O ex-presidente Lula (PT) disse na manhã desta sexta-feira (13) que não acredita que a polarização prevista para as eleições de 2022 seja um problema para o Brasil. Ele admitiu que o PT cometeu erros, que precisam ser revistos para a próxima campanha eleitoral. Pré-candidato à presidência da República, Lula concedeu entrevista à CBN Diário e ao Diário Catarinense.
- As pessoas não têm que ter medo da polarização. O povo vai ter que escolher entre a democracia e o fascimo - afirmou.
De sua casa, em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente falou pela primeira vez a Santa Catarina desde 2018, quando passou pelo Estado no período que antecedeu sua prisão. O momento é outro: com as condenações anuladas e novamente elegível, Lula lidera as pesquisas eleitorais.
O ex-presidente afirmou que as últimas eleições foram uma "anomalia", e disse acreditar que é possível para o PT recuperar o patrimônio eleitoral no Estado. Santa Catarina, que hoje é um dos estados mais bolsonaristas do país, já deu importantes vitórias para Lula - em 2002, o presidente teve votação suficiente no Estado para levar as eleições no primeiro turno.
Na entrevista, Lula reconheceu que o partido errou e se disse disposto a revisar o passado.
- O PT está colhendo em Santa Catarina o resultado dos erros que o PT cometeu. Acho que o PT deve ter cometido muito erros, e eu devo ter cometido muitos erros também. Como nós vamos entrar numa outra eleição, num outro momento político, não custa nada a gente avaliar o que que fizemos de certo, e o que fizemos de errado”.
Lula criticou o presidente Jair Bolsonaro, a quem acusou de não ter "compromisso com a verdade". O ex-presidente citou a condução da pandemia, afirmando que foi minimizada pelo governo. Também citou a última visita de Bolsonaro ao Estado, no fim de semana, quando ele esteve em Jonville e Florianópolis.
- Eu soube que a última vez que o presidente foi aí foi para entregar dois caminhões. Dois caminhões para o Corpo de Bombeiros. Ou seja, por falta do que fazer o presidente faz uma viagem para entregar dois caminhões de bombeiro
O ex-presidente disse que o PT votaria a favor de um processo de impeachment de Bolsonaro no Congresso Nacional - mas evitou uma defesa mais enfática do processo de impedimento. Questionado se prefere que Bolsonaro termine o mandato para enfrentá-lo nas urnas, Lula desconversou:
- Eu não escolho candidato, não escolho adversário. As pesquisas mostram que eu estou na frente. Quem tem que falar sobre impeachment é o presidente da Câmara, ele recebeu mais de 150 pedidos e não botou em votação.
Lava Jato
Lula citou duas vezes a força-tarefa da Operação Lava Jato, que resultou em sua prisão em 2018 - o que o impediu de concorrer nas últimas eleições contra Bolsonaro. A primeira, quando questionado pelo colega Anderson Silva sobre as denúncias de corrupção que envolveram o Partido dos Trabalhadores. A segunda, ao responder a mim sobre sua postura em relação a nomeações importantes, como a do Procurador Geral da República (PGR), se for eleito.
- Quando fui prestar o primeiro depoimento, e foi transmitido isso, eu disse (ao Moro): você está condenado a me condenar, porque a mentira já foi longe demais e eu vou provar que é mentira. Depois da decisão da Suprema Corte, eu não venho efetivamente que provar mais nada. A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba virou uma quadrilha, criando um fundo especial de R$ 2,5 bilhões pagos pela Petrobras a pedido dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o Moro julgou de forma equivocada e mentirosa - afirmou.
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