Pintada no fim do século dezenove, a obra Sagrada Família está submetida aos cuidados dos restauradores do Ateliê de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis ( ATECOR ) da Fundação Catarinense de Cultura ( FCC ) do Governo do Estado de Santa Catarina ( SCC ). Uma característica peculiar, no entanto, estava dificultando o trabalho: a obra apresentava sensibilidade ao contato com a água, condição que não é normal em pinturas à base de óleo.
Para resolver o mistério, um estudo foi coordenado pelo doutor em química inorgânica pela Universidade Federal de SC ( UFSC ) e técnico da FCC, Thiago Guimarães Costa, e recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina ( FAPESC ). O resultado já repercutiu internacionalmente com a publicação de um artigo na revista Microchemical Journal, da Editora Elsevier.
Depois de análises químicas detalhadas, os pesquisadores descobriram a causa do problema. “O uso de pigmentos sem o necessário tratamento na época da produção da obra levou a esta sensibilidade. É um mecanismo até então inédito na literatura, ainda não mencionado em nenhum outro trabalho científico, que auxiliará conservadores restauradores no Brasil e no mundo”, concluiu Costa.
Além dele, o trabalho tem a autoria dos pesquisadores Diogo Alexandre Siebert, Gustavo A. Micke, Bruno Szpoganicz e Antônio Salvio Mangrich, Beatriz Feliz Pimenta da Silva e Lucas Palma Mattos, da UFSC. Beatriz e Mattos trabalharam na pesquisa graças a bolsas concedidas pela FAPESC.
Publicado em inglês, o artigo “An original molecular approach to the use of clay minerals in the formulation of oil-based dyes and their sensitivity toward polar solvents – A case study” resultou do projeto intitulado “Química aplicada ao patrimônio cultural: análise dos materiais constituintes de pinturas do século XIX”. O material pode ser acessado no endereço “bit.ly/sagradafamilia2019”.
Como funciona o restauro
O trabalho de restauro da Sagrada Família está sendo executado pelos conservadores e restauradores Karen Kremer e Marcelo do Amaral, da FCC. A tarefa é complexa e precisa respeitar alguns requisitos. De acordo Amaral, a intervenção não pode alterar características da obra, mas também não deve ser uma reprodução exata da original. A tarefa é meticulosa. “O trabalho deve permitir a leitura do todo da obra, mas é preciso que um observador leigo perceba que houve uma restauração. Não podemos omitir o histórico da obra. Também é necessário que o trabalho de restauro seja reversível”, explica.
Uma das técnicas é usar uma tinta de composição diferente da original. Como a Sagrada Família é uma pintura à base de óleo, uma solução seria utilizar uma solução à base de água nas áreas de restauro. É aí que a pesquisa apoiada pela FAPESC tem importância: como a pintura feita no século dezenove é sensível a solventes em água, uma futura intervenção nas áreas restauradas poderia danificar aspectos originais da obra. A próxima etapa é definir a composição da tinta a ser usada de modo que fique garantida a qualidade do restauro. A obra pertence ao município de Biguaçu, na Grande Florianópolis.
Com informações da SECOM.
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