terça-feira, 23 de outubro de 2018

Sociedade do conhecimento: análise, síntese e controle de feedback

A coisa mais importante que se sabe é que trabalho e execução do trabalho são fenômenos fundamentalmente diferentes. O trabalhador efetivamente trabalha, ou seja, faz o trabalho; e o trabalho é sempre feito por um trabalhador que o está executando. Mas o necessário para tornar o trabalho produtivo é muito diferente do necessário para tornar o trabalhador realizador. Portanto, o trabalhador deve ser gerenciado de acordo com a lógica do trabalho produtivo é muito diferente do necessário para tornar o trabalhador realizador. Portanto, o trabalhador deve ser gerenciado de acordo com a lógica do trabalho e conforme a dinâmica da execução do trabalho. A satisfação pessoal do trabalhador sem o trabalho produtivo é fracasso; mas também é fracasso o trabalho produtivo que destroi a capacidade de realização do trabalhador. Nenhuma das duas, efetivamente, é sustentável por muito tempo.

O trabalho é impessoal e objetivo. O trabalho é uma tarefa. É algo. Trabalhar, portanto, atoda a regra que se aplica a abjetos. O trabalho tem lógica. Exige análise, síntese e controle.

Como ocorre com todo fenômeno do universo objetivo, o primeiro passo para a compreensão do trabalho é analisá-lo. Isso, como Taylor constatou há mais de um século, significa identificar as operações básicas, analisar cada uma delas e arranjá-las em sequência lógica, equilibrada e racional.

Taylor trabalhou, evidentemente, com operações manuais. Mas as análises de Taylor também se aplicam ao trabalho mental e até ao trabalho totalmente intangível. O esboço ou resumo que se sugere ao escritor novato antes de iniciar seu livro é, com efeito, administração científica. E o exemplo mais avançado e mais perfeito de administração científica não foi desenvolvido pelos engenheiros industriais nos últimos cem anos. é o alfabeto, com o qual se pode escrever todas as palavras de uma língua com uma pequena quantidade de símbolos repetitivos e simples.

Mas, então, e Taylor não se deu conta disso, o trabalho tem de ser sintetizado novamente. É preciso integrá-lo em um processo. A afirmação se aplica não só ao trabalho individual, mas também, acima de tudo, ao trabalho de um grupo, ou seja, a um processo de trabalho. Há a necessidade de princípios de produção que possibilitem ao administrador saber como integrar operações individuais em trabalhos individuais em produção.

Alguns dos pioneiros contemporâneos de Taylor, especialmente Gantt, se deram conta dessa realidade com clareza. O Gráfico de Gantt, em que os passos necessários para a realização de um trabalho final são desenvolvidos de frente para trás, passo a passo, do resultado final  para as ações, com as especificações de tempos e sequências, embora criado durante a Primeira Guerra Mundial, ainda é a ferramenta de que se dispõe para identificar o processo necessário à realização de uma tarefa, seja a produção de um par de sapatos, seja a descida de uma tripulação na Lua ou a composição de uma ópera. inovações recentes, como o gráfico PERT, a análise do caminho crítico e a análise de redes, são elaborações e extensões do trabalho de Gantt.

Mas o Gráfico de Gantt diz muito pouco sobre a lógica adequada a determinados tipos de processos. Ele é, por assim dizer, a tabuada de multiplicação do projeto do trabalho, que não diz nem mesmo quando multiplicar, que dirá do propósito dos cálculos.

Finalmente, o trabalho, exatamente por ser um processo, não uma operação individual, necessita de controles implícitos. Também precisa de mecanismos de feedback, que não só detecte desvios inesperados, mas também, com base neles, mude o processo, de maneira a mantê-lo no rumo e nos níveis necessários para obter os resultados almejados.

Esses três elementos - análise, síntese em um processo de produção e controle de feedback - são sobremodo importantes no trabalho do conhecimento, pois este, por definição, não resulta em produto, mas, sim em contribuição de conhecimento para outra pessoa. O output do trabalhador do conhecimento sempre se converte em input para outra pessoa. Portanto, não é evidente em si mesmo, no trabalho do conhecimento, ao contrário de quando se faz um par de sapatos, se ele realmente gera resultados. Chega-se a essa conclusão apenas pela visão retrospectiva, a partir dos efeitos finais alcançados. Ao mesmo tempo, o trabalho do conhecimento, por ser intangível, não é controlado pelo próprio progresso. Não se sabe a sequência do trabalho do conhecimento da maneira como se sabe - ao mesmo desde Taylor e Gantt - a sequência das operações manuais. Portanto, o trabalho do conhecimento precisa de projetos muito melhores, exatamente porque não pode ser projetado para o trabalhador. Ele só pode ser projetado pelo trabalhador Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.

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