O Boletim Epidemiológico número sete de dois mil e vinte da Diretoria de Vigilância Epidemiológica ( DIVE ) informou dados da Gerência de Vigilância Entomológica e Zoonoses ( VIGIZOO ) da Secretaria de Estado da Saúde ( SES ) de Santa Catarina ( SC ) sobre a situação epidemiológica de dengue, febre de chikungunya e zika vírus em SC. Os dados são atualizados em quatorze de março de dois mil e vinte, referentes à semana epidemiológica número onze ( SE 11 / 2020 ).
Estes dados revelam a situação referentes ao período entre vinte e nove de dezembro de dois mil e dezenove a quatorze de março de dois mil e vinte. Neste período, foram identificados doze mil duzentos e dezesseis focos do mosquito Aedes aegypti em cento e sessenta e quatro municípios. Comparando ao mesmo período de dois mil e dezenove, quando foram identificados nove mil seiscentos e vinte e oito focos em cento e cinquenta e oito municípios, observa-se um aumento de vinte e seis vírgula nove por cento no número de focos detectados.
Em relação à situação entomológica, até a SE no 11 / 2020, são cem municípios considerados infestados, o que representa um incremento de vinte e seis vírgula seis por cento em relação ao mesmo período de dois mil e dezenove, que registrou setenta e nove municípios nesta condição. A definição de infestação é realizada de acordo com a disseminação e manutenção dos focos.
Municípios considerados infestados pelo mosquito Aedes aegypti. Santa Catarina, 2020.
Abelardo Luz, Coronel Martins, Lajeado Grande, Salto Veloso, Águas de Chapecó, Cunha Porã, Maravilha, Santa Helena, Águas Frias, Cunhataí, Marema, Santa Terezinha do Progresso, Anchieta, Descanso, Modelo, Santiago do Sul, Araranguá, Dionísio Cerqueira, Mondaí, São Bernardino, Balneário Camboriú, Entre Rios, Navegantes, São Carlos, Balneário Piçarras, Formosa do Sul, Nova Erechim, São Domingos, Bandeirante, Florianópolis, Nova Itaberaba, São João do Oeste, Belmonte, Galvão, Ouro Verde, São José, Biguaçu, Guaraciaba, Palhoça, São José do Cedro, Blumenau, Guarujá do Sul, Palma Sola, São Lourenço do Oeste, Bombinhas, Guatambu, Palmitos, São Miguel da Boa Vista, Bom Jesus, Iporã do Oeste, Paraíso, São Miguel do Oeste, Bom Jesus do Oeste, Ipuaçu, Passo de Torres, Saudades, Brusque, Iraceminha, Passos Maia, Seara, Caibi, Irati, Penha, Serra Alta, Camboriú, Irineópolis, Pinhalzinho, Sombrio, Campo Erê, Itá, Planalto Alegre, Sul Brasil, Campos Novos, Itajaí, Porto Belo, Tigrinhos, Catanduvas, Itapema, Porto União, Tunápolis, Caxambu do Sul, Itapiranga, Princesa, União do Oeste, Chapecó, Jaraguá do Sul, Quilombo, Vargeão, Concórdia, Jardinópolis, Riqueza, Xanxerê, Cordilheira Alta, Joinville, Romelândia, Xavantina, Coronel Freitas, Jupiá, Saltinho e Xaxim. Fonte: DIVE / SES / SC ( Atualizado em: 14 / 03 / 2020 ).
Focos identificados de Aedes aegypti, segundo Semana Epidemiológica. Santa Catarina, 2019-2020:
Total 2019 ( SE 01 a SE 11 ): nove mil seiscentos e vinte e oito
Total 2020 ( SE 01 a SE 11 ): doze mil duzentos e dezesseis
( Atualizado em: 14 / 03 / 2020 ).
Municípios segundo situação entomológica. Santa Catarina, 2020. ( Atualizado em: 14 /03 / 2020 ):
Municípios sem focos de Aedes aegypti ( cento e trinta )
Municípios com focos de Aedes aegypti ( sessenta e cinco )
Municípios infestados sem focos de Aedes aegypti em 2019 ( um )
Municípios infestados pelo Aedes aegypti ( noventa e nove )
Dengue
O boletim epidemiológico da DIVE utiliza as informações dos casos suspeitos notificados pelos municípios no Sistema de Informações de Agravos de Notificação ( SINAN On - line ). Estes dados estão disponíveis para os municípios, Secretarias Estaduais de Saúde ( SESs ) e Ministério da Saúde ( MS ). Diferente do MS, que divulga os casos prováveis ( todos os casos notificados, excluindo-se os descartados ), a DIVE divulga os casos confirmados, suspeitos e descartados, por entender que dentre os casos prováveis, muitos estão aguardando resultados laboratoriais e investigação epidemiológica. A divulgação dos casos confirmados e descartados é feita após encerramento da investigação pelo município no SINAN On - line. No período de 29 de dezembro de 2019 a 14 de março de 2020, foram notificados mil quinhentos e cinquenta e sete casos de dengue em SC. Destes, duzentos e noventa e quatro ( dezenove por cento ) foram confirmados ( duzentos e noventa e dois pelo critério laboratorial e dois pelo critério clínico epidemiológico ), treze inconclusivos ( classificação utilizada no SINAN para os casos que, após sessenta dias da data de notificação, ainda não tiveram sua investigação encerrada ), seiscentos e cinquenta e dois ( quarenta e um por cento ) foram descartados por apresentarem resultado negativo para dengue e seiscentos e dezoito ( trinta e nove por cento ) estão sob investigação pelos municípios. Do total de casos confirmados até o momento, cento e sessenta e seis casos são autóctones ( transmissão dentro do estado ), noventa e sete casos são importados ( transmissão fora do estado, quatorze casos são indeterminados pois não foi possível definir o local provável de infecção ( LPI ) e dezessete casos estão em investigação de LPI.
