terça-feira, 31 de agosto de 2021

Sucessão presidencial: viagem de ex-presidente ao NE reacende a esperança do povo

A viagem de Lula e de lideranças do Partido dos Trabalhadores pelo Nordeste — que chegou ao fim na sexta-feira (27), após passar por Pernambuco, Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia — foi, essencialmente, um convite à união para a reconstrução do país. Como disse o presidente Lula, todos os eventos incluídos na agenda tinham como objetivo conhecer boas ideias que já são realidade nos estados e discutir o que se deve fazer para que o Brasil tenha um futuro mais promissor.


Tal objetivo foi alcançado, avaliou Lula. “Penso que estamos no caminho certo, tentando convencer a sociedade da importância de ela participar ativamente para que a gente possa restabelecer a democracia no nosso país. Para que a gente possa vencer a fome e o desemprego, que estão tomando conta do nosso país”, disse. “Foi uma viagem extraordinária. Volto para São Paulo muito feliz. Valeu muito a pena”, completou, anunciando que vai percorrer todo o Brasil (assista no vídeo abaixo).

Para o secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, Lula e o partido conseguiram realizar uma agenda “para falar da vida do povo, de reconstrução e transformação do Brasil”. “E isso é tudo que Bolsonaro não está fazendo. Por isso o presidente Lula sobe cada vez mais nas pesquisas e é cada vez mais ouvido pelas pessoas. Não é só a esquerda, mas também pessoas de centro, que enxergam no presidente Lula e no PT um projeto de realmente cuidar do povo, da nossa soberania, e capaz de fazer o Brasil voltar a ser respeitado”, analisou Tatto, que mobilizou a equipe de comunicação do partido para cobrir a viagem no site, na Rádio PT, na TvPT e nas redes sociais.

A capacidade de mobilizar e unificar de Lula também foi destacada pela presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, que agradeceu ao presidente por sua disposição de percorrer o Brasil e buscar uma saída para a catástrofe provocada pelo governo de Jair Bolsonaro.

“O senhor é um homem que já entrou na história do Brasil, pelo governo que fez, pelo legado que deixou, pelas batalhas que enfrentou e agora por essa vitória extraordinária da verdade sobre a mentira. Então, o senhor já deu a sua contribuição, mas, mesmo assim, está se dispondo a andar pelo país para conversar com todo mundo e salvar o povo brasileiro e o Brasil desta crise. O Partido dos Trabalhadores se orgulha muito, muito, de tê-lo nos nossos quadros. O senhor é maior que o partido, foi recepcionado por vários partidos, por vários movimentos. A gente tem muito orgulho de saber que pode contar com o senhor nesse esperançar pelo povo brasileiro”, disse.

“As pessoas falam, pedem foto. Infelizmente, não podemos fazer atos públicos por conta da pandemia e estamos nos privando do calor humano. Mas o pessoal fala ‘a esperança voltou'”, destaca o deputado federal José Guimarães, um dos coordenadores da agenda de Lula pelo Nordeste

A palavra esperança, por sinal, dominou toda a viagem. “É esse o sentimento. De esperança”, resumiu o deputado federal José Guimarães (PT-CE), que participou da viagem desde o início. “As pessoas falam, pedem foto. Infelizmente, não podemos fazer atos públicos por conta da pandemia e estamos nos privando do calor humano. Mas o pessoal fala ‘a esperança voltou'”, descreveu o parlamentar.

O mesmo observou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), que participou da visita à Bahia. “A presença de Lula no Nordeste é muito importante para renovar a esperança do povo nordestino e do povo brasileiro. Lula mudou a cara do Nordeste, mudou a vida dos nordestinos. Lula trouxe energia, universidades, o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o programa de cisternas. Lula transformou a economia da região Nordeste com a geração de energia, com novos portos, novas rodovias, novos aeroportos, uma infraestrutura enorme. Os governos do PT e do presidente Lula, para o Nordeste, e para o Brasil, foram uma marca civilizatória. O povo passou a ser respeitado, incluído no orçamento. É isso que a gente quer de volta.”

O legado de Lula no Nordeste


Quer lembrar como Lula e o PT ajudaram a transformar para muito melhor a vida dos nordestinos? Veja as principais ações feitas nos estados visitados:

Você também pode acessar um resumo das ações dos governos Lula e Dilma no Brasil. Ou pesquisar o que foi feito por sua cidade.

Galeria de fotos

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Visita a assentamento em Pernambuco
Ricardo Stuckert

Com informações de pt.org.br .

Comunicação: central sindical fortalece combate a notícias falsas

Para fortalecer a Rede Nacional de Comunicação da CUT e combater as fake news, é fundamental estar preparado para a batalha nas redes sociais em defesa da classe trabalhadora e de um país mais justo e para todos. Foi com esse objetivo que a CUT lançou neste sábado (28), dia do seu aniversário de 38 anos, o Projeto “Mutirão da Comunicação – Brigadas Digitais da CUT”.

CUT fortalece comunicação digital


A atual conjuntura política no Brasil, marcada sobretudo pela ofensiva da extrema direita, que utiliza intensamente as redes sociais para defender a retirada de direitos da classe trabalhadora, interferir no processo eleitoral e disseminar notícias falsas, é um grande desafio para as forças populares e, neste contexto, a CUT sentiu necessidade de repensar a comunicação, os meios de produção e disseminação de informações voltadas para a classe trabalhadora.

O projeto Brigadas Digitais da CUT nasce como um instrumento estratégico para a classe trabalhadora ocupar as redes sociais e fortalecer a pressão em defesa das pautas e lutas do movimento sindical.

Para isso, vai preparar de maneira teórica e prática mais de 60 mil comunicadoras e comunicadores sindicais para que pensem, produzam e disseminem conteúdos, referenciados no projeto político defendido pela Central, em seus territórios de atuação, como o local de trabalho, a escola, a igreja, a comunidade, o sindicato, os territórios quilombolas e indígenas, entre outros.

