecer mercados e aplicar tecnologias onde nem sempre é capaz de se destacar pelo diferencial, para não falar em cultivar a singularidade. O segundo lugar, ou até o terceiro lugar, em geral é preferível, pois possibilita a concentração em um segmento no mercado, em um tipo de cliente, em uma aplicação da tecnologia, onde exercer liderança genuína. Com efeito, a crença de muitas empresas de que poderiam - ou deveriam - exercer liderança em todas as áreas do respectivo mercado ou setor é um grande obstáculo à conquista da liderança, pois leva essas empresas a dispersar seus recursos - quando o desempenho exige concentração.

Mas uma empresa que almeja resultados econômicos precisa exercer liderança em algo de valor real para um cliente ou mercado. Pode ser em algum aspecto estreito, mas importante, da linha de produto, nos serviços, na distribuição ou na capacidade de converter ideias em produtos vendáveis no mercado, com rapidez e a baixo custo.

Se não exercer esse tipo de liderança, a empresa, o produto ou o serviço tornam-se marginais. Até pode parecer líder, deter grande fatia do mercado, exercer todo o peso resultante do impulso, da história e da tradição. Mas o marginal é incapaz de sobreviver no longo prazo, quanto mais gerar lucros. O marginal vive com os dias contados. Depende da acomodação e da inércia dos concorrentes. Mais cedo ou mais tarde, quando a bonança acaba, será espremido pelo mercado.

Qualquer posição de liderança é transitória e tende a ser efêmera. Nenhuma empresa está segura para sempre na posição de liderança. O mercado, que gera os resultados, e o conhecimento, que é o recurso, são acessíveis a todos. Nenhuma posição de liderança é mais que uma vantagem temporária. Isso realmente significa que o lucro resulta apenas da vantagem do inovador e, portanto, desaparece assim que a inovação se torna rotina. Nas empresas (como nos sistemas físicos) a energia sempre tende à difusão. As empresas tendem a degenerar da liderança para a mediocridade. E o medíocre está a três quartos do percurso para a marginalidade. E os resultados sempre derivam da geração de lucro para, na melhor das hipóteses, remunerar os fatores, que é tudo o que vale a competência.

Portanto, compete ao gestor reverter a deriva normal. Incumbe-lhe concentrar a empresa nas oportunidades e afastá-la dos problemas, para recriar a liderança e opor-se à mediocridade, para substituir a inércia e o impulso por nova energia e nova direção. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.

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http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/entropia-as-empresas-tendem-a-degenerar-da-lideranca-para-a-mediocridade/110189/

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