Na comparação com o mesmo período de dois mil e dezenove, quando foram notificados mil e sessenta e cinco casos, observa-se um aumento de quarenta e oito por cento na notificação de casos em dois mil e vinte ( mil quinhentos e cinquenta e sete casos notificados ). Em relação aos casos confirmados, em dois mil e vinte, até o momento foram confirmados duzentos e noventa e quatro casos no estado, sendo que no mesmo período em dois mil e dezenove haviam sido confirmados cento e quarenta e três casos. As equipes da SES estão auxiliando os municípios com transmissão de dengue nas atividades a serem realizadas, incluindo a aplicação de inseticida a Ultra Baixo Volume ( UBV ) como medida complementar para controle vetorial.
Casos notificados de dengue, segundo Semana Epidemiológica de início dos sintomas. Santa Catarina, 2019-2020:
Total 2019 ( SE 01 a SE 11 ): mil e sessenta e cinco
Total 2020 ( SE 01 a SE 11 ): mil quinhentos e setenta e sete
( Atualizado em: 14 / 03 / 2020 ).
Casos confirmados de dengue, segundo Semana Epidemiológica de início dos sintomas. Santa Catarina, 2019-2020.
Total 2019 ( SE 01 a SE 11 ): cento e quarenta e três
Total 2020 (SE 01 a SE 11): duzentos e noventa e quatro
( Atualizado em 14 / 03 / 2020).
Febre de chikungunya
No período de vinte e nove de dezembro de dois mil e dezenove a quatorze de março de dois mil e vinte, foram notificados cento e quarenta e seis casos de febre de chikungunya em SC. Desses, oitenta e quatro ( cinquenta e oito por cento ) foram descartados e sessenta e dois ( quarenta e dois por cento ) permanecem como suspeitos.
Em comparação com o mesmo período de dois mil e dezenove, quando foram notificados cento e quarenta e quatro casos de febre de chikungunya, observa-se um aumento de um por cento na notificação de casos em dois mil e vente ( cento e quarenta e seis casos notificados ). Em dois mil e vinte, até o momento, não foram confirmados casos no estado; no mesmo período, em dois mil e dezenove, haviam sido confirmados sete casos.
Zika vírus
No período de vinte e nove de dezembro de dois mil e dezenove a quatorze de março de dois mil e vinte foram notificados vinte e nove casos de zika vírus em SC. Destes, dezenove ( sessenta e seis por cento ) foram descartados e dez ( trinta e quatro por cento ) permanecem como suspeitos.
Em comparação com o mesmo período de dois mil e dezenove, quando foram notificados quarenta e sete casos, observa-se uma diminuição de trinta e oito por cento na notificação de casos em dois mil e vinte ( vinte e nove casos notificados ).
Sala Estadual de Situação de Coordenação e Controle ao Aedes aegypti / SC - SECC
A SECC mantém a orientação que todos os municípios infestados permaneçam com reuniões periódicas das Salas Municipais de Coordenação e Controle ( SMCC ), contando com a participação intersetorial tanto dos órgãos municipais, como da Sociedade Civil Organizada, no intuito de avaliar e desencadear ações de intensificação do controle do Aedes aegypti. No dia nove de março de dois mil e vinte foi realizada a reunião da sala de situação com atualização dos participantes sobre a situação epidemiológica do estado de SC em relação aos focos e números de casos. Foram discutidas ações visando intensificar as medidas de controle pelas diversas áreas envolvidas, bem como o atendimento oportuno dos casos suspeitos. Ainda, entre os dias dois e vinte e sete de março os municípios infestados realizam o Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti ( LIRAa ) com o objetivo de obter informação atualizada sobre o índice de infestação do mosquito Aedes aegypti e o risco de transmissão das doenças dengue, febre de chikungunya e zika vírus.
O que é dengue
Dengue é uma doença infecciosa febril causada por um arbovírus, sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Ela é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado. A infecção pelo vírus da dengue pode ser assintomática ou sintomática. Quando sintomática, causa uma doença sistêmica e dinâmica de amplo espectro clínico, variando desde formas mais leves ( oligossintomáticas ) até quadros graves, podendo evoluir para o óbito. Todos os quatro sorotipos do vírus da dengue circulantes no mundo ( DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4 ) causam os mesmos sintomas, não sendo possível distingui-los somente pelo quadro clínico. O termo “dengue hemorrágica” deixou de ser empregado em 2014, quando o Brasil passou a utilizar a nova classificação da doença, que leva em consideração que a dengue é uma doença única, dinâmica e sistêmica. Para efeitos clínicos e epidemiológicos, considera-se a seguinte classificação: dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave.