Integrantes do Coletivo de Comunicação das CUTs nos estados e ramos, dirigentes sindicais, lideranças, trabalhadoras e trabalhadores em comunicação das entidades sindicais, educadoras e educadores militantes de sindicatos, trabalhadoras e trabalhadores nos seus locais de trabalho e  todo  movimento sindical CUTista estão sendo convidados para serem uma ou um comunicador popular, atuar em rede e de forma organizada em uma Brigada Digital para contribuir com a construção de uma nova política de comunicação que dialogue com a classe trabalhadora, com as pautas e saberes e sonhos da classe trabalhadora.

Para o presidente da CUT, Sérgio Nobre, que inclusive está sendo o embaixador e divulgando o projeto por todo país, o Projeto Brigadas Digitais da CUT é prioridade e fundamental para que a Central dialogue com milhões de pessoas no país, amplie a voz da classe trabalhadora nas redes sociais e impacte decisões no Congresso Nacional e dos patrões.

“Tem muita gente duvidando da nossa capacidade de conseguir articular e organizar nossa militância CUTista em uma rede de comunicação forte para influenciar decisões de governos e patrões na luta para recuperar nossos direitos e nosso país”, argumenta Sérgio.

“Este projeto será prioritário e fundamental para a vitória.  Nós vamos fazer, temos capacidade para isso porque somos CUT”, disse o presidente nacional da CUT em vídeo gravado para apresentar o projeto para toda a rede CUT.

Durante o mês de agosto, a CUT apresentou e aprovou o projeto com todos os representantes da Central nos estados e nos ramos, no dia 1º de setembro começam as inscrições e no dia 21 de setembro, a CUT está programando um Encontro de abertura do Mutirão da Comunicação – Brigadas Digitais da CUT. O percurso formativo será feito em 4 fases e tem como proposta formar quase 6 mil Brigadas Digitais até dezembro de 2022.

Como nasceu o Mutirão da Comunicação


Na live de 38 anos da CUT, que foi transmitida pela TVT, redes sociais da CUT e retransmitida por outros canais do movimento sindical, o secretário de Comunicação, Roni Barbosa, e a secretária de Formação da CUT Brasil, Rosane Bertotti, apresentaram o projeto e contaram como nasceu este Mutirão da Comunicação como processo de formação e organização das Brigadas Digitais.

De acordo com Roni, o projeto é resultado de um longo processo de construção coletiva, com muita gente pensando em como a CUT poderia reagir diante de tantos desafios que a classe trabalhadora está enfrentando no Brasil e conseguir mudar o rumo do país.

Segundo o secretário, só com uma rede de comunicação forte e grande será possível enfrentar e ser protagonista da mudança neste período difícil que o país vive, com o desemprego em massa, perda de direitos, a disparada dos preços, o retorno da fome, a destruição do meio ambiente, a falta de cuidado com a vida e o pior: a desesperança do povo.

“Tudo começou com as análises e reflexões que fizemos sobre os ataques da extrema direita, como eles usaram intensamente as redes sociais para espalhar as mentiras, chamadas de fake news, e conseguiram eleger um presidente da República que tenta implantar um projeto neofascista e ultraliberal de destruição do nosso país”, afirma o secretário, que finaliza fazendo o convite para a rede CUT participar do mutirão: “Você dirigente, militante ou uma liderança na sua categoria, que tenha respeito na sua comunidade, é hora também de influenciar o mundo digital”.

Bertotti disse que o projeto das Brigadas Digitais será uma grande jornada de formação em comunicação, falou da importância da unidade do campo popular democrático na luta e ressaltou a importância da mobilização e organização.

“É formação e é ação para derrotarmos os inimigos da classe trabalhadora, mas sabemos que para uma iniciativa desta dar certo, precisaremos do compromisso de todo movimento sindical CUTista. Precisaremos do empenho de cada um, da criatividade e da disciplina de cada um de vocês”, finalizou a dirigente.

Com informações de CUT e pt.org.br .

Gestão ambiental: partido discute desde abril proposta de ações locais e impactos globais

Desde abril, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores (SMAD-PT) promove ciclo de debates com diversos painéis sobre temas ambientais, políticos, sociais e econômicos para combater a crise climática no Brasil e no mundo.

PT discute estratégias inovadores sobre ações locais e impactos globais


O último encontro virtual trouxe ao PT a discussão de estratégias inovadoras sobre ações locais e impactos globais, com a participação de especialistas nacionais e internacionais.

Nilto Tatto, deputado federal (PT/SP) e secretário Nacional de Meio Ambiente do PT, abriu a discussão reforçando a importância de se construir um mundo mais justo e sustentável e falou do papel do partido de carregar o DNA ambiental desde a sua fundação, em 1980.

“Desde 2018, o PT tem a transição ecológica como uma de suas grandes prioridades, como eixo estruturante na construção de suas políticas. Em 2020, avançamos bastante na construção de um material que o partido sistematiza a cada dois anos, a partir das experiências de administração nas diversas esferas do governo. O tema assume um papel importante como ferramenta para reverter este momento de destruição social e ambiental, promovido pelo governo Bolsonaro”, destacou Tatto.

EUA de volta aos trilhos


David Livingstone, do gabinete presidencial especial para o Clima do Estados Unidos (EUA), afirmou que valoriza muito a relação com o Brasil e aprecia a oportunidade para desenvolver ações climáticas, uma economia mais limpa e uma transição energética necessária no mundo todo para evitar as mudanças climáticas.

Livingstone disse ainda que o Brasil e os EUA são grandes produtores agrícolas e de combustíveis. Portanto, possuem um significativo papel na descarbonização.

“Nosso objetivo se divide em três pilares: o primeiro é colocar os EUA de volta aos trilhos, exercer a liderança americana e liderar as ambições climáticas no mundo. Temos de arrumar a nossa própria casa. O presidente Biden se comprometeu com uma liderança forte na linha das mudanças climáticas, e assinou o documento que coloca os EUA de volta no Acordo de Paris. Nos comprometemos, até 2023, a reduzir as emissões de carbono em 50% a 52%, o que já melhora muito no compromisso feito por Obama”, explicou.

