O último grupo de atividades, de acordo com suas contribuições, são as de higiene e arrumação da casa. Elas devem ser mantidas separadas de outros trabalhos, ou não serão executadas. O problema não é que essas atividades sejam sobremodo difíceis. Algumas são. Muitas outras, não. O problema é que não se relacionam nem indiretamente com os resultados. Portanto, tendem a ser subestimadas pelo resto da organização. São trabalho de "burro", pois não são nem produtoras de resultados nem trabalho profissional.
Uma razão para o grande aumento nos custos da assistência médica nos Estados Unidos é a negligência gerencial em relação aos serviços de hotelaria pelas pessoas que dominam o hospital, como médicos e paramédicos. Todos sabem que os serviços de hotelaria são essenciais e que os pacientes não se sentirão bem se não desfrutarem de condições razoavelmente confortáveis, se não forem bem alimentados, se não estiverem em camas asseadas e em quartos limpos. Mas essas não são atividades profissionais para os médicos, para as enfermeiras, para os técnicos em radiologia. Esses profissionais não estão dispostos a ceder um centímetro para facilitar o trabalho das pessoas responsáveis pelos serviços de hotelaria. Elas relutam em permitir que essas atividades sejam representadas nos níveis superiores da administração hospitalar. Em consequência, nenhum gestor respeitável no hospital se dispõe a ter algo a ver com essas atividades. elas ficam acéfalas, sem gerenciamento. E, por conseguinte, são ineficazes e perdulárias.
Raramente ocorre o mesmo problema com o departamento médico de uma empresa - quanto mais não seja porque o atual sistema de valores respeita e valoriza o médico na hierarquia social. No entanto, mesmo funções tão importantes quanto a escolha da localização da fábrica ou a construção de nova unidade produtiva não raro são consideradas exógenas pelos gestores. Atividades em que os cacifes parecem menores, seja o estacionamento, o refeitório ou a manutenção, em geral, tendem a menosprezadas e negligenciadas.
Esse desprezo se aplica até as atividades em que muito dinheiro está em jogo. Poucas empresas nos Estados Unidos, por exemplo, podem gabar-se de desempenho ao menos adequado na gestão dos fundos de pensão dos empregados, não obstante as enormes quantias envolvidas e o imenso impacto sobre o futuro da empresa.
É uma atividade que, aparentemente, não tem relação alguma com os resultados e que, portanto, tende a ser relegada. Uma saída é entregar as atividades de higiene e de arrumação da casa à comunidade de trabalho. Essas são atividades para os empregados e, portanto, serão mais bem gerenciadas pelos empregados. Ou podem ser terceirizadas para alguém cujo negócio seja dirigir fundos de pensão ou gerenciar refeitórios.
Porém, na medida em que a administração da empresa precisa executar ela mesma essas atividades - e em que a escolha da localização e a construção da fábrica sejam trabalhos a serem feitos pela própria empresa, ou ao menos dos quais deve participar ativamente - , as atividades de higiene e de arrumação da casa devem ser mantidas separadas de todas as outras. elas exigem pessoas diferentes, valores diferentes e critérios de avaliação diferentes - e devem requerer menos supervisão pela administração da empresa em si.
Um exemplo são as administradoras de imóveis autônomas, que as grandes empresas constituíram para lidar com tudo o que se relacionar com a procura de imóveis de imóveis, a construção e prédios ou fábricas e a administração e manutenção de edifícios. Outro exemplo é a administração de serviços gerais do governo dos Estados Unidos, que trata das tarefas de arrumação da casa de todos os órgãos federais. Para os membros seniores dos departamentos (ministérios) do governo federal, o gerenciamento das frotas de automóveis é tarefa pela qual não têm nem interesse nem respeito. No entanto, é obvio que o trabalho envolve altas quantias - e que as frotas exigem compras organizadas e sistemáticas, bem como manutenção organizada e sistemática. Para a administração de serviços gerais, a administração da frota de automóveis do governo é um negócio que pode ser organizado como tal.
Em tudo isso existe uma regra geral. Atividades que dão o mesmo tipo de contribuição podem ser reunidas em um componente, sob administração única, não importa qual seja especialização técnica. Atividades que não dão o mesmo tipo e contribuição, de modo geral, não se encaixam umas com as outras.
É inteiramente factível - e, não raro, é a melhor alternativa - reunir todas as atividades de assessoria e ensino, nas áreas de pessoal, de fabricação, de marketing ou de compras, em um grupo de serviços, sob um mesmo gestor. Do mesmo modo, em qualquer empresa, a não ser nas grandes, uma pessoa pode ser, muito bem, a consciência da empresa, em grandes áreas de conscientização. Contribuições, em vez de habilidade, determinam a função. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.
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