Na organização do conhecimento, a alta administração não mais poderá assumir que o pessoal operacional faz o que lhes é dito. Ela deve aceitar que os níveis intermediários tomam decisões genuínas. Mas a organização operacional também já não deverá presumir que pode executar seu trabalho independentemente da alta administração. O pessoal operacional precisa compreender as decisões da alta administração. Com efeito, a gerência de nível médio na organização do conhecimento deve exercer a atribuição de educar a alta administração. A alta administração, por seu turno, também precisa compreender o que a organização do conhecimento tenta fazer, o que ela é capaz de fazer e onde identifica as principais oportunidades, as maiores necessidades e os mais perigosos desafios para a empresa. Finalmente, a gerência de nível médio deve insistir em que a alta administração defina qual é e qual deve ser o negócio da empresa, e quais são seus objetivos, estratégias e prioridades. Do contrário, os escalões intermediários não serão capazes de executar o próprio trabalho.
A alta administração precisa conhecer e compreender a organização do conhecimento. Também deve estabelecer e manter comunicação com ela. O pressuposto tradicional de que a alta administração conhece o trabalho da gerência de nível médio por já tê-lo executado não mais é válido. Mesmo as pessoas que ascenderam à alta administração pelos caminhos da gerência de nível médio já não podem supor ter vivenciado diretamente senão uma pequena amostra do trabalho funcional da organização do conhecimento. E algumas das áreas mais importantes da gerência de nível médio não mais prepararão e testarão as pessoas para posições de alta administração.
Com efeito, algumas das pessoas mais capazes nessas áreas nem mesmo quererão fazer o trabalho da alta administração, mas preferirão continuar em suas especialidades. O especialista em computação, em geral, preferirá continuar na especialidade e trabalhar com informações e tecnologia da informação. Igualmente, a maioria dos pesquisadores optará por continuar em pesquisa, não importa qual seja, física ou técnica, sobre pessoas ou sobre economia.
Os gerentes de nível médio nas organizações do conhecimento não mais poderão ser vistos como recurso sempre disponível nem ser tratados com condescendência, como pessoas que, afinal, fazem apenas trabalhos rotineiros e somente executam e implementam as decisões e ordens da alta administração. Portanto, como requisito para a própria eficácia, a alta administração precisa trabalhar em equipe e manter abertos os canais de comunicação com a organização do conhecimento.
O público mais importante da alta administração na organização do conhecimento - e o que mais precisa de relacionamento com a alta administração - são os trabalhadores do conhecimento mais jovens e altamente especializados. Eles são os que terão mais dificuldade em compreender os propósitos da alta administração, em considerar a empresa como um todo e em se concentrar nos objetivos e no desempenho da organização. No entanto, serão os que, em razão de seu conhecimento, terão mais chances de influenciar a organização, ainda no começo de suas carreiras. Em qualquer empresa, de qualquer tamanho ou complexidade, o grupo da alta administração precisa organizar seus relacionamentos com esses jovens profissionais do conhecimento.
Cada membro da equipe da alta administração deve sentar-se algumas vezes por ano com um grupo mais jovem de trabalhadores do conhecimento e dizer-lhes: "Estou aqui sem agenda. Não tenho nada a dizer. O que quero é ouvir. A tarefa de vocês neste momento é dizer-me o que nós, na alta administração, precisamos saber sobre o trabalho de vocês e como podemos torná-lo mais produtivo. é dizer-me de onde vocês veem problemas e oportunidades para esta empresa e o que nós, da alta administração, devemos fazer para ajudá-los no seu trabalho e o que devemos deixar de fazer para não atrapalhar o seu trabalho. Insistirei em apenas uma coisa: Que vocês façam o seu dever de casa e que vocês levem a sério sua responsabilidade de informar-se e de educar-se.".
Mas na organização do conhecimento, também compete à alta administração mobilizar, organizar, distribuir e direcionar o conhecimento. Os trabalhadores do conhecimento - e aí se incluem os gestores e profissionais nas organizações de hoje, não podem ser vistos nem tratados como inferiores. Eles estão no nível médio em hierarquia, remuneração e autoridade, mas são colegas mais jovens, em vez de subordinados.
Administração, em última instância, significa substituir músculos e força física por cérebros e ideias; folclore e superstição por conhecimento; e imposição por cooperação. Também significa trocar obediência à hierarquia por responsabilidade e iniciativa; e autoridade do poder por autoridade do desempenho. A organização do conhecimento, portanto, é o que sempre foram a teoria da administração, o pensamento da administração e as aspirações da administração, desde o começo. Mas, agora, organização do conhecimento é fato consumado. A tremenda expansão do emprego gerencial desde a Segunda Guerra Mundial transformou os escalões intermediários em profissionais do conhecimento - isto é, pessoas pagas para aplicar o conhecimento e para decidir com base no conhecimento, impactando a capacidade de desempenho, os resultados e as direções futuras de todo o empreendimento. A tarefa de tornar realmente eficazes e realizadores esses novos detentores de conhecimento dos escalões de nível médio mal começou. Trata-se de tarefa central da gestão de gestores. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em https://www.administradores.com.br/artigos/negocios/gerencia-intermediaria-eficacia-e-realizacao-dos-novos-detentores-do-conhecimento/109382/
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