O representante americano afirmou que os esforços vão atingir todos os setores da economia americana como energia, agricultura e transporte. “Vamos gerar muitos empregos e avançar nos interesses de nossos aliados que têm ideias semelhantes”.

Além dos compromissos com o Marco do Acordo de Paris, os EUA tem ações complementares. Foi criado um plano de financiamento de clima para ajudar outros países a agirem contra a mudança climática. Segundo Livingstone, haverá o dobro de recursos com foco especial para a adaptação. A verba geral vai duplicar e, especificamente para adaptação, vai triplicar.

América Latina e Caribe


Camila Gramkow, doutora em economia e mudanças climáticas, comentou sobre a grave situação da crise social, sanitária e econômica que o Brasil, os países da América Latina e o Caribe passam.

“Essa crise chega na América Latina e Caribe em um momento, uma circunstância, de profundas brechas de desenvolvimento nos três pilares: econômico, social e ambiente. E isso significa que a amplitude desse evento se magnifica. Há aumento das desigualdades, da pobreza, o crescente efeito estufa e a destruição de florestas nativas”.

Conforma Camila, a pandemia tende a gerar uma adição de 22 milhões de pessoas em situação de pobreza nos países da América Latina e no Caribe, e no Brasil cerca de nove milhões a mais em situação de pobreza e mais de 500 mil em situação de pobreza extrema.

“É uma das facetas mais severas e cruéis da pandemia. Esse cenário nos mostra o quanto é urgente usarmos um novo estilo de desenvolvimento. Precisamos de uma recuperação transformadora, no sentido da sustentabilidade e da igualdade. O enfrentamento das emissões precisa ser coletivo, mundial”, ressaltou.

Desafios sociais


O especialista em desenvolvimento sustentável na Bélgica, Said El Khadraoui, comentou sobre o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que mostra mais uma vez que “estamos, sim, em meio a uma crise climática, e estamos nela juntos e todos precisam cooperar”.

Khadraoui enfatizou sobre a necessidade de analisar as intersecções entre meio ambiente e área social, sobre as considerações sociais. Ele explicou que o aquecimento global e a degradação gradual do meio ambiente, juntos, geram uma série de desafios sociais. “As pessoas mais vulneráveis sofrem, em primeiro lugar, e sofrem mais e isso acontece a nível global. É nos países mais pobres que vamos ver mais sofrimento com a mudança climática”.

Os segmentos mais ricos são os que mais contribuem com as altas emissões devido a seus padrões de consumo com grandes espaços de habitação, alto uso de energia, consumo, viagens de carro e aviões, segundo Khadraoui.

“Portanto, temos de absorver esses riscos sociais adicionais justamente para nos adaptarmos à nova realidade, que é um planeta em transição, mesmo que tenhamos ações rápidas, temos cada vez padrões mais disruptivos no clima. Agir não é uma opção, aqui nesse caso, mas tomar medidas ambiciosas por outro lado também provavelmente vai ter implicações sociais, porque os custos das políticas climáticas podem afetar os grupos vulneráveis mais do que os outros com a precificação, a externalidade de produtos e serviços, que é chave para mudar o comportamento das pessoas e obter o encerramento de práticas insustentáveis”.

China


A contribuição da China para a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) foi o tema da fala do pesquisador do Instituto Tricontinental da China, Marco Fernandes. Ele destacou que a questão ambiental está no limite e que o surgimento de cada vez mais tragédias ambientais no mundo inteiro só vai ser resolver em um trabalho de cooperação.

Fernandes também disse sobre a importância do retorno dos EUA no Acordo de Paris, e sobre outro grande acontecimento quando, em setembro do ano passado, a China anunciou uma meta de atingir o pico de emissão de carbono em 2030 e a neutralidade da emissão em 2060.

“A China emite 28% do dióxido de carbono do mundo, mas ela produz 28% dos bens industriais do mundo, gerando a metade do carvão e do cimento utilizando no planeta. Então, a produção e a emissão da China não é responsabilidade somente dela, e também dos países (200 pelo menos) que se beneficiam da produção. Portanto, a China não vai resolver o problema das mudanças climáticas sozinha”.

O alto uso de energia de carvão da China, com 58% da energia vindo de termelétrica, é visto como o grande vilão das emissões, conforme Fernandes. Ele compartilhou que, hoje, os chineses usam 15% da sua energia renovável e tem uma meta de passar de 15% para 25% de energia renovável em todo o seu consumo, em quatro anos.

“A China se tornou a maior produtora, investidora e consumidora de energia renovável no planeta. Ela gastou quase 800 bilhões de dólares em investimento total de energia renovável. É o país que mais investe em pesquisas e desenvolvimento, por exemplo. E pode ser um parceiro estratégico na América Latina, na África, pois tem uma experiência acumulada e pelo compromisso declarado”.

Ciclo de debates


O evento, promovido pela SMAD do PT, é organizado em parceria com o Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas de Meio Ambiente (NAPP), a Fundação Perseu Abramo (FPA) e a Fundação Friedrich Ebert do Brasil.

Assista o debate, na íntegra, abaixo:

Com informações de pt.org.br .

Influência política: "É tetra!". Não, é pelo 22º ano consecutivo. Partido lidera lista de parlamentares mais influentes do Congresso

Pelo 22º ano consecutivo, o Partido dos Trabalhadores lidera a lista dos parlamentares mais influentes no Congresso Nacional, conforme avaliação do  Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). A lista é preparada anualmente há 28 anos pelo Diap, com os 100 deputados e senadores que protagonizam o processo legislativo. A lista foi divulgada na sexta-feira ( 27).

