Lucro não é causa, mas resultado - resultado do desempenho da empresa em marketing, em inovação e em produtividade. resultado necessário, que exerce funções econômicas essenciais. O lucro é, primeiro, teste de desempenho - o único teste eficaz, como os comunistas na Rússia logo descobriram quando tentaram aboli-lo no começo da década de vinte (embora, recatadamente, passassem a denominá-lo fundos de capital, para evitar o "palavrão", ainda em plena década de cinquenta).
o lucro tem uma segunda função igualmente importante. É o prêmio pelo risco da incerteza. A atividade econômica, por ser atividade, se concentra no futuro; e a única coisa certa sobre o futuro é a incerteza, são os riscos. A palavra "risco", em si significaria, segundo se comenta, "ganhar o pão de cada dia", em árabe original. É assumindo riscos que as pessoas de negócios ganham o pão de cada dia. Como a atividade de negócios é econômica, sempre tenta gerar mudanças. Ela sempre serra o galho em que está sentada; ela torna mais arriscados os riscos existentes e cria novos riscos.
O futuro da atividade econômica é longo; pode demorar quinze ou vinte anos para que a decisão básica se torne plenamente eficaz e para que grandes investimentos gerem retornos. No entanto, apesar de não se saber nada sobre o futuro, há a consciência de que seus riscos aumentam em progressão geométrica, quanto mais se aprofunda nele.
O lucro - e só o lucro - é capaz de fornecer capital para os empregos do futuro, tanto para mais empregos quanto para melhores empregos.
Mais uma vez, uma definição de progresso econômico é o aumento dos investimentos necessários para a criação de novos empregos.
Os contadores ou os engenheiros de hoje não vivem melhor que seus avós nas fazendas porque trabalham mais. O trabalho deles hoje é muito menos árduo. Tampouco merecem viver com mais conforto porque são melhores que os seus avós. Eles são tão seres humanos quanto os avós, e tanto quanto os avós dos avós em passado mais remoto. Os contadores e os engenheiros de hoje podem receber remunerações muito mais altas e trabalhar muito menos porque os investimentos de capital, neles e em seus trabalhos, são infinitamente maiores que os efetuados em seus avós e nas respectivas atividades. No ano de mil e novecentos, na época de seus avós, os investimentos de capital por agricultor americano era de no máximo cinco mil dólares. Para produzir contadores e engenheiros, a sociedade primeiro investe pelo menos cinquenta mil dólares em capital e despesas com escolaridade e educação. Depois, o empregador investe mais vinte e cinco mil dólares ou cinquenta mil dólares por empregado. Todos esses investimentos que possibilitam mais e melhores empregos decorrem do superávit da produção econômica, ou seja, pela diferença entre o valor e o custo de produção da atividade econômica.
Hoje, os empresários tendem a expressar sentimento de culpa em relação ao lucro, em tom escusatório, o que demonstra como explicam mal o lucro - principalmente para si mesmos. Pois não há justificativa e razão para o lucro quando se comete a besteira de se referir à motivação do lucro e à maximização do lucro.
Não há por que pedir desculpas, pois o lucro é necessidade da economia e da sociedade. Ao contrário, os empresários devem sentir-se culpados e devem desculpar-se quando não geram lucro adequado para o exercício das funções econômicas e sociais que só o lucro é capaz de levar a bom termo.
Walther Rathenau (que viveu entre mil oitocentos e sessenta e sete e mil novecentos e vinte e dois), executivo, estadista e filósofo social, que refletiu mais profundamente que qualquer outro ocidental de sua época sobre a responsabilidade social das empresas, propôs a substituição da palavra lucro por responsabilidade. O lucro, sem dúvida, não é a única responsabilidade das empresas, mas é a primeira. A empresa que não gera lucro adequado põe em perigo tanto a integridade dos recursos que lhe foram confiados quando a capacidade econômica de crescer. Não faz jus à confiança de que foi objeto.
No mínimo dos mínimos, o empreendimento de negócios precisa gerar um mínimo de lucro: o lucro necessário para cobrir seus próprios riscos futuros, o lucro necessário para possibilitar sua sobrevivência e para preservar a capacidade de geração de riqueza de seus recursos. Esse lucro mínimo indispensável afeta o comportamento empresarial e as decisões empresariais - em ambos os casos, estabelecendo limites e testando sua validade. A administração exercer suas próprias atividades, precisa de um objetivo de lucro pelo menos igual ao lucro mínimo necessário, e de critérios para avaliar o desempenho do lucro em comparação com as necessidades.
O que, então, significa administrar uma empresa? Com base na análise da atividade empresarial, como a criação de clientes por meio de marketing e da inovação, conclui-se que administrar uma empresa deve ser sempre uma atividade empreendedora pela própria natureza. A ação administrativa é indispensável, mas é consequência dos objetivos do empreendimento. A estrutura segue a estratégia.
Também se conclui que administrar uma empresa deve ser uma atividade criativa, em vez de adaptativa. Quanto mais os gestores criam condições econômicas, ou as transformam, em vez de adaptar-se passivamente às circunstâncias, mais estão no manejo do empreendimento.
Porém, uma análise da natureza do negócio também mostra que a administração, embora seu teste definitivo seja o desempenho em si, é uma atividade racional. Concretamente, isso significa que a empresa deve estabelecer objetivos que expressem o que se almeja realizar em vez de acomodar-se com o possível (como implica a teoria da maximização do lucro). Depois que se definem os objetivos com os olhos fixos no desejável, aí sim pode-se levantar a questão das concessões ao possível. Esse processo exige que a administração defina o negócio em que atua e o negócio em que deve atuar. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.
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