Sinais e sintomas
Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta ( de trinta e nove a quarenta graus Célcius ) de início abrupto, que tem duração de dois a sete dias, associada à dor de cabeça, fraqueza, a dores no corpo, nas articulações e no fundo dos olhos. Manchas pelo corpo estão presentes em cinquenta por cento dos casos, podendo atingir face, tronco, braços e pernas. Perda de apetite, náuseas e vômitos também podem estar presentes. Com a diminuição da febre, entre o terceiro e o sétimo dia do início da doença, grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente, com melhora do estado geral e retorno do apetite. No entanto, alguns pacientes podem evoluir para a forma grave da doença, caracterizada pelo aparecimento de sinais de alarme, que podem indicar o deterioramento clínico do paciente.
Quadros graves
Sangramentos de mucosas ( nariz, gengivas ), dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, letargia, sonolência ou irritabilidade, hipotensão e tontura são considerados sinais de alarme. Alguns pacientes podem, ainda, apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque ocorre quando um volume crítico de plasma ( parte líquida do sangue ) é perdido através do extravasamento nos vasos sanguíneos, ele se caracteriza por pulso rápido e fraco, diminuição da pressão de pulso, extremidades frias, demora no enchimento capilar, pele pegajosa e agitação. O choque é de curta duração e pode, após terapia apropriada, evoluir para uma recuperação rápida; mas, pode também avançar para o óbito, num período de doze a vinte e quatro horas. Qualquer pessoa pode desenvolver formas graves de dengue já na primeira infecção, apesar de isso ocorrer com maior frequência entre a segunda ou terceira infecção, devido à resposta imune individual. No entanto, crianças, gestantes e idosos, além daqueles em situações especiais ( portadores de hipertensão arterial, diabetes mellitus, asma brônquica, alergias, doenças hematológicas ou renais crônicas, doença grave do sistema cardiovascular, doença ácido-péptica ou doença autoimune ), têm maior risco de apresentar quadros graves de dengue. Atenção: na presença de sinais de alarme, o paciente deve retornar imediatamente ao serviço de saúde. Pessoas que estiveram, nos últimos quatorze dias, numa cidade com a presença do Aedes aegypti ou com a transmissão da dengue e apresentarem os sintomas citados devem procurar uma unidade de saúde para o diagnóstico e tratamento adequados.
O que é febre de chikungunya
É uma infecção viral causada pelo vírus chikungunya, que pode se apresentar sob forma aguda ( com sintomas abruptos de febre alta, dor articular intensa, dor de cabeça e dor muscular, podendo ocorrer erupções cutâneas ) e evoluir para as fases subaguda ( com persistência de dor articular ) e crônica ( com persistência de dor articular por meses ou anos ). O nome da doença deriva de uma expressão usada na Tanzânia que significa "aquele que se curva". Pessoas que estiveram, nos últimos quatorze dias, em cidade com a presença do Aedes aegypti ou com a transmissão da febre de chikungunya e apresentarem os sintomas citados devem procurar uma unidade de saúde para o diagnóstico e tratamento adequados.
O que é febre do zika vírus
É uma doença causada pelo vírus zika ( ZIKAV ), transmitido pela picada do mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti, infectado. Pode manifestar-se clinicamente como uma doença febril aguda, com duração de três a sete dias, geralmente sem complicações graves. Segundo a literatura, mais de oitenta por cento das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas. Porém, quando presentes, caracterizam-se pelo surgimento do exantema maculopapular pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia, edema periarticular e cefaleia. A artralgia pode persistir por aproximadamente um mês.
Orientações para evitar a proliferação do Aedes aegypti:
evite usar pratos nos vasos de plantas. Se usá-los, coloque areia até a borda;
guarde garrafas com o gargalo virado para baixo;
mantenha lixeiras tampadas;
deixe os depósitos d’água sempre vedados, sem qualquer abertura, principalmente as caixas d’água;
plantas como bromélias devem ser evitadas, pois acumulam água;
trate a água da piscina com cloro e limpe-a uma vez por semana;
mantenha ralos fechados e desentupidos;
lave com escova os potes de comida e de água dos animais no mínimo uma vez por semana;
retire a água acumulada em lajes;
dê descarga, no mínimo uma vez por semana, em banheiros pouco usados;
mantenha fechada a tampa do vaso sanitário;
evite acumular entulho, pois ele pode se tornar local de foco do mosquito da dengue;
denuncie a existência de possíveis focos de Aedes aegypti para a Secretaria Municipal de Saúde;
caso apresente sintomas de dengue, chikungunya ou zika vírus, procure uma unidade de saúde para o tratamento.
Com informações do Programa Controle do Aedes aegypti e ações intersetoriais ( salaestadualaedes@saude.sc.gov.br ).
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