Bancadas do PT no Congresso Nacional são destaques


O PT aparece em primeiro lugar com 17 parlamentares – 11 deputados e todos os seis senadores do partido. Entre eles os líderes na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass (RS), e no Senado, Paulo Rocha (PA). A presidenta nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e o líder da Oposição no Congresso, Arlindo Chinaglia (SP), também estão entre os mais influentes do Congresso.

Os cabeças do Congresso”, na definição do Diap, é integrado por parlamentares que conseguem se diferenciar dos demais pelo exercício de suas qualidades e habilidades.

Força do PT


Na lista dos mais influentes na Câmara estão, ainda, Afonso Florence (BA), Alexandre Padilha (SP), Carlos Zarattini (SP), Enio Verri (PR), Erika Kokay (DF), José Guimarães (CE), Paulo Pimenta (RS) e Paulo Teixeira (SP).

Além do líder do PT no Senado, Paulo Rocha,  constam também da lista de mais influentes do Congresso os senadores Jaques Wagner (BA), Jean Paul Prates (RN) , Humberto Costa (PE), Paulo Paim (RS) e Rogério Carvalho (SE).  Paim é o único parlamentar – seja como deputado ou senador – que está na lista do Diap desde a sua primeira edição, em 1994.

Está em “Ascensão” nesta edição de 2021, podendo figurar nas próximas edições dos “Cabeças” do Congresso Nacional, a deputada Maria do Rosário (PT-RS). Para o Diap, quem está em “ascensão” é  o parlamentar que vem recebendo missões partidárias, políticas ou institucionais e se desincumbindo bem delas. Estão também nessa categoria os parlamentares que têm buscado abrir canais de interlocução, criando seus próprios espaços e se credenciando para o exercício de lideranças formais ou informais no âmbito do Parlamento.

Ao longo dos 28 anos de levantamento do Diap, no acumulado o PT é o partido com a maior quantidade de congressistas a figurarem no ranking: 592 parlamentares. Em segundo lugar, está o PSDB, com 397. Na lista deste ano, figura 20,75% da Bancada do PT na Câmara e 100% da Bancada no Senado Federal.

A oposição ao governo Bolsonaro conta com 39% da elite e é liderada pelo PT, com 17 parlamentares. É seguido do PDT, com sete parlamentares, do PCdoB, com seis, do PSB, com quatro parlamentares, e do PSOL, também com quatro. O REDE tem um senador entre os mais influentes.

Na oposição ao governo são cinco novos parlamentares na elite do Parlamento. O PT destaca-se com três parlamentares que entraram para o seleto grupo dos “Cabeças” do Congresso Nacional 2021, seguido do PSOL e do PV com um novo representante cada. Os novos “Cabeças” do Congresso Nacional 2021 em relação ao número de mandatos revelam que há 13 parlamentares no 1º mandato, em 2º e 3º mandatos são três parlamentares cada e, no 4º mandato, apenas um.

Critérios


Dois partidos empatam no segundo lugar do ranking do Diap, que acompanha sistematicamente o dia a dia do Parlamento brasileiro:  PP, com seis deputados e três senadores e o DEM, com o mesmo número de deputados e senadores. Em terceiro, o MDB, com dois deputados e três senadores,  em quarto o PSDB e em quinto o PDT.

Segundo o Diap, Os “Cabeças” do Congresso Nacional são aqueles parlamentares que conseguem se diferenciar dos demais pelo exercício de todas ou algumas das qualidades e habilidades levadas em conta no levantamento. Entre os atributos que caracterizam um protagonista do processo legislativo, destacam-se a “capacidade de conduzir debates, negociações, votações, articulações e formulações, seja pelo saber, senso de oportunidade, eficiência na leitura da realidade, que é dinâmica, e, principalmente, facilidade para conceber ideias, constituir posições, elaborar propostas e projetá-las para o centro do debate, liderando sua repercussão e tomada de decisão”

A entidade afirma que neste ano a escolha dos parlamentares mais influentes foi impactada por dois episódios, ambos decorrentes da pandemia de Covid-19, que levou ao isolamento social. O primeiro foi a adoção do sistema remoto de deliberação, que dificulta identificar os parlamentares mais presentes nas articulações e negociações, já que estas ficam muito restritas aos líderes e relatores nesse período.

O segundo episódio foi o início da instalação das comissões permanentes da Câmara dos Deputados em meados de março e se estendendo até abril. Esses colegiados são instâncias importantes de poder, que ajudam a identificar quem tinha prestígio para ser indicado por suas bancadas para presidir um colegiado temático. Isto, entretanto, não impediu que se chegasse aos parlamentares mais influentes do ano em curso, afirma o Diap.

Clique aqui e confira o estudo completo do Diap

Com informações de PT na Câmara e pt.org.br .

Mineração: garimpo ilegal cresce e supera atividade industrial no setor

Na mira de Bolsonaro, as terras indígenas no Brasil sofrem, diariamente, ameaças de extinção. O crescimento desenfreado do garimpo no país é maior que a mineração industrial e acontece principalmente em áreas protegidas e de conservação ambiental.

Garimpo avança no Brasil e é maior que a mineração industrial


Na mira de Bolsonaro, as terras indígenas no Brasil sofrem, diariamente, ameaças de extinção. O crescimento desenfreado do garimpo no país é maior que a mineração industrial e acontece principalmente em áreas protegidas e de conservação ambiental.

Em 2020, metade da área nacional do garimpo ocupava unidades de conservação (40,7%) ou de terras indígenas (9,3%). Os dados são de um levantamento realizado pela organização MapBiomas, divulgados nesta segunda-feira, 30.

Conforme o estudo, a Amazônia possui 93% de todo o garimpo realizado no Brasil, e a área ocupada pela mineração industrial chega à metade da área do garimpo, com 49,2%.

Em terras indígenas, as maiores áreas de extração de minérios, que é uma atividade ilegal, estão em território Kayapó e Munduruku, ambos no Pará, e em terras dos Yanomami, no Amazonas e em Roraima. O crescimento foi de 495%.

