É sintomático que Jair Bolsonaro tenha divulgado, no final de semana, uma foto onde, ao lado do apresentador Sikêra Junior e de ministros de seu governo, aparece segurando um cartaz com um CPF coberto com uma faixa escrita “cancelado”. A expressão “CPF cancelado” é comum entre a polícia e grupos de extermínio ligados à milícia e faz referência à eliminação de “inimigos”. Não é sem propósito que a foto tenha sido divulgada justamente na semana em que o Brasil deve ultrapassar a trágica marca de 400 mil mortos por Covid-19. Ela confirma o afinco com o qual Bolsonaro se dedica a exterminar a população brasileira.
Em meio ao cenário de guerra, Bolsonaro trata de manter-se fiel à estratégia de livre circulação do vírus. Na lamentável entrevista concedida a Sikêra Jr, o ocupante do Planalto voltou a defender que é preciso “parar de fechar tudo” e que “máscara incomoda todo mundo”. Assegurou ainda que “rapidamente” o país vai chegar a uma imunidade de rebanho e que “não justifica o lockdown”.
600 mil mortos até agosto
Como nada deve mudar nos próximos meses, principalmente no que depender de Bolsonaro, o massacre da população deve continuar. Segundo projeções do chefe de estratégias para saúde pública do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington, Ali Mokdad, o país poderá chegar a 611 mil óbitos por causa da Covid-19 até agosto.
O pesquisador, que faz projeções para a Casa Branca, ressaltou que o Brasil poderá ser o país com mais mortes por habitante no mundo caso o governo mantenha o quadro atual. “Acabamos de finalizar uma nova estimativa que aponta até 611 mil mortes no Brasil até agosto”, declarou Mokdad ao jornal Valor, nesta segunda-feira (26).
“O inverno deve piorar a situação. Por sorte, as vacinas têm se mostrado eficazes em reduzir as mortes, mas a vacinação está atrasada no país”, lembrou o pesquisador.
Falso dilema
Mokdad destaca que ao menos 63 mil mortes podem ser evitadas se medidas de proteção eficazes forem de fato adotadas, como o distanciamento social e a restrição de atividades não essenciais. “Do lado do governo [brasileiro], foram muitas as vozes que não levaram a covid-19 a sério e não deram o exemplo correto, e houve perda de tempo com um falso dilema entre salvar vidas ou salvar a economia. Isso vale principalmente para o presidente Jair Bolsonaro, cujo exemplo influencia muito as pessoas”, disse o cientista.
Com informações de pt.org.br, G1 e RTP.
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