terça-feira, 9 de junho de 2020

Epidemia: MPSC vê crime de lavagem de dinheiro na compra de ventiladores mecânicos. Aquisição é investigada pela Operação Ó Dois

Os trinta e três milhões de reais pagos pelo governo do Estado de Santa Catarina ( SC ) de forma adiantada na negociação dos duzentos ventiladores mecânicos comprados da China ( * vide nota de rodapé ) foram repassados pela Veigamed em cinquenta e seis transferências diferentes para outras empresas. A informação consta na petição do Ministério Público do Estado de SC ( MPSC ) que embasou a prisão preventiva de cinco pessoas no último sábado ( seis de junho de dois mil e vinte ) ( *2 vide nota de rodapé ), e é citada pela força-tarefa da Operação Ó Dois ( *3 vide nota de rodapé ) como um indício de que houve o crime de lavagem de dinheiro.

Pagos pelo governo de SC em duas parcelas nos primeiros dias de abril de dois mil e vinte, os trinta e três milhões de reais que caíram na conta da Veigamed foram passados adiante entre os dias seis e vinte e nove de abril de dois mil e vinte. Conforme o MPSC, a investigação constatou uma sequência de cinquenta e seis transferências da Veigamed para uma série de outras empresas, totalizando o valor completo da negociação.

Segundo o MPSC, parte das transferências foram feitas para empresas de comunicação, eventos e marketing, que não teriam relação com a atividade da Veigamed. A força-tarefa ( *3 vide nota de rodapé ) diz que “tais movimentações bancárias enquadram-se como manobras típicas de lavagem de dinheiro”.

Entre as cinquenta e seis transferências, uma de trezentos e vinte mil reais foi efetuada no dia vinte e dois de abril de dois mil e vinte para a empresa MMJS. Com sede em Cuiabá ( Capital do Estado do Mato Grosso - MT ), a MMJS apresentou uma das propostas concorrentes à Veigamed no início do processo de compra dos duzentos ventiladores mecânidos. A investigação do MPSC apurou, depois, que seria uma empresa de fachada.

Fábio Guasti, médico e empresário paulista que foi preso na operação de sábado ( seis de junho de dois mil e vinte ), também teria recebido uma das transferências. Pela atuação na negociação com o governo de SC, ele teria recebido da Veigamed dois milhões de reais. O dinheiro, no entanto, foi transferido para a conta de uma empresa chamada Remocenter Remoções e Serviços Médicos, e não para a conta pessoal de Guasti. Na busca e apreensão da primeira fase da Operação Ó Dois, a força-tarefa encontrou no escritório de Guasti uma nota fiscal de prestação de serviços da Remocenter para a Veigamed no valor de cinco milhões de reais. A nota tem a data do dia três de abril de dois mil e vinte - dia em que o governo de SC faz o pagamento.

Durante o inquérito, Guasti teria dito em depoimento que já havia gastado os dois milhões de reais pagando dívidas, por isto o valor não pode ser bloqueado pela Justiça.


Pagamentos da Veigamed
Parte das cinquenta e seis transferências feitas pela Veigamed nos dias seguintes ao pagamento do governo. os valores para a Remocenter seriam o pagamento do investigado Guasti
( Foto : )

Para o juiz Elleston Lissandro Canali, da Vara Criminal da Região Metropolitana de Florianópolis ( Capital do Estado de SC ), os fatos, somados ao caso dos testes rápidos que a Veigamed tentou comprar de uma empresa de Joinville usando parte dos trinta e três milhões de reais, foram o suficiente para a autorização das prisões preventivas. A decisão cita que os envolvidos “constituíram uma organização criminosa” e lista uma série de crimes, entre eles o de lavagem de dinheiro.

P.S.:

Notas de rodapé:

* A compra, objeto de investigação, é melhor detalhada em:

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