A primeira tarefa da administração é garantir o desempenho econômico da organização. A segunda tarefa é garantir a produtividade do trabalho e a capacidade de realização dos trabalhadores. A terceira tarefa é gerenciar os impactos e as responsabilidades sociais da empresa. Nenhuma das atuais instituições existe por si mesma e é um fim em si mesma. Todas são um órgão da sociedade e existem para o bem da sociedade. Os negócios não são exceções. a livre empresa não se justifica por ser boa para os negócios. Ela só pode justificar-se por ser boa para a sociedade.
A primeira instituição a emergir depois da antiguidade, a primeira instituição do Ocidente, foi o mosteiro beneditino do século seis. No entanto, ela não se destinava a servir à comunidade e à sociedade. Ao contrário, ela foi fundada para servir exclusivamente aos próprios membros e para ajudá-los na busca da própria salvação. Portanto, São Bento afastou seu mosteiro da sociedade humana e o erigiu em áreas remotas e ermas. Seu maior receio não era que os seus monges cedessem às tentações do mundo. Ele via um perigo maior: Temia que eles se interessassem pelo mundo, que assumissem responsabilidade em relação a ele, que tentassem fazer o bem e fossem forçados a exercer liderança.
Ao contrário do mosteiro beneditino, todas as instituições de hoje existem com o propósito de contribuir para o ambiente exterior, para suprir e satisfazer os não membros. As empresas existem para fornecer bens e serviços aos clientes, não para oferecer emprego aos trabalhadores e gestores, nem mesmo para pagar dividendos aos acionistas. O hospital não existe para o bem dos médicos e paramédicos, mas para o bem dos pacientes, cujo único e exclusivo desejo é deixar o hospital curados e nunca retornarem. A escola não existe por amor aos professores, mas, sim, aos alunos. Ao se esquecer de sua finalidade precípua, a administração se converte em malversação.
Portanto, nenhuma instituição pode existir fora da comunidade e da sociedade, como o mosteiro beneditino, sem sucesso, tentou. Sob os pontos de vista psicológico, geográfico, cultural e social, as instituições devem ser parte da comunidade.
Para desincumbir-se de sua missão, para produzir bens e serviços econômicos, o empreendimento de negócios deve exercer impacto sobre as pessoas, as comunidades e a sociedade. Nesse intuito, ela deve ter poder e autoridade sobre pessoas, por exemplo os empregados, cujos próprios fins e propósitos não são definidos pela empresa e dentro dela. Também precisa exercer impacto sobre a comunidade circunstante, na qualidade de vizinha, como fonte de emprego e de receita tributária, mas também de resíduos e poluentes. E, cada vez mais, na sociedade pluralista, com múltiplas organizações, a empresa deve incluir entre seus fundamentos não só os interesses pelos aspectos quantitativos da vida, isto é, bens e serviços econômicos, mas também o zelo pelos aspectos qualitativos da vida, ou seja, pelo ambiente físico, humano e social das pessoas modernas e da comunidade moderna.
Essa dimensão da administração é inerente ao trabalho dos gestores de todas as instituições. Universidades, hospitais e órgãos públicos também produzem impacto, também têm responsabilidades - e, em geral, estão menos conscientes desses impactos, demonstram menos interesse por suas responsabilidades em relação aos seres humanos, à comunidade e à sociedade que as empresas em busca de liderança quanto à qualidade de vida. A gestão dos impactos sociais, portanto, já se transformou em terceira tarefa importante e em terceira dimensão fundamental da administração.
Essas três tarefas sempre tiveram de ser executadas ao mesmo tempo, como parte da mesma ação gerencial. Nem mesmo é possível afirmar que uma tarefa predomina em relação às demais e requer maiores habilidades e competências. Na verdade, o desempenho da empresa vem em primeiro lugar - é o objetivo do empreendimento e a razão de sua existência.Mas, se o trabalho e o trabalhador forem mal gerenciados, não haverá desempenho, por mais competente que seja o executivo-chefe oficial (CEO) na gestão do negócio. O desempenho econômico alcançado por meio da má gestão do trabalho e dos trabalhadores é ilusório e efetivamente destroi o capital, mesmo no curto prazo. Esse desempenho elevará os custos a ponto de comprometer a competitividade da empresa; em consequência da criação de ódio de classes e de guerra de classes, inviabiliza, no fim das contas, o próprio funcionamento da empresa. E a má gestão dos impactos sociais acabará destruindo o apoio da sociedade à empresa e, em consequência, impossibilitará a própria sobrevivência da empresa.
Cada uma dessas três tarefas tem a própria primazia. A gestão do negócio é primordial porque a empresa é uma instituição econômica; mas garantir a produtividade do trabalho e a capacidade de realização dos trabalhadores é importante exatamente porque a sociedade não é instituição econômica e recorre à administração exatamente para a consecução de suas crenças e valores básicos. A gestão dos impactos sociais da empresa é importante porque nenhum órgão pode sobreviver fora do corpo a que serve; e a empresa é o órgão da comunidade e da sociedade.
Também nessas áreas, não há nem ação nem resultados a não ser de todo o negócio (ou universidade, ou hospital, ou órgão público). Não existem resultados funcionais nem decisões funcionais. Há apenas investimentos do negócio e riscos do negócio, lucro do negócio e prejuízo do negócio, ação do negócio ou inação do negócio, decisão do negócio ou informação do negócio. Não é a fábrica que polui; Consolidated Edison of New York, a Union Carbide Corporation, a indústria de papel ou os esgotos da cidade, por exemplo.
Todavia, o trabalho e o esforço são sempre específicos. Há tensão, portanto, entre duas realidades: a do desempenho e a do trabalho. Resolver essa tensão, ou ao mesmo tempo torná-la produtiva, é tarefa gerencial contínua. Outras informações podem ser obtidas no livro Pessoas e desempenhos, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em http://www.administradores.com.br/artigos/empreendedorismo/efetividade-a-empresa-e-suas-externalidades-sobre-a-sociedade/108699/
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