A gerência de nível médio de sessenta anos atrás não desapareceu. Na verdade, ela cresceu, e muito. Hoje há, proporcionalmente, mais gerentes de fábrica, mais gerentes distritais de vendas e mais gerentes de agências de bancos que antes da Segunda Guerra Mundial.
Porém, o verdadeiro aumento da quantidade de pessoas em posições gerenciais de nível médio ocorreu entre engenheiros de fabricação e especialistas em processos; entre contadores fiscais e analistas de mercado; entre gerentes de produtos e de mercados; entre especialistas em propaganda e promoção. A tendência de expansão concentrou-se em numerosas funções que mal eram conhecidas uma geração antes. Os novos gerentes de nível médio são profissionais do conhecimento.
O gerente de nível médio tradicional é, basicamente, um comandante de pessoas. O novo gestor de nível médio é, antes de tudo, um fornecedor de conhecimento. O gerente de nível médio tradicional exerce autoridade de baixo para cima, sobre subordinados. O novo gestor de nível médio basicamente tem atribuições para os lados e para cima, ou seja, envolvendo pessoas em relação às quais não exerce autoridade de comando.
Acima de tudo, o trabalho dos gerentes de nível médio tradicional era, em grande parte, rotineiro. Não tomavam decisões; apenas executavam decisões. No máximo, implementavam as decisões, adaptando-se às condições locais. A função deles era manter em funcionamento um sistema que não haviam desenvolvido e que não deveriam alterar.
Evidentemente, essa situação confirmava a definição de gerente como alguém responsável pelo trabalho de outras pessoas, e não pelo próprio trabalho. Também reforçava a estrutura social tradicional da administração fora dos Estados Unidos e do Japão, especialmente na Europa.
Nos Estados Unidos e no Japão, a alta administração era recrutada, tradicionalmente, entre gestores de nível médio, ou seja, entre pessoas que escalavam a hierarquia organizacional. Já nos países europeus, esse não era o padrão. Na Inglaterra havia - e, até certo ponto, ainda há - um tremendo abismo entre os gerentes e o conselho, ou seja, a alta administração. Mesmo em grandes empresas, o conselho, até recentemente, era composto de pessoas que nunca haviam exercido funções de administração operacional e, não raro, de pessoas que nunca haviam trabalhado em empresas, como ex-servidores públicos eméritos. Na Holanda, a alta administração, mesmo nas grandes empresas, sob gestão profissional, raramente é oriunda das operações. Nas grandes empresas francesas, todas as posições de alta administração são, quase sempre, exercidas por formados pelas grandes escolas. A maioria delas sobretudo as da alta administração, faz carreira no governo e depois passam diretamente para cargos de alta administração, mesmo que tenham formação universitária. Os alemães tendem a estabelecer uma linha nítida entre Führung, ou seja, alta administração, e Leitung, administração operacional. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.
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