A sociedade livre moderna se apoia em três fundamentos: governo local autônomo em oposição à burocracia centralizada do absolutismo iluminado; autonomia da ciência como valor independente e como investigação intelectual autônoma; e pluralismo na esfera econômica, em que instituições autônomas que se autorregulam na busca de sua própria missão promovam bem-estar econômico. Os três são independentes.
Dos três, a indústria mostrou-se capaz de sobreviver ainda que a sociedade livre seja extinta. Nas sociedades mais totalitárias, a unidade econômica ( isto é, a administração da indústria ) ainda é autônoma. Sempre que um tirano moderno tentou subordinar as instituições econômicas ao Partido todo-poderoso, fracassou ( e rapidamente ). Os sucessores de Stalin aprenderam esta lição, da mesma forma que atualmente os sucessores de Mao Tsé Tung na China.
A ciência, em comparação, se mostrou frágil, facilmente subordinada à tirania, sujeita ao controle dogmático do pensamento e facilmente absorvida pelo aparato burocrático de um sistema totalitário. Em outras palavras, a ciência tem mais em jogo na sobrevivência de uma indústria autônoma que se autorregula do que a indústria tem na sobrevivência de uma ciência autônoma que se autorregula.
A deterioração do relacionamento ciência / indústria pode ser apenas um sintoma de mudanças bem mais profundas na visão de mundo bem abaixo da superfície. Mas a mudança é em si um sintoma perigoso, perturbador e doloroso que merece ser tratado.
Talvez ainda mais necessária seja uma atitude de responsabilidade por parte da ciência. Não é mais admissível aos aos cientistas descartarem a difícil questão dos resultados que os leigos esperam do esforço e da pesquisa científica. Dizer, como os cientistas estão habituados a fazer, que o conhecimento científico é seu próprio resultado para além da avaliação ou da medição poderia ser justificado quando a ciência era uma atividade marginal. Pois este é um argumento para justificar um pequeno luxo ou uma inofensiva autoindulgência. É possível que nunca haja capacidade de se medir resultados científicos, muito menos planejá-los. No entanto, a ciência pode ( e deve ) ser capaz de dizer o que se esperar dela, o que antecipar e como julgar. é improvável que a ciência seja mensurável. Mas ela deve prestar contas.
Esta mudança de atitude pode não curar algo. Mas permitirá que a ciência, a indústria e o governo funcionem melhor e de forma mais produtiva. A iniciativa claramente cabe à ciência. Talvez nunca seja possível conseguir o descobrimento do complexo relacionamento entre ciência, tecnologia e inovação, seja na economia, educação ou saúde. Mas é preciso enfatizar que o cientista tem participação no relacionamento e em sua produtividade.
Mas a indústria e as autoridades no governo também precisam mudar suas atitudes e corrigir sua visão. Eles sabem que menosprezar a pesquisa e o trabalho em longo prazo é perigoso e pode até mesmo ser suicida. O meio para se converter este conhecimento em ação é o abandono sistemático do obsoleto, do antiquado, do que não é mais produtivo. em poucas empresas, isto é compreendido. Nelas, cada produto, cada tecnologia, cada processo é considerado algo que está se tornando obsoleto. Resta uma única questão: "Com que rapidez?" E, sem seguida, tenta-se avaliar a quantidade do novo, especialmente da nova ciência e da nova tecnologia necessárias para preencher a lacuna, aceitando que, de cada três eixos principais de inovação, um, no máximo, provavelmente cumprirá sua promessa. Porém, na maioria das empresas isto ainda é apenas algo que se conversa a respeito ( se não algo que se resista bravamente como uma ameaça ). Muitas empresas, e praticamente todos os governos, parecem acreditar que o passado deva durar para sempre.
A relação tradicional entre ciência e seus clientes no sistema econômico e governamental se baseou em respeito mútuo e compreensão, e em uma percepção aguçada da interdependência. A ciência americana, por exemplo, precisa efetuar um retorno a estes valores, ainda que atualmente pareçam antiquados. Outras informações podem ser obtidas no livro Rumo à nova economia, de autoria de Peter F. Drucker.
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