quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Responsabilidade social: a cidadania nas ações comunitárias

Inúmeros sermões já foram proferidos  e impressos sobre a ética das empresas ou sobre a ética dos empresários. A maioria nada tem a ver com empresas e pouco a ver com ética.

Um dos principais tópicos é simplesmente a honestidade do dia a dia. As pessoas nas empresas, dizem solenemente, não devem enganar, roubar, mentir, subornar ou aceitar subornos. Assim como nenhuma outra pessoa. Os homens e mulheres não se isentam das regras comuns de comportamento pessoal apenas em razão de seu trabalho ou emprego. Nem deixam de ser humanos quando são nomeados vice-presidentes, gestor da cidade ou mesmo reitor de universidade. E sempre houve numerosas pessoas que enganam, roubam, mentem ou aceitam subornos. O problema é de valores morais e de educação moral, do indivíduo, da família, da escola. Mas não há ética específica das empresas, nem é necessário que haja.

Basta infligir punições rigorosas a quem - executivo de empresa ou qualquer outra pessoa - ceder à tentação. Na Inglaterra, os magistrados ainda tendem a cominar penas mais severas aos motoristas bêbados que tiverem frequentado uma das bem conceituadas escolas públicas ou universidades de Oxford e Cambridge. E a condenação ainda merece manchete nos principais jornais: "Ex-alunos de Eton condenado por dirigir bêbado.". Ninguém espera que a educação de Eton produza líderes abstêmios. Mas ainda é uma insígnia e honra, se não um privilégio. E não tratar os portadores desta insígnia com mais rigor que o trabalhador comum ofenderia o senso de justiça da comunidade. Mas ninguém atribuiria o problema à ética do formado por Eton.

O outro tema comum na discussão sobre a ética nas empresas nada tem a ver com ética.

Coisas como a contratação de garotas de programa para entreter clientes não é questão de ética, mas de estética. "Será que eu quero ver um proxeneta ao olhar-me no espelho, enquanto faço a barba?", esta é a pergunta mais adequada.

De fato, seria bom ter líderes escrupulosos. Infelizmente, a escrupulosidade nunca prevaleceu entre os líderes, sejam reis ou condes, clérigos ou generais ou até intelectuais, como os pintores ou humanistas da Renascença ou os literati da tradição chinesa. Tudo o que uma pessoa escrupulosa pode fazer é afastar-se de atividades que violem seu autorrespeito e bom gosto.

Ultimamente, estes dos temas de homilias foram enriquecidos por um terceiro, sobretudo nos Estados Unidos: os gestores, dizem, tem a responsabilidade ética de assumir papel proativo e construtivo na sociedade, de servir às causas comunitárias, de dedicar parte de seu tempo a atividades comunitárias, e assim por diante.

Em muitos países, estas atividades comunitárias não se encaixam nos costumes; Japão e França são exemplos. Mas onde a comunidade tem tradição de voluntarismo - ou seja, sobretudo nos Estados Unidos - os gestores devem ser encorajados a participar e a assumir a liderança em assuntos comunitários e em organizações comunitárias. No entanto, estas atividades nunca devem ser impostas nem eles devem ser avaliados, recompensados ou promovidos de acordo com sua participação em atividades voluntárias. Obrigar ou de alguma maneira induzir os gestores a participar destes trabalhos é abuso do poder organizacional e, portanto, conduta ilegítima.

Uma exceção seriam os gestores de empresas em que as atividades comunitárias são realmente parte de suas atribuições. Os gerentes locais de empresas telefônicas, por exemplo, participam de atividades comunitárias como parte de seus deveres gerenciais e como representantes locais de relações públicas da empresa. Também é assim com os gerentes de uma loja local da Sears, Roebuck. E os corretores imobiliários locais que participam de numerosas atividades comunitárias e almoçam todos os dias em diferentes clubes de serviços sabem muito bem que não estão servindo à comunidade, mas promovendo o próprio negócio e caçando clientes em potencial.

Porém, embora desejável, a participação de gestores na comunidade não tem nada a ver com a ética, muito menos com responsabilidade. é a contribuição de um indivíduo, na condição de vizinho e cidadão. E é algo que se situa fora dos escopo do trabalho e da responsabilidade gerencial. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.

Mais em

http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/responsabilidade-social-a-etica-concorrencial-nas-acoes-comunitarias/113532/  

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