Alguns autores parecem acreditar que o surto da administração do pós-Segunda Guerra Mundial inventou, ou ao menos descobriu, a administração. A administração, como prática e como campo de reflexão e estudo, tem uma longa história. Suas raízes têm quase duzentos anos.
A administração, seria possível afirmar, foi descoberta antes de haver qualquer administração de que se falar. Os grandes economistas ingleses, de Adam Smith (que viveu entre mil setecentos e vinte e três e mil setecentos e noventa), passando por David Ricardo (que viveu entre mil setecentos e setenta e dois e mil oitocentos e vinte e três), até John Stuart Mill (que viveu entre mil oitocentos e seis e mil oitocentos e setenta e três), inclusive seu sucessor e antagonista, Karl Marx (que viveu entre mil oitocentos e dezoito e mil oitocentos e oitenta e três), não conheciam a administração. Para eles, a economia era impessoal e objetiva. Como disse o expoente moderno da tradição clássica, o anglo-americano Kenneth Boulding (nascido em mil novecentos e dez), "a economia trata do comportamento das mercadorias, não do comportamento dos homens.". Ou, segundo Marx, as leis impessoais da história eram consideradas dominantes. Aos seres humanos, restava apenas adaptar-se. As pessoas, na melhor das hipóteses, otimizam o que a economia torna possível; na pior das hipóteses, inibem as forças da economia. O último dos grandes economistas clássicos ingleses, Alfred Marshall (que viveu entre mil oitocentos e quarenta e dois e mil novecentos e vinte e quatro), efetivamente acrescentou a administração aos fatores de produção, terra, trabalho e capital. Mas essa foi uma concessão não muito convicta. A administração ainda era, mesmo para Marshall, um fator periférico, em vez de central.
Desde o começo, houve uma abordagem diferente, que pôs o gestor no centro da economia e que enfatizou a tarefa gerencial de tornar os recursos produtivos. J. B. Say (que viveu entre mil setecentos e sessenta e sete e mil oitocentos e trinta e dois), talvez o mais brilhante economista da França - ou, possivelmente, de toda a Europa Continental - , foi um dos primeiros seguidores de Smith e propagandista de A riqueza das nações, na França. Porém, em suas próprias palavras, o fundamental não são os fatores de produção. É o empreendedor - termo cunhado por Say - que direciona recursos de investimentos menos produtivos para investimentos mais produtivos e, assim, cria riqueza. Say foi acompanhado peloso socialistas utópicos da tradição francesa, especialmente François Fourier (que viveu entre mil setecentos e setenta e dois e mil oitocentos e trinta e sete), e por um gênio excêntrico, o conde de Saint-Simon (que viveu entre mil setecentos e sessenta e mil oitocentos e vinte e cinco). Naquela época, não havia grandes organizações nem gestores, mas Fourier e Saint-Simon se anteciparam aos acontecimentos e descobriram a administração, antes de ela efetivamente vir à luz. Saint-Simon, em especial, anteviu o surgimento da organização. E também previu a tarefa de tornar os recursos produtivos e de construir estruturas sociais. Ele profetizou o trabalho gerencial.
Foi por causa dessa ênfase na administração, como força separada e distinta, capaz de atuar independentemente dos fatores de produção, assim como as leis da história, que Marx denunciou com veemência os socialistas franceses e deu-lhes o epíteto depreciativo de utópicos. Mas foram os franceses - e, principalmente Saint-Simon - que, com efeito, lançaram as abordagens básicas e os conceitos fundamentais sobre os quais se desenvolveu toda a economia socialista. Por mais que hoje os russos invoquem o nome de Marx, o ancestral espiritual deles é Saint-Simon.
Também nos Estados Unidos, a administração desde cedo foi considerada central. O famoso "Report no Manufactures", de Alexander Hamilton (que viveu entre mil setecentos e cinquenta e sete e mil oitocentos e quatro), começa com Smith, mas em seguida, desloca a ênfase para o papel construtivo, intencional e sistemático da administração. Para ele, o motor do desenvolvimento econômico e social era a administração, não as forças econômicas; e o indutor do avanço econômico era a organização. Acompanhando-o, Henry Clay (que viveu entre mil setecentos e setenta e sete e mil oitocentos e cinquenta e dois), com seu famoso "sistema americano", produziu o que pode ser considerado o primeiro projeto para o desenvolvimento econômico sistemático.
Pouco depois, Robert Owen (que viveu entre mil setecentos e setenta e um e mil oitocentos e cinquenta e oito), industrial escocês, realmente se tornou o primeiro gestor. Em sua manufatura de produtos têxteis, em Lanark, Owen, na década de mil oitocentos e vinte, primeiro tratou do problema da produtividade e da motivação, do relacionamento dos trabalhadores com a gerência - até hoje questões fundamentais em administração. Com Owen, o gestor surge como pessoa real, em vez de mera abstração, como na tradição de Say, Fourier, Saint-Simon, Hamilton e Clay. Mas demorou muito para que surgissem os sucessores de Owen. Outras informações podem ser obtidas no livro Pessoas e desempenhos, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em: http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/administracao-o-motor-do-desenvolvimento-economico-e-social/108547/
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