sexta-feira, 15 de maio de 2020

Epidemia: Ministério Público de SC diz ter indícios de que duas das três propostas de venda de ventiladores mecânicos eram de fachada. Compra é investigada por força-tarefa

As mais de oitocentas páginas que integram o processo da investigação ( * vide nota de rodapé ) sobre a compra ( *2 vide nota de rodapé ) de duzentos ventiladores mecânicos pelo Governo do Estado de Santa Catarina ( SC ) por trinta e três milhões de reais trazem desdobramentos para além da Região Sul do Brasil. A operação já teve atos no Estado de São Paulo ( SP ), Rio de Janeiro ( RJ ) ( ambos na Região Sudeste ) e Mato Grosso ( MT - na Região Centro-Oeste ) ( *3 vide nota de rodapé ), envolvendo vários outros nomes no esquema que, segundo o Ministério Público do Estado de SC ( MPSC ), envolve crimes de peculato, corrupção ativa e passiva e até lavagem de dinheiro ( *4 vide nota de rodapé ).

Em reportagem publicada nesta sexta-feira ( quinze de maio de dois mil e vinte ), o portal The Intercept Brasil revela, ainda, que um assessor da M M J S disse à reportagem que a empresa não fez proposta alguma de venda de ventiladores mecânicos para o governo de SC.

Uma das ramificações da investigação ( * vide nota de rodapé ) envolve as outras propostas apresentadas no processo de compra ( *2 vide nota de rodapé ) vencido pela Veigamed. O valor de trinta e três milhões de reais, que é considerado superfaturado, foi o mais barato recebido pelo governo do Estado de SC. No entanto, há indícios de que as outras duas propostas concorrentes serviam apenas de fachada para garantir o valor da Veigamed, conforme a investigação ( * vide nota de rodapé ).

Atendendo a um pedido do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado ( GAECO ) do MPSC, o Ministério Público do Estado Mato Grosso ( MPMT ) investigou a M M J S, empresa com sede em Cuiabá ( Capital do Estado do MT ) que fez uma das propostas com valor superior à Veigamed.

O relatório do MPMT aponta que o endereço da empresa é uma sala comercial em um edifício no Centro de Cuiabá. O escritório em questão, no entanto, é uma sala vazia sem nenhum indício de atividade no local. O MPMT destaca também que anteriormente a empresa atendeu pelo nome de Bau Holdings & Participações, e em dois mil e dezessete foi investigada por suspeita de venda ilegal de bitcoins ( moedas digitais ) e formação de esquema de pirâmide financeira ( golpe em investidores ).

Encontro com vereador que teve trezentos mil reais apreendidos

O relatório do MPMT sobre a empresa de Cuiabá destaca também um encontro do sócio-proprietário da M M J S com Davi Perini Vermelho, vereador de São João do Meriti ( RJ ) que teria atuado como representante da Veigamed e é um dos investigados ( * vide nota de rodapé ) no processo em SC.

Conforme a investigação ( * vide nota de rodapé ), no dia oito de abril de dois mil e vinte ( após o governo de SC contratar a Veigamed ) o empresário de Cuiabá estava em SP e conheceu Vermelho em uma reunião no escritório da empresa Meu Help - cujo proprietário é Fábio Guasti, também investigado ( * vide nota de rodapé ) por ter negociado os ventiladores mecãnicos em nome da Veigamed.




Relatório MPMT
Trecho do relatório do MPMT que cita a sala vazia da M M J S
( Foto: )
No local, Vermelho teria se apresentado como representante da Veigamed, e estava negociando a venda de testes rápidos de Covid-dezenove. A reunião em questão passou a ser investigada pelas autoridades de SP por uma possível relação com outro inquérito, que apurava o furto de testes no aeroporto de Guarulhos. Por causa do encontro, o sócio da M M J S chegou a apresentar um pedido de habeas corpus preventivo. As informações constam no relatório do processo em SC, que teve o sigilo quebrado na segunda-feira ( onze de maio de dois mil e vinte ).

Conforme a reportagem do The Intercept Brasil, a Veigamed afirmou que Vermelho, que é presidente da Câmara Municipal de São João do Meriti ( CMSJM ), “presta serviços ocasionais de consultoria de segurança” à empresa. O Intercept aponta também que, em dois mil e dezoito, a Veigamed recebeu um milhão de reais do município de São João do Meriti pelo fornecimento de produtos hospitalares. A empresa afirma que os contratos que mantém com a prefeitura local não têm relação com a atuação de Vermelho. A reportagem não conseguiu contato com Vermelho para buscar um contraponto.

P.S.:
Notas de rodapé:

* https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/05/epidemia-ministerio-publico-de-sc-diz.html .

*2 A compra dos ventiladores mecânicos é melhor detalhada em:

https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/05/epidemia-primeiro-lote-de-ventiladores.html .

*3 A operação em vários Estados é melhor detalhada em:

https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/05/epidemia-forca-tarefa-de-sc-cumpre.html .

*4 Os supostos crimes investigados pela força-tarefa são melhor detalhados em:

https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/05/epidemia-justica-de-sc-autoriza.html .

Com informações de:

Lucas Paraizo ( lucas.paraizo@somosnsc.com.br ) .

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