O Pará também concentra as unidades de conservação com maior atividade garimpeira do Brasil. As três maiores são: a Área de Proteção Ambiental do Tapajós (34.740 ha), a Flona do Amaná (4.150 ha) e o Parna do Rio Novo (1.752 ha).

Para a secretária Nacional de Movimentos Populares do PT, Vera Lúcia Barbosa, o avanço do garimpo em terras indígenas e em áreas de preservação ambiental nos últimos anos reforçam o compromisso dos governos de direita com a destruição da Amazônia e dos povos indígenas.

“O Marco Temporal para demarcar terras indígenas é um exemplo de que esse governo é leal apenas aos interesses do agronegócio, que é uma das principais bases de apoio do presidente Bolsonaro. A votação da próxima quarta-feira, 1º, será decisiva para garantir a não-violação dessas terras e a defesa contra a exploração ilegal do garimpo. Eles estão querendo apenas o mínimo, que seja reconhecido o seu direito de ter uma terra demarcada, e é por isso que precisamos pressionar o Congresso e o STF.”

Crime ambiental


A exploração do garimpo em terras indígenas é uma das principais estratégias de criminosos ambientais, segundo o secretário Nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do PT, Nilto Tatto. Ele explica que há conexões poderosas junto a grandes fazendeiros e conglomerados internacionais, para isolar, perseguir e se possível exterminar os povos indígenas.
“Desde o início de seu mandato, Bolsonaro tem pressionado muito a Câmara dos Deputados para aprovar o PL que permitirá a mineração em terras indígenas de forma desenfreada, o que hoje é proibido. Muitos dos financiadores dos esquemas de desestabilização da democracia colocados em prática por Bolsonaro vem desses setores, uma banda podre do agronegócio brasileiro, e por isso o presidente quer pagar a conta. Derrotar Bolsonaro, seja nas urnas ou num processo de impeachment, não é só uma questão política. É também de sobrevivência para os indígenas, quilombolas e demais povos originários. Fora Bolsonaro já”!

Julgamento do Marco Temporal


Além de enfrentar conflitos constantes com os garimpeiros, os povos indígenas aguardam, em Brasília, o julgamento do Marco Temporal. A pauta, que pode mudar definitivamente a vida dos indígenas e seria julgada na semana passada, foi novamente adiada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para esta nesta quarta-feira, 1º de setembro.

Pelos menos seis mil indígenas ocuparam a Praça da Cidadania, na capital federal, para acompanhar o julgamento e para lutar contra a agenda anti-índigena do Congresso Nacional. Após novo adiamento na votação, ficaram 1000 representantes de diferentes etnias para seguir com a mobilização até 2 de setembro.

Com informações de Valor Econômico , G1 e pt.org.br .

Cinco anos do golpe de 2016: "Democracia foi corroída", diz ex-presidenta

Cinco anos depois de ser afastada da Presidência da República por um impeachment sem crime de responsabilidade, a economista Dilma Rousseff tem uma visão clara do processo que culminou com sua queda, levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão e a ascensão do extremista Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto.

Dilma faz um balanço dos últimos cinco anos: “O Golpe de 2016 é o ato zero do golpe, é o ato inaugural, mas o processo continua"


De sua casa em Porto Alegre, onde permanece desde o início da pandemia — saiu apenas duas vezes para uma viagem a São Paulo e outra ao México — a ex-presidenta permanece atenta e acompanha com interesse os desdobramentos da crise política que o país atravessa há meia década. Ela diz que o quadro é de deterioração geral: econômica, social e institucional.

Para ela, o drama que o país vive hoje é fruto direto do Golpe de 2016, um processo de corrosão democrática inaugurado em 31 de agosto daquele ano, quando o Senado aprovou o seu afastamento. “O golpe permitiu dois crimes imediatos contra o país: o teto dos gastos — que tirou o povo do orçamento, afetando os programas sociais e os investimentos — e a destruição da Amazônia”, lamenta.

“O golpe não foi brando. Não foi nada brando. E, lembre-se, o golpe vem em etapas. É um processo”, aponta. “O Golpe de 2016 é o ato zero do golpe, é o ato inaugural, mas o processo continua. É o pecado original dessa crise que o país atravessa. É a partir dali que se desenrola todo o processo golpista”.

Nesta entrevista à Focus Brasil, Dilma trata da conjuntura e especula que a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022 será o primeiro passo para a reconstrução do país, mas o que o Brasil terá pela frente não será fácil. “Vai haver muita dificuldade. Na área ambiental, por exemplo, alguns efeitos da política de devastação promovida podem ser permanentes. Não sei… O que houve de deterioração, por exemplo, quanto às reservas indígenas, é preocupante. Eu estou preocupada”, diz. A seguir, leia os principais trechos da entrevista:

Focus Brasil — Passados cinco anos do impeachment fraudulento, há espaço para um novo golpe?

Dilma Rousseff — É preciso entender o jogo. O golpe ocorreu em 31 de agosto de 2016. O que estamos vivendo agora é a possibilidade de um novo golpe baseado nas formas derivadas da guerra híbrida. Lá atrás, houve um golpe parlamentar, judiciário e midiático. Mas, sobretudo, um golpe do setor financeiro, do capitalismo financeirizado. Um golpe neoliberal. Não houve uma intervenção clássica militar, mas uma manipulação das regras legais. Apesar de aparentemente eles respeitarem os procedimentos, desrespeitaram as leis, criando crimes onde não existiam. Ali aconteceu uma ruptura violenta contra o status quo da democracia.

— Por quê?

