É necessário e premente que seja resolvido o que realmente define um administrador e quem deve ser considerado parte da administração.
A primeira tentativa de solucionar o problema foi feita no início da década de cinquenta. Ela acrescentava à definição de administrador uma nova definição, a do profissional colaborador e estabelecia oportunidades paralelas para ambos. Isso possibilitou pagar-se adequadamente os serviços profissionais, pois um maior salário deixou de depender de promoções e cargos administrativos, isto é, a posições de responsabilidade pelo trabalho de outros.
Contudo, esta fórmula não resolvia completamente o problema. As empresas que a adotaram informaram que o profissional sentia-se apenas um pouco menos insatisfeito que antes. Ele continuava acreditando que as verdadeiras oportunidades de progresso pessoal encontravam-se exclusiva ou principalmente dentro da estrutura administrativa, e que é preciso ser um chefe para poder ir em frente. Mas, acima de tudo, a divisão do universo administrativo em dois só serviu para enfatizar a inferioridade daqueles que executam seu próprio em comparação com aqueles responsáveis pelo trabalho de outros. A fórmula continuava a dar destaque ao poder e à autoridade e não à responsabilidade e às contribuições.
Fora dos Estados Unidos, o problema talvez seja até pior. No Japão, o colaborador profissional sequer tem oportunidade de fazer carreira. Na antiguidade, por exemplo, o tempo de serviço, obriga um japonês a tornar-se administrador - cujo resultado é, por exemplo, forçar os jornalistas mais capazes a parar de escrever e os melhores cientistas dos laboratórios de pesquisa a se tornar gerentes de pesquisa e parar de pesquisar.
Qualquer análise que não parta da definição clássica, mas que considere o trabalho em si, concluirá que a definição tradicional do administrador como alguém responsável pelo trabalho de outros dá maior importância a uma característica secundária que ao aspecto principal da questão.
Como será possível concluir, é possível definir o trabalho do administrador como sendo planejamento, organização, integração e avaliação. O profissional de carreira - por exemplo, o pesquisador de mercado que trabalha sozinho ou um perito analista de custos - também tem de planejar, organizar e avaliar seus resultados de acordo com seus objetivos e expectativas. Também tem de integrar o seu trabalho com o trabalho das outras pessoas da organização, pois deve integrá-lo ao da unidade da qual faz parte. Acima de tudo, para que consiga resultados, ele precisa integrar-se lateralmente, ou seja, com o pessoal de outros setores e funções que irá utilizar o seu trabalho.
Não resta dúvida que, no caso do administrador, é preciso haver uma integração decrescente, isto é, com o trabalho das pessoas que respondem perante ele - o que é salientado pela definição clássica. Contudo, as áreas mais importantes de relacionamento com as quais um administrador precisa integrar o trabalho da sua unidade a fim de obter resultados positivos estão em posição lateral, isto é, são elementos sobre os quais ele não tem nenhum controle administrativo.
A essência do serviço do superior de primeira linha numa fábrica ou escritório é administrar aqueles que respondem perante ele. Os relacionamentos ascendentes ou laterais são secundários neste escalão. Mas, normalmente, o supervisor de primeira linha não é considerado um administrador. Peter F. Drucker refere-se aos supervisores como elementos da administração, querendo dizer com isso que eles deveriam ser administradores, mas que na realidade não o são, ou são apenas indiretamente. O motivo é evidente: não se espera que o supervisor de primeira linha, seja da fábrica ou do escritório, assuma muita responsabilidade por sua contribuição ou por seus resultados. Deve apenas agir de acordo com objetivos estabelecidos por outros - na típica fábrica de produção em massa isso é o máximo que ele pode ou deve fazer. Isso torna o seu trabalho ambíguo e difícil. Mas o fato de Drucker relutar em considerar o supervisor um administrador, apesar do seu serviço se enquadrar melhor na definição clássica do que a função de outros que ocupam posições mais elevadas e muito mais importantes na hierarquia executiva, só vem demonstrar que a definição tradicional ressalta o que é secundário, não o que é fundamental.
Portanto, parece mais adequado enfatizar que o primeiro critério para distinguir aqueles, dentro de uma organização, que possuem responsabilidade administrativa não é a autoridade de comando sobre os outros. É a responsabilidade de contribuição. O critério distintivo e o princípio de organização devem ser função, não o poder.
Mas que nome dar a essa gente? Inúmeras organizações têm experimentado novas definições ou tentado dar um novo significado aos termos antigos. Talvez o melhor não seja cunhar um novo termo, e sim seguir o uso popular que fala do pessoal administrativo. Dentro deste grupo haverá pessoas cuja função inclui a tradicional função administrativa, responsabilidade pelo trabalho de outros. Haverá outras que não têm essa responsabilidade em suas atribuições específicas. E haverá um terceiro grupo, um tanto ambíguo e intermediário, composto por pessoas cuja função é liderar uma equipe ou chefiar um força-tarefa, e por pessoas que acumulam a função de assessor da alta administração e de consciência da empresa numa determinada área com responsabilidade supervisora e administrativa sobre o pessoal de um dado setor. Mas esta não é uma solução concisa, muito menos perfeita. Em toda organização existem aqueles verdadeiros especialistas que, embora sejam tudo menos funcionários comuns, também não se consideram mentalmente interessados no todo do qual fazem parte. Dedicam-se às suas habilidades técnicas ou profissionais, não à sua organização. O psicólogo de um departamento de pessoal considera-se um profissional - isto é, integrante do mundo da sua especialidade acadêmica - e não um executivo desta ou daquela empresa (ou mesmo membro do corpo docente desta ou daquela universidade). E o mesmo acontece com o perito em computadores.
Por outro lado, em muitos outros sistemas que não o americano, existem pessoas que aceitam plenamente a responsabilidade por suas contribuições mas não são consideradas administradores nem parte da administração, embora possam ser responsáveis pelo trabalho de outros. É o caso, por exemplo, do Meister alemão, o trabalhador altamente especializado que chegou à liderança dentro do seu ofício e que, na maioria das vezes, é o verdadeiro chefe em seu setor, embora considere-se um trabalhador especializado e não um administrador. Ele corresponde em muitos sentidos ao suboficial militar; por exemplo, o primeiro-sargento que dentro do seu setor - por hipoteticamente suprimentos - é o verdadeiro chefe embora jamais venha a se tornar um oficial nem almeje sê-lo.
Embora seja um tanto obscuro, definir o pessoal administrativo através das funções e da responsabilidade permite o estabelecimento da relação entre o administrador e o profissional de carreira. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em: www.administradores.com.br/artigos/negocios/administracao-o-administrador-seus-colaboradores-e-suas-responsabilidades/108954/
Mais em: www.administradores.com.br/artigos/negocios/administracao-o-administrador-seus-colaboradores-e-suas-responsabilidades/108954/
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