A execução do trabalho é a atividade do trabalhador; é a atividade do ser humano e parte essencial da humanidade. Ela não tem lógica. Tem dinâmica e dimensões. A execução do trabalho tem ao menos cinco dimensões. Em todas elas, o trabalhador precisa realizar para ser produtivo.
Em todas as organizações modernas, há o que se poderia chamar de a sexta dimensão da execução do trabalho: a necessidade de autoridade em relação à partilha econômica.
Poder e economia estão interligados de forma interligados de forma inextrincável na organização moderna, em em organização de negócios, em órgãos públicos, em universidades ou em hospitais. A distribuição das recompensas econômicas entre os membros das instituições exige um órgão central de autoridade, com poder de decisão.
A razão não é o capitalismo ou qualquer outro ismo. É o fato fundamental de que as instituições modernas são órgãos da sociedade, que existem para oferecer satisfações fora de si mesmas. portanto, devem auferir suas receitas no ambiente externo - dos clientes, no mercado; dos pagadores de impostos, por meio de uma autoridade arrecadadora; ou de pagamentos predeterminados pelos usuários de serviços, como os pacientes em hospitais, os alunos em universidades. Ao mesmo tempo, a contribuição do membro individual das instituições não pode relacionar-se diretamente com a receita. É impossível definir exatamente a contribuição de cada empregado para as vendas de uma empresa, seja o CEO, seja o faxineiro. O mesmo se aplica ao hospital ou à universidade. Será que o grande sábio da antiga China, com seis discípulos, contribui mais ou menos que o professor assistente de literatura inglesa, que leciona numa turma de cento e cinquenta calouros? E quanto ao reitor? O que se pode afirmar é que a contribuição de todos, na teoria, é indispensável, embora a contribuição de todos não entre necessariamente em todos os produtos ou serviços, assim como as contribuições de cada um não são iguais em importância, qualificações e dificuldade.
Portanto, necessita-se de autoridade que divida a receita disponível entre os membros. A organização em si, seja um empreendimento de negócios, seja uma instituição de serviços públicos, é, necessariamente, um sistema distributivo.
Quando as contribuições são simples, semelhantes e pouco numerosas, é possível a redistribuição na base da igualdade total. Esse é o caso, por exemplo, do kibbutz israelense, onde todos trabalham na fazenda, produzindo muito poucos produtos, a maioria para consumo interno, ou seja, para a autossuficiência básica. Mas, no momento em que o kibbuts entra em produção industrial, como, na realidade, ocorreu com muitos, abandona-se o princípio do socialismo primitivo em que se baseava e sob o qual todos recebiam exatamente o mesmo. E ele se transforma em empregador.
O simples fato de que os resultados das instituições modernas sempre se situarem no contexto externo e, portanto, as recompensas econômicas para seus membros provirem do exterior, não sendo determinadas no âmbito interno, leva, inevitavelmente, ao poder e à autoridade. Com efeito, cria duas relações de poder. Há uma relação de poder entre a administração e o trabalho. Porém, os vários grupos que compõem a força de trabalho, embora mantenham relações de poder comuns com a administração, também travam aguda e intensa competição uns com os outros, por suas participações relativas no produto total disponível para distribuição interna.
Entretanto, se os últimos cem anos ensinaram alguma coisa, foi que o problema de distribuição é genérico, não histórico. Não há como resolvê-lo por manipulação. É preciso decidir como dividir a receita disponível, oriunda do exterior, entre os membros no interior da organização. No momento em que a instituição, empresa, hospital ou qualquer outra organização produz mais que algumas mercadoria simples, destinadas principalmente ao consumo dentro do grupo, a relação entre os insumos individuais e os produtos da instituição já não pode ser determinada de maneira impessoal ou científica. Nesse momento, a igualdade das recompensas se torna imediatamente impossível - como os russos aprenderam na década de trinta, assim como todos os outros experimentadores socialistas, como os da região da antiga Iugoslávia e os chineses desde então.
Portanto, é preciso que haja redistribuição e uma autoridade que a promova. A redistribuição, contudo, é, na verdade, uma decisão política, não econômica. ela é influenciada e limitada por numerosas forças: oferta e demanda, convenção social, tradições e assim por diante. Porém, em última análise, é necessário que alguém, de alguma maneira, tome uma decisão de autoridade, baseada numa estrutura de poder e em relação de poder. Nenhuma instituição moderna, muito menos as instituições de negócios, pode evitar essa decisão. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.
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