— Porque vai ensejar todas as medidas que vão levar a volta da pobreza no Brasil e a volta do desemprego. Ali, permitiu-se tomar as medidas que comprometeram a soberania nacional, seja a venda de estatais ou o esquartejamento da Petrobrás, ou aquele absurdo da Eletrobrás, que é um escândalo! Fizeram uma feira da Eletrobrás, como se fosse passível de colocar numa quermesse do interior…

— E a crise de energia está aí…

  Corremos um imenso risco de racionamento, apagão, e já estão em prática as mais altas taxas e tarifas de energia elétrica. E isso tudo para não falarmos no que está acontecendo com a política de preços da Petrobrás — hoje inteiramente atrelada ao mercado internacional de petróleo e aos interesses financeiros. É isso que leva o gás de cozinha a R$ 120 o botijão. É o esquartejamento da Petrobrás que permitiu isso. Ela foi criada para ser uma empresa integrada de energia, verticalizada — do poço de petróleo ao poste, à bomba de gasolina… Era a Petrobrás que permitia ao país ter termoelétricas de ciclo combinado. Quando o presidente Lula assumiu o governo, ainda sentíamos a crise de 2001…

— O apagão…

— …do presidente Fernando Henrique Cardoso.

— Mas eles construíram térmicas.

— Mas não construíram gasodutos, que possibilitava levar térmicas para onde era necessário. Fizeram as térmicas no Nordeste sem ter gasodutos entregando gás em quantidade suficiente para movimentar as turbinas. Foi no governo Lula que foi construído o gasoduto do Nordeste, o conhecido Gasene, para levar o gás natural da Bacia de Santos para o Nordeste, em parceria com a China.

— Que o Bolsonaro privatizou, né, na bacia das almas?

— Venderam o Gasene e isso é um crime.

— Tudo só foi possível com o Golpe de 2016.

— Por isso que não dá para dizer que é um golpe brando. Não foi um golpe brando coisíssima nenhuma.

— Parece a Folha com a história da ditabranda.

— Exatamente. Não existe golpe brando, como não existe ditadura branda. O Golpe não só corroeu a democracia, como a gente está vendo, mas é responsável pelo aumento da pobreza porque antes de começar a pandemia, em 2020, já havia um aumento extraordinário da miséria e os primeiros indícios da fome.

— Retrocessos em série.

— Porque o golpe permitiu dois crimes imediatos contra o país: o teto dos gastos — que tirou o povo do orçamento, afetando os programas sociais e os investimentos — e a destruição da Amazônia.

— Os ricos preferem ter o controle do orçamento público.

— Sim. E por longos 20 anos. O que, afinal, se decide numa eleição? Onde serão gastos os recursos públicos e a destinação do dinheiro para políticas. Quando se tira essa possibilidade por duas décadas — decidir para onde irão os recursos durante cinco eleições —, o que se fez foi invadir a democracia. Resumindo: colocaram na Constituição a política de austeridade fiscal.

— Constitucionalizaram o arrocho.

— E a política de ajuste fiscal e o papel do Estado na economia, reduzindo o gasto social, o gasto da educação, da ciência e da saúde. Decidiram colocar na Constituição a redução dos investimentos que criam a infraestrutura social.

— E a segunda coisa?

— A destruição do meio ambiente no Brasil. Essa política de Estado que foi agora adotada oficialmente pelo governo Bolsonaro. E essa talvez seja a maior tragédia, porque não tem volta, né?

— Não tem como recuperar?

— Tem coisas que você destrói na natureza que leva décadas e às vezes até séculos para reconstruir. O que eles estão fazendo na Amazônia é um absurdo. Abriram a Amazônia para uma coisa que nós jamais permitimos e nenhum governo anterior: a entrada das grandes empresas mineradoras.

— A boiada do Ricardo Salles.

— Sim. Passar a boiada é isso. Por isso que eu digo que o golpe não foi brando. Contei isso tudo para dizer isso. O golpe não foi nada brando. E, lembre-se, o golpe vem em etapas.

— Assim como na ditadura.

— Isso… Nos 21 anos da ditadura militar, você teve primeiro 1964, depois 1968 — a decretação do AI-5, em 13 de dezembro de 1968 —, depois veio o Pacote de Abril de 1977, com a disputa dura entre Geisel [presidente-general Ernesto Geisel] e o Frota [General Silvio Frota]. Geisel levou a melhor e a linha dura saiu derrotada, mas tentou de novo endurecer o regime com os atentados à OAB, às bancas de jornal e o Riocentro [em abril de 1981, uma bomba explode no centro de convenções no Rio de Janeiro, numa ofensiva terrorista armada por agentes do aparelho da repressão da linha dura militar].

— Uma disputa dentro do regime militar.

— Lembre que toda ditadura é um processo. Por isso que eu digo que o Golpe de 2016 é o ato zero do golpe, é o ato inaugural, mas o processo continua. É o pecado original dessa crise que o país atravessa. Foi a partir dali que se desenrolou todo o processo golpista.

— E também tem vários momentos marcantes.

— O que eu chamo de atos. O ato seguinte ao golpe do impeachment foi a prisão do Lula [em abril de 2018]. Ali, o que se queria era inviabilizar a possibilidade dele vir a ser candidato. E, portanto, estaria garantido o processo de reprodução do próprio golpe. Ora, se o Lula é eleito, o golpe seria interrompido. Mas, não bastou prendê-lo. Afinal, ele não perdeu a popularidade que desfrutava. Ainda era competitivo. E não perdeu a confiança do povo. Daí então, passa-se a um novo ato do golpe: a interdição de Lula do processo eleitoral. Ele é condenado, preso e, finalmente, tiraram-no das eleições de 2018. Não pode falar e nem fazer campanha. O golpe foi se aprofundando. E já tinham tirado o gênio da garrafa…

— Como assim?

— Quando digo o gênio da garrafa, eu falo dos militares. Lembra que no governo Temer, deram uma importância grande aos militares, voltando a ter o GSI — entregue ao General Sérgio Etchegoyen —, levando um militar para dirigir o Ministério da Defesa? Isso nunca tinha acontecido. Entregar o Ministério da Defesa a um militar. Nem Fernando Henrique…

— Que tinha nomeado um civil para a Defesa [ex-senador Élcio Álvares (PSDB-ES)]…

— Mas também tem outro aspecto importante ali no governo Temer: a intervenção militar no Rio de Janeiro. É uma marca inequívoca da volta dos militares à política. Então, veja, são dois movimentos acontecendo paralelamente até a interdição do Lula.

