No começo dos anos cinquenta, quando computador e automação faziam manchetes, previa-se a extinção iminente da gerência de nível médio. Numerosos especialistas afirmavam que, por volta de mil novecentos e oitenta, a gerência de nível médio já teria desaparecido. Todas as decisões seriam tomadas pelo computador ou pela alta administração, com base em um sistema de informação total.
Muito poucas previsões foram desmentidas em tão pouco tempo e tão completamente. Na mesma época em que se disseminavam amplamente esses vaticínios, iniciou-se o surto da gerência de nível médio, que se prolongou durante cerca de vinte anos. De fato, os anos cinquenta e sessenta poderiam ter sido denominados a era da gerência de nível médio. Nenhum outro grupo da força de trabalho se expandiu com tanta rapidez nos países desenvolvidos.
Eis alguns exemplos do setor de manufatura, ou seja, daquele em que a automação se aplicou de maneira mais difusa e onde os computadores se tornaram lugar-comum, ao menos em grandes empresas, tanto quanto as chaminés algumas gerações antes. Uma das maiores empresas automobilísticas americanas construiu recentemente uma grande unidade de fabricação em que se concentraria toda a produção semelhante. O número de empregados de linha de frente, tanto operários de fábrica quanto funcionários de escritório, é quase um terço inferior ao da fábrica de mil novecentos e quarenta e nove - consequência, contudo, de aumentos normais na produtividade, não de mudanças no processo de automação. O grupo da alta administração na nova unidade produtiva tem mais ou menos as mesmas dimensões. Mas o grupo da gerência de nível médio, ou seja, o grupo cuja remuneração é superior à de um supervisor geral, mas inferior à de um gerente geral, é quase cinco vezes do tamanho de seu homônimo na planta de mil novecentos e quarenta e nove.
Outra empresa industrial - produtora de ampla variedade de componentes - aumentou as vendas de mil novecentos e cinquenta para mil novecentos e setenta, de dez milhões de dólares para cem milhões de dólares. Em termos de unidades, o crescimento foi de cinco vezes. Durante esse período de alta expansão, o grupo da alta administração aumentou de três para cinco pessoas. O efetivo de pessoal de primeira linha cresceu de mil para quatro mil. Já as fileiras da administração intermediária, novamente definida pelo salário, aumentou de quatorze para duzentos e trinta e cinco - ou seja, quase setenta vezes - e aí não se inclui pessoal de vendas.
Esses exemplos, na verdade, subestimam a taxa de crescimento da gerência de nível médio. Durante o período em que se supunha que a gerência de nível médio desapareceria, o centro de gravidade e de crescimento da economia se deslocou para setores com proporção muito mais alta de gerentes de nível médio no efetivo de pessoal que a das indústrias que dominaram o ambiente de negócios durante a década de cinquenta. O símbolo do dinamismo econômico dos Estados Unidos, na década de setenta, já não era a General Motors Company (GM). Era a IMB. E na IBM, como em qualquer outro fabricante de computadores, o grupo intermediário é muito maior que nas empresas manufatureiras tradicionais, como as dos setores automobilístico e siderúrgico. A mesma afirmação se aplica a empresas farmacêuticas, que cresceram em ritmo acelerado nos vinte anos entre mil novecentos e cinquenta e mil novecentos e setenta.
Fora do setor industrial, o crescimento foi ainda mais rápido, principalmente nas instituições de serviços não empresariais. O protótipo é o hospital.
A alta administração dos hospitais - não importa como se defina essa instituição - na verdade não cresceu. Ainda há o administrador do hospital, talvez com um assistente, nos de maior porte. Nos hospitais comunitários, há agentes fiduciários e um diretor médico. O efetivo de pessoal de primeira linha, em termos de empregados por paciente, diminuiu, em vez de aumentar. Foi na cozinha, na manutenção e em outras áreas de primeira linha que os hospitais se tornaram menos intensivos em trabalho. Mas no nível intermediário - técnicos, engenheiros, contadores, psicólogos e assistentes sociais - a quantidade de pessoal explodiu. O aumento foi de pelo menos quatro vezes - em alguns grandes hospitais acadêmicos, o crescimento foi ainda mais acentuado.
Ficou claro que haveria de acontecer uma necessária correção. Esta correção ocorreu na revisão de objetivos, no combate à desordem perdulária, no combate ao excesso de pessoal, na resistência a desenvolver atividades por puro modismo, na manutenção dos objetivos necessários, na resistência a seguir o caminho fácil da demanda por mais gente, na resistência às pressões, na organização do trabalho, nas mudanças qualitativas, no combate ao retrabalho e à obesidade da organização. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em: https://www.administradores.com.br/artigos/negocios/aceleracao-do-crescimento-o-foco-nos-objetivos-e-nas-mudancas-necessarias/109274/
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