Desde abril, a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Partido dos Trabalhadores (SMAD-PT) promove ciclo de debates com diversos painéis sobre temas ambientais, políticos, sociais e econômicos para combater a crise climática no Brasil e no mundo.
O último encontro virtual trouxe ao PT a discussão de estratégias inovadoras sobre ações locais e impactos globais, com a participação de especialistas nacionais e internacionais.
Nilto Tatto, deputado federal (PT/SP) e secretário Nacional de Meio Ambiente do PT, abriu a discussão reforçando a importância de se construir um mundo mais justo e sustentável e falou do papel do partido de carregar o DNA ambiental desde a sua fundação, em 1980.
EUA de volta aos trilhos
David Livingstone, do gabinete presidencial especial para o Clima do Estados Unidos (EUA), afirmou que valoriza muito a relação com o Brasil e aprecia a oportunidade para desenvolver ações climáticas, uma economia mais limpa e uma transição energética necessária no mundo todo para evitar as mudanças climáticas.
Livingstone disse ainda que o Brasil e os EUA são grandes produtores agrícolas e de combustíveis. Portanto, possuem um significativo papel na descarbonização.
“Nosso objetivo se divide em três pilares: o primeiro é colocar os EUA de volta aos trilhos, exercer a liderança americana e liderar as ambições climáticas no mundo. Temos de arrumar a nossa própria casa. O presidente Biden se comprometeu com uma liderança forte na linha das mudanças climáticas, e assinou o documento que coloca os EUA de volta no Acordo de Paris. Nos comprometemos, até 2023, a reduzir as emissões de carbono em 50% a 52%, o que já melhora muito no compromisso feito por Obama”, explicou.
O representante americano afirmou que os esforços vão atingir todos os setores da economia americana como energia, agricultura e transporte. “Vamos gerar muitos empregos e avançar nos interesses de nossos aliados que têm ideias semelhantes”.
Além dos compromissos com o Marco do Acordo de Paris, os EUA tem ações complementares. Foi criado um plano de financiamento de clima para ajudar outros países a agirem contra a mudança climática. Segundo Livingstone, haverá o dobro de recursos com foco especial para a adaptação. A verba geral vai duplicar e, especificamente para adaptação, vai triplicar.
América Latina e Caribe
Camila Gramkow, doutora em economia e mudanças climáticas, comentou sobre a grave situação da crise social, sanitária e econômica que o Brasil, os países da América Latina e o Caribe passam.
“Essa crise chega na América Latina e Caribe em um momento, uma circunstância, de profundas brechas de desenvolvimento nos três pilares: econômico, social e ambiente. E isso significa que a amplitude desse evento se magnifica. Há aumento das desigualdades, da pobreza, o crescente efeito estufa e a destruição de florestas nativas”.
Conforma Camila, a pandemia tende a gerar uma adição de 22 milhões de pessoas em situação de pobreza nos países da América Latina e no Caribe, e no Brasil cerca de nove milhões a mais em situação de pobreza e mais de 500 mil em situação de pobreza extrema.
Desafios sociais
O especialista em desenvolvimento sustentável na Bélgica, Said El Khadraoui, comentou sobre o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que mostra mais uma vez que “estamos, sim, em meio a uma crise climática, e estamos nela juntos e todos precisam cooperar”.
Khadraoui enfatizou sobre a necessidade de analisar as intersecções entre meio ambiente e área social, sobre as considerações sociais. Ele explicou que o aquecimento global e a degradação gradual do meio ambiente, juntos, geram uma série de desafios sociais. “As pessoas mais vulneráveis sofrem, em primeiro lugar, e sofrem mais e isso acontece a nível global. É nos países mais pobres que vamos ver mais sofrimento com a mudança climática”.
Os segmentos mais ricos são os que mais contribuem com as altas emissões devido a seus padrões de consumo com grandes espaços de habitação, alto uso de energia, consumo, viagens de carro e aviões, segundo Khadraoui.
China
A contribuição da China para a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) foi o tema da fala do pesquisador do Instituto Tricontinental da China, Marco Fernandes. Ele destacou que a questão ambiental está no limite e que o surgimento de cada vez mais tragédias ambientais no mundo inteiro só vai ser resolver em um trabalho de cooperação.
Fernandes também disse sobre a importância do retorno dos EUA no Acordo de Paris, e sobre outro grande acontecimento quando, em setembro do ano passado, a China anunciou uma meta de atingir o pico de emissão de carbono em 2030 e a neutralidade da emissão em 2060.
“A China emite 28% do dióxido de carbono do mundo, mas ela produz 28% dos bens industriais do mundo, gerando a metade do carvão e do cimento utilizando no planeta. Então, a produção e a emissão da China não é responsabilidade somente dela, e também dos países (200 pelo menos) que se beneficiam da produção. Portanto, a China não vai resolver o problema das mudanças climáticas sozinha”.
O alto uso de energia de carvão da China, com 58% da energia vindo de termelétrica, é visto como o grande vilão das emissões, conforme Fernandes. Ele compartilhou que, hoje, os chineses usam 15% da sua energia renovável e tem uma meta de passar de 15% para 25% de energia renovável em todo o seu consumo, em quatro anos.
Ciclo de debates
O evento, promovido pela SMAD do PT, é organizado em parceria com o Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas de Meio Ambiente (NAPP), a Fundação Perseu Abramo (FPA) e a Fundação Friedrich Ebert do Brasil.
Assista o debate, na íntegra, abaixo:
Com informações de pt.org.br .
Nenhum comentário:
Postar um comentário