— A ação era por conta da situação da segurança no Rio.

— Mas não foi uma operação típica de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Deram um passo além. Houve uma intervenção.

— E o interventor ali é ninguém menos do que o atual ministro da Defesa, General Braga Netto…

— [interrompendo] Mas, mais importante ali, é que todas as coisas do mundo do crime, em termos de poder de contaminação, explodem ali para cima do alto oficialato. Não estou falando do soldado, mas dos oficiais. Eles jamais tinham feito policiamento e passam ali a fazer esse tipo de ação nas ruas… Fazendo rondas. E não sabemos, nessa altura do campeonato, o que aconteceu com Marielle [a vereadora Marielle Franco, do PSOL do Rio, assassinada a queimar-roupa em 14 de março de 2018]. O processo chegou a esse nível de radicalização. Por que as milícias resolvem encarar a morte de uma vereadora?

— O crime não foi elucidado até agora…

— E não interessa se os filhos [de Bolsonaro] estão metidos nessa junto com o pai [o presidente da República]. As suspeitas permanecem, mas o que digo que ali foi se armando esse processo do país caindo para a direita. O Golpe de 2016 permitiu isso tudo. Inequivocamente, você tem uma trajetória no Brasil para que a direita cresça. Precisamos lembrar que temos lá atrás o integralismo.

— A senhora tem razão, há uma base social e histórica.

— Temos uma matriz integralista forte e vamos lembrar que quem elaborou o Plano Cohen [o suposto levante dos comunistas para tomar o poder em 1937] foi o capitão integralista Olímpio Mourão que depois se tornaria general e um dos conspiradores do Golpe de 1964. E ainda tem a própria concepção do inimigo interno dentro das Forças Armadas, que vem da época da Guerra Fria. Então, há um substrato que é responsável por essa ojeriza que existe no Brasil à inclusão social, que é a escravidão.

— Uma chaga ainda aberta na sociedade brasileira, né?

— A escravidão é responsável por termos padrões de pobreza tão inimagináveis no século 21 e essa situação do desprezo que parte da alta sociedade brasileira tem pelo povo. Isso só tem paralelo com a coisificação do escravo — “Não eram gente, eram coisas”… 

— O que explica essa violência contra o povo…

— Veja que curioso, eu achava que o “pau de arara” [instrumento de tortura usado pelas polícias e pela ditadura militar contra adversários políticos] vinha da guerra da Argélia [entre 1954 e 1962]. Mas vi um retrato do Debret [Jean-Baptiste Debret, pintor francês que deixou a obra Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, depois de passar 15 anos no país, entre 1816 e 1831, retratando os costumes e a corte portuguesa] que mostra um escravo no chão preso a uma espécie de pau-de-arara. Então, veja, o pau-de-arara é coisa nossa: um resquício da escravidão.

— O açoite, o suplício ao negro pelo capitão do mato… Um retrato do Brasil que permanece na cabeça de parte da polícia e dos políticos. Passado e presente.

— É este o retrato do processo, que eu estava falando. Essa saída do gênio da lâmpada, dos militares de volta à política. E eles gostaram e não querem voltar para a garrafa. E daí o Twitter do Villas-Boas [então comandante do Exército, em 2018, General Eduardo Villas-Boas], na véspera do julgamento do habeas corpus do Lula pelo STF.

— E o STF acolheu a “sugestão”.

— Sim. A pressão encontrou respaldo no Supremo, que a aceitou. O presidente do STF na época tinha colocado um general [Luiz Azevedo e Silva, ministro da Defesa no governo Bolsonaro até março de 2021] como seu assessor. Em nenhuma democracia do mundo, a Suprema Corte aceita ser tutelada pelo Exército, essa história do Poder Moderador exercido pelas Forças Armadas. E é o que eles argumentam.

— E os generais Heleno [Augusto Heleno, do GSI], Ramos [Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral da Presidência] e Braga Netto  [ministro da Defesa] repetem isso à exaustão, com naturalidade, essa tutela…

— É uma leitura distorcida daquele compromisso assumido na transição política, durante a redemocratização, que jamais, em momento algum, o processo de negociação deixou de ser conduzido pelo Exército. Uma das coisas principais que foram negociadas é que o controle ficaria com o Exército. E ficou…

— O Golpe de 2016 tem também semelhanças com processos anteriores porque nunca se admitiu que era um golpe.

— Como em 1964, o golpe se recusa a ser chamado de golpe, desde o primeiro momento. Havia, inclusive, durante o processo do impeachment, deputados e senadores [Julio Lopes (PP-RJ), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Pauderney Avelino (DEM-AM), Rubens Bueno (PP-PR), Antonio Imbassahy (PSDB-BA) e Paulo Pereira da Silva (SDD-SP)] que entraram no STF pedindo que eu fosse interpelada porque eu chamava o golpe de golpe.

— A ministra Rosa Weber a questionou, inclusive?

— Demos resposta bem dura.

— A grande imprensa brasileira jamais também tratou o Golpe de 2016 como golpe.

— É. Nem jamais fez autocrítica.

— E a senhora continua banida, na Sibéria Midiática pela TV Globo, para lembrar uma expressão do Leonel Brizola e do Chico Buarque. A senhora jamais foi ouvida e nunca é convidada para nenhum programa…

— E nunca houve uma revisão judicial sobre minha situação. Essa autocrítica também não vão fazer.

— Há sempre um constrangimento da mídia nativa para tratar desse período, enquanto a imprensa estrangeira aponta que houve golpe.

— Teve o episódio em que Otávio Frias Filho [então publisher da Folha, em junho de 2016], bateu boca com uma jornalista inglesa [Sue Branford] num painel sobre mídia e democracia, em Londres (Mídia, Percepção e a Consolidação da Democracia Brasileira, na Brazil Forum]. Ela tinha sido correspondente no Brasil e fez duras críticas à chamada grande mídia nacional, citando a concentração de propriedade de emissoras e veículos nas mãos de poucas famílias, todas conservadoras, e a manipulação de notícias. E o Otavinho, furibundo, reagiu, apelou e a acusou de ser petista.

