Mesmo assim, e apesar da imensa repercussão negativa que se seguiu ao anúncio, na segunda-feira (31), Bolsonaro afirmou, na manhã desta terça-feira (1), que não desiste da ideia. “Fui instado ontem pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), conversei com todos os ministros interessados e, da nossa parte, positivo. No que depender de mim, de todos os ministros, inclusive o da Saúde (Marcelo Queiroga), está acertado. Haverá”, disse a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
Tenta, assim, mais um crime contra a vida da população. “Quando aumenta a circulação de pessoas, a tendência é aumentar a taxa de contaminação. Um evento desse ainda pode representar uma ameaça de entrada da variante indiana. O que precisamos ter é um controle de fronteira mais rígido. Sem isso, corremos o risco de aumentar a circulação do vírus e, consequentemente, o número de óbitos”, alerta Antonio Augusto Moura da Silva, professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que chama a postura do governo de “irresponsável”.
“Qualquer sinalização nesse sentido vai contra o que está acontecendo no mundo, ainda mais num país que está em franco crescimento da pandemia. Esse evento pode trazer pessoas infectadas com cepas que não temos aqui e causar um problema maior”, reforça o infectologista Marcos Boulos.
Interesses financeiros
Ao se dirigir aos apoiadores, Bolsonaro afirmou ainda que a reação contrária à realização da competição no Brasil estaria relacionada a interesses comerciais e seria encampada por emissoras que não têm o direito de transmissão do evento no país.
É mais provável, porém, que a verdade seja o oposto: o apoio do governo brasileiro ao evento é que esteja relacionado a interesses financeiros. Afinal, quem nomeou como ministro da Secretaria de Comunicação Fábio Faria, genro do dono do SBT, a emissora que comprou os direitos de transmissão da Copa América? “Existem suposições de que o governo quer agradar um dos compradores dos direitos de exibição desta Copa”, lembrou o senador Humberto Costa (PT-PE), na abertura da CPI da Covid nesta terça-feira.
Costa ressaltou a importância de a Comissão Parlamentar de Inquérito convocar o presidente da CBF, Rogério Caboclo, requerimento já feito pelo vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). E lembrou que, além de expor a população a mais um risco, o governo terá de reservar recursos que hoje faltam aos brasileiros.
“O evento tem um protocolo com exigências de oferta de serviços públicos que, neste momento, o Brasil não tem condições de fazer. Por exemplo, virão delegações de atletas, de torcedores, de dirigentes, de gente da imprensa que vem cobrir. E isso significa que nós teremos de garantir, além de segurança, leitos hospitalares, atendimento à saúde, coisa que está faltando à população brasileira neste momento“, disse.
PT recorreu ao STF
Por essa razão, lembrou o senador, o PT ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido para impedir a realização da Copa América no país. “Há outros países na América Latina que estão numa situação bem melhor que a nossa. O Chile, por exemplo, já vacinou boa parte de sua população, pouco mais de 60%, e não quis sediar (o evento). E por que nós, que vamos entrar, infelizmente, na terceira onda, vamos sediar um campeonato ridículo, que não tem qualquer valor para a nossa tradição futebolística?”, questionou Costa.
Além disso, a deputada federal Marília Arraes (PT-PE) entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF), com o objetivo de instaurar um inquérito civil público contra Bolsonaro, e governadores do partido – caso de Rui Costa (Bahia) e Fátima Souza (Rio Grande do Norte) – já anunciaram que não aceitarão a realização de jogos em seus estados.
Com informações de pt.org.br .
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