A identificação das atividades-chave e a
análise de suas contribuições definem os blocos de construção das organizações.
Mas o encaixe das unidades estruturais que compõem a organização exige
trabalhos adicionais: um deles, a análise das relações.
Quais decisões são necessárias
para se alcançar o desempenho indispensável à realização dos objetivos? Que
tipos de decisões são essas? Em que nível da organização se devem tomar essas
decisões? Que atividades são envolvidas ou são afetadas por elas? Portanto,
quais gestores devem participar das decisões - ou ao menos serem consultados
antecipadamente? Que gestores devem ser informados posteriormente? As respostas
a essas perguntas determinam em grande parte onde realizar certo trabalho. Há
quem argumente ser impossível tomar os tipos de decisões necessárias no futuro.
No entanto, embora não se possa prever seu conteúdo, os tipos e os temas das
decisões são altamente previsíveis.
Numa grande empresa, mais de
noventa por cento das decisões que os gestores tiveram de tomar ao longo de um
período de cinco anos foram consideradas típicas e se enquadraram em poucas
categorias. Apenas em poucos casos teria sido necessário indagar "Onde
tomar essa decisão?", caso se tivesse refletido sobre o problema
antecipadamente. No entanto, como não houve análise da decisão, quase três
quartos das decisões tiveram de sair em busca de uma casa, nos termos da frase
pictórica difundida na empresa, e a maioria galgou níveis organizacionais muito
mais altos que o necessário. Os componentes da empresa foram localizados de
acordo com o tamanho da folha de pagamento, e não conforme a responsabilidade
pela decisão, de modo que as atividades que deveriam ter tomado decisões-chave
foram colocadas tão baixo na hierarquia que não tinham autoridade nem dispunham
de informações adequadas.
Distribuir a responsabilidade e a
autoridade por vários tipos de decisões exige que, primeiro elas sejam
classificadas de acordo com o tipo e caráter. No entanto, classificações
comuns, como decisões políticas e decisões operacionais, não fazem sentido na
prática, além de suscitarem debates infindáveis, altamente obscuros. Não muito
mais úteis são as classificações com fundamento nos valores monetários
envolvidos.
Quatro são as características básicas que
determinam a natureza de qualquer decisão empresarial.
A primeira é o grau de futuridade da
decisão. Durante quanto tempo no futuro a decisão compromete a empresa? Com que
rapidez ela poderá ser revertida?
Os compradores da Sears, Roebuck praticamente
não estão sujeitos a limites quanto às quantias com que comprometem a empresa.
Mas nenhum comprador ou supervisor de compras pode abandonar um produto
existente ou acrescentar um novo produto sem a aprovação do chefe de toda a
operação de compras, que, tradicionalmente, é o segundo ou o terceiro executivo
mais importante em toda a organização.
O segundo critério é o impacto da decisão
em outras funções, em outras áreas ou na empresa como um todo. Se ela afeta só
uma função, é do nível mais baixo. Do contrário, deverá ser tomada em nível
mais alto, onde se pode considerar o impacto sobre todas as funções afetadas.
Para usar o jargão técnico, não se deve alcançar a otimização do processo ou do
desempenho de uma função ou área em detrimento de outras ou área; isso seria
uma subotimização indesejável.
Exemplo de uma decisão que parece
puramente técnica, afetando apenas uma área, mas que, na verdade, impacta
muitas outras, é a mudança nos métodos de manter peças e componentes em estoque,
numa fábrica de produção em massa. Nesse caso, o impacto afeta todas as
operações de fabricação, tornando necessárias grandes mudanças na montagem.
Também influencia a entrega aos clientes – pode até acarretar alterações
radicais no marketing e na precificação, como o abandono de certos desenhos e
modelos, bem como de alguns preços premium. E talvez até demande transformações
substanciais no projeto de engenharia. Os problemas técnicos da gestão de
estoques – embora consideráveis – esmaecem em complexidade quando comprados
como as dificuldades em outras áreas que podem ser afetadas pelas mudanças de
critério na manutenção de estoques. Otimizar a gestão de estoques à expensa de
outras áreas não é admissível, mas é algo que só será evitado caso se reconheça
a decisão como de alto nível e se considere seu potencial de impactar todo o
processo: ou se a restringe a um escalão gerencial superior ao da fábrica ou se
a torna dependente de um amplo processo de consulta entre todos os gerentes
funcionais.
A consideração do impacto da decisão e a
necessidade de evitar subotimização podem mudar substancialmente o foco da
decisão, como mostram os exemplos a seguir.
Nos primeiros dias da Du Pont Company,
quando a empresa não passava de um fabricante de explosivos, a empresa era de
longe o maior comprador de nitrato, sem, contudo, possuir campos de nitrato. No
entanto, o departamento de compras desfrutava de total liberdade na compra de
nitrato. E realmente o fazia com muito sucesso, do ponto de vista de compras.
Comprava nitrato quando os preços de mercado estavam baixos e conseguia a
matéria-prima vital para a empresa a preços muito abaixo dos obtidos pelos
concorrentes. No entanto, isso era subotimização, pois os baixos preços do
nitrato e a consequente vantagem competitiva em termo de custo eram pagos pelo
carregamento de grandes somas nos estoques. Para começar, o resultado era que
boa parte da vantagem de custo decorrente dos preços baixos do nitrato era
ilusória e compensada pelos altos pagamentos de juros. Ainda mais sério, também
significava que a empresa, no caso de queda na atividade econômica, poderia
ver-se em crise de liquidez. Portanto, a decisão de equilibrar os baixos preços
da matéria-prima com o custo do dinheiro e com o perigo de iliquidez foi
reconhecida como de competência exclusiva da alta administração. Porém, depois
da definição dos novos níveis de estoque, as decisões de compra de novo se
tornaram atribuição exclusiva do pessoal de compras.
A natureza da decisão também é determinada
pelo número de fatores qualificativos que a influenciam: princípios básicos de
conduta, valores éticos, crenças sociais e políticas etc. No momento em que
também se devem levar em conta aspectos de valor, a decisão se transfere para
níveis ainda mais altos e exige determinação ou análise de escopo mais amplo. E
o mais importante e o mais comum dos fatores qualitativos são os seres humanos.
Finalmente, as decisões podem ser
classificadas de acordo com a frequência, ou seja, se são recorrentes ou raras,
se são únicas. As decisões recorrentes exigem a adoção de uma regra geral, ou
seja, um princípio decisório. Como a suspensão de um empregado envolve pessoas,
a norma deve ser decidida em nível muito alto na organização. Porém, a
aplicação da norma a casos específicos, embora também seja uma decisão, pode
ser atribuída a um nível muito mais baixo.
Mais em
http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/processo-decisorio-decisoes-tipicas-e-experiencia/111662/
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