— Teve ainda o artigo no Guardian do David Miranda criticando a cobertura da Globo e o João Roberto Marinho também reagiu, mandou carta para o jornal.

— Sim. Isso mesmo… Eles não aceitam críticas.

— E essa mesma mídia agora alerta sobre a possibilidade de um golpe por Bolsonaro.

— Como se não tivéssemos já vivido o golpe, que já aconteceu. O que estamos vivendo são as etapas do possível endurecimento do regime político no Brasil. O governo flertando com a possibilidade de um golpe dentro do golpe.

— A senhora alertou que o golpe permitiria a corrosão da democracia — o que de fato aconteceu, tendo em vista a deterioração crescente das instituições do país. A metáfora usada era a árvore da democracia ser contaminada por parasitas e fungos que a corroeriam por dentro. E agora o próprio Poder Judiciário faz um alarde…

— E por que só agora o Judiciário percebeu?

— Então, boa pergunta. Qual a sua opinião?

— Porque chegou neles. Chegou agora neles. Quando eu disse, há cinco anos, que o golpe não ficaria ali, é porque sabia que haveria um avanço rápido sobre todas as instituições. 

— Como no poema de [Bertold] Brecht?

— Sim. Primeiro, foram os comunistas… Depois, os social-democratas. Depois, os conservadores, e enfim, fui levado. O que aconteceu com o Supremo é que, a partir de um determinado momento, como no episódio de colocar um assessor das Forças Armadas dentro do gabinete do presidente do STF, houve uma concessão que partiu do próprio Supremo, do ministro Dias Tóffoli. E já era um troço absurdo. E sem precedentes.

— Nem durante a ditadura isso aconteceu, quando cassaram ministros, como Evandro Lins e Silva e outros, colocou-se um homem do Exército na antessala da Presidência da Suprema Corte…

— Pois é. E como é que começa agora este momento de radicalização do Supremo? Começa com o fato de que o Executivo estava tentando colocar o STF de joelhos, colocando estruturas como Receita e PF a investigar os ministros da Corte. Passa pelas fake news contra os ministros e, depois, com Eduardo Bolsonaro ameaçando: “É preciso apenas um soldado e um cabo do Exército para fechar o Supremo”. Até chegar à manifestação pelo fechamento do Supremo…

— Isso. Em 2020, na frente do Quartel do Exército, em Brasília, com a presença do presidente Jair Bolsonaro em cima de um palanque, quando manifestantes defenderam o fechamento da Corte e a volta do AI-5.

— E não aconteceu nada. Todas as instituições foram sendo enquadradas.

— Havia até pouco tempo a ilusão de parte do establishment brasileiro de que era possível moderar o presidente…

—Ele não tem o chip da moderação. É intrínseco a ele o conflito. Ele precisa do conflito. Em março de 2019, ele declarou nos Estados Unidos: Eu não vim para reconstruir. Se eu conseguir acabar com o que eles fizeram, eu me darei por satisfeito. Ele não veio reconstruir nada, refazer nada. Não se interessa por isso. O que ele sempre disse que quer: acabar com os comunistas e os esquerdistas que operam no Brasil. É isso. A frase que ele disse foi: “O Brasil não é um terreno aberto onde nós iremos construir coisas para nosso povo. Nós temos que desconstruir muita coisa”. Ele foi claríssimo. Além disso, Bolsonaro tem essa estratégia de conflito. É um neofascista. É aquela estratégia: bota o bode na sala. E depois tira. Depois bota dois bodes na sala e tira um. Mais adiante, são quatro bodes na sala. E ele volta e tira um… Então, vão ficando sempre mais bodes, sucessivamente. E o Bolsonaro sempre fez isso. Desde o começo.

— É seu modus operandi…

— Ele não faz gestão. Não há discussão dentro do governo sobre ciência, meio ambiente… Não tem política e nem gestão. É um vazio. Nesse processo, estamos nessa fase: ele marca a data para ver se faz o ensaio geral do golpe. Sete de Setembro é isso. Se ele disse que vai comparecer pessoalmente em São Paulo e em Brasília, tá marcando a data para testar.

— E há uma infiltração do bolsonarismo nas polícias estaduais e em diversos setores. Basta lembrar que um dos suspeitos da morte de Marielle [Adriano da Nóbrega] no interior da Bahia, aconteceu numa operação da polícia baiana, que já tem um histórico de rebeliões policiais. A mesma coisa no Ceará. E políticos falam que é hora de nós apaziguarmos os ânimos, de nos desarmamos, como se todos estivessem armados e não apenas o bolsonarismo.

— Ele vai testar a capacidade dele de mobilizar. Se for muito grande…

— Diante de tantos retrocessos, é possível ao novo governo, a partir de 2023, recuperar o país? A senhora acredita?

— Vai haver muita dificuldade. Na área ambiental, por exemplo, alguns efeitos da política de devastação promovida podem ser permanentes. Não sei… O que houve de deterioração por exemplo quanto às reservas indígenas, é preocupante. Estou preocupada. A marcha dos indígenas é importante. O esquartejamento da Petrobrás terá grandes consequências. O que é preciso rever é o teto dos gastos. Isso está claro. Imagine, se no meu governo eu tivesse feito isso com os precatórios que o Paulo Guedes está propondo?

— O calote geral interno!

— Isso é muito grave. Muito grave! De todas essas tramoias fiscais, esta é a mais grave. É o Estado dando um calote. Outra coisa: ainda não sabemos o nível de deterioração no BNDES. Isso é instrumento para a retomada do crescimento. Nem o setor privado segura. Não existe investimento com capital próprio.

— E a Petrobrás antecipando bônus aos diretores?

— Isso não ocorre nem nos Estados Unidos. É um escândalo. 

Com informações de Focus Brasil e pt.org.br .