quarta-feira, 31 de março de 2021

Ditadura nunca mais: brasileiros se manifestam em favor da liberdade

Os brasileiros se manifestaram desde cedo, nesta quarta-feira (31), a favor da liberdade. Em uníssono, deixaram claro que não aceitam mais autoritarismo e rejeitam qualquer tentativa de se reescrever a história. Que fique claro, disseram: o golpe de 1964 deu início a uma ditadura militar violenta, injusta, assassina e desumana, que deve ser lembrada apenas para que jamais se repita. Hoje, a ser celebrada, apenas a democracia.

Hoje, a ser celebrada, apenas a democracia

Por volta das 10h30, a #DitaduraNuncaMais dominava as redes sociais. No Twitter, era o termo mais postado no país, com cerca de 100 mil menções. Na lista de assuntos mais comentados no site, figuravam ainda as expressões “Foi golpe” e “Viva a democracia”. Juntas, essas três mensagens apareciam em número muito mais expressivo que as de teor antidemocrático.

Artistas, cientistas, políticos, jornalistas e entidades sociais reverberaram o desejo por democracia da sociedade brasileira. O neurocientista Miguel Nicolelis foi sucinto e preciso em sua resposta à nota emitida, na noite de terça-feira (30), pelo ministro da Defesa, o general da reserva Walter Braga Neto, que falou em “celebrar” o golpe de Estado de 1964. “Ditadura não se celebra. Ditadura se condena. Abaixo a Ditadura, SEMPRE!”, escreveu. A antropóloga Debora Diniz, como se completasse Nicolelis, ressaltou: “Não se reescreve a história de tortura do golpe militar. É ditadura nunca mais” (veja outras manifestações abaixo).

Luta por democracia


O país também rejeita as tentativas de escalada autoritária feitas por Jair Bolsonaro. O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou que “não é porque o projeto de (auto) golpe já nasceu morto, rechaçado e com selo de ‘inconstitucional’, que se torna menos necessário reafirmar a constante vigilância dos democratas”. E lembrou: “A única mobilização nacional de que se deveria falar neste momento é pela compra de vacinas!”.

“A nossa luta por democracia deve ser travada cotidianamente. Ditadura nunca mais. Contra a ditadura de ontem, contra a ditadura de hoje”, disse, em vídeo, a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR). “Bolsonaro e os bolsonaristas estão sempre numa escala autoritária, fazendo lembrança à ditadura, aos torturadores e defendendo esse modelo de regime para o Brasil. Ameaças com a lei de segurança nacional, ameaça com estado de sítio. Nós não podemos permitir isso”, completou Gleisi.

Várias outras lideranças do Partido dos Trabalhadores, nascido no contexto da luta contra a ditadura, também se juntaram aos brasileiros nessa celebração da democracia. “Ditadura nunca mais!”, bradou o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. “Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”, afirmou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

Com informações de pt.org.br .

Epidemia: vice-governadora Daniela de SC assume e anuncia mudança em secretarias

A governadora em exercício do Estado de Santa Catarina ( SC ), Daniela Cristina Reinehr ( sem partido ), falou oficialmente pela primeira vez após assumir o cargo, nesta terça-feira ( trinta de março de dois mil e vinte e um ). Ela assinou o termo de posse de manhã, em um ato sem solenidades na residência oficial da vice-governadora, em Florianópolis ( Capital do Estado de SC ), e concedeu uma entrevista coletiva às dezessete horas, no Centro Administrativo do governo.

Daniela Reinehr
Com afastamento de Silva em processo de impeachment, Daniela poderá ficar no cargo por até cento e vinte dias
( Foto : )

Veja como foi a coletiva:

Daniela fez um breve discurso focado principalmente no combate à pandemia do coronavírus. A governadora em exercício disse que o período de interinidade deverá ser marcado "pela luta pela vida", e que irá buscar a união com todos os poderes.

- A nossa principal dificuldade hoje é o enfrentamento à pandemia e a busca por vacinas. A boa notícia é que a gente já tem uma maior quantidade de doses, e a expectativa que a produção aumente e a gente alcance mais cidadãos. Mas temos a necessidade de melhorar a nossa estrutura hospitalar para atender a demanda que cresceu de forma assustadora - destacou.

Com a confirmação da deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania) como nova secretária de Estado da Saúde, Daniela sinalizou para mudanças nas medidas contra a covid-19 em SC, mas sem detalhar o que será feito. A governadora em exercício citou um foco maior em campanhas de conscientização e no incentivo para que as pessoas busquem tratamento médico no início dos sintomas.

Driblando perguntas sobre apoiar o chamado "tratamento precoce", Daniela disse apenas que incentiva a busca por cuidados médicos, e que cada profissional de saúde tem o poder de indicar o tratamento adequado.

- Estamos avaliando ( novas medidas contra a pandemia ). A minha propensão é de medidas restritivas, sim, mas não proibitivas - afirmou Daniela, sinalizando uma posição contrária a ações como o lockdown.

Mudanças no secretariado

Além da já confirmada mudança no comando da Secretaria de Estado da Saúde ( SES ), com a chegada da deputada federal Carmen Zanotto ( do Partido Didadania ), Daniela oficializou também outros quatro novos nomes para o primeiro escalão do governo.

- Dagoberto Brião na Procuradoria-Geral do Estado ( PGE )

- Gerson Schwerdt na Casa Civil ( CC )

- Miguel Bertolini na Secretaria Executiva de Comunicação ( SECOM )

- Leodegar Tiscoski na Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade ( SIE )

Daniela deixou em aberto a possibilidade de novas alterações, mas afirmou que já conversou com alguns secretários que ela deseja que permaneçam no cargo, como o deputado estadual Luiz Fernando Vampiro na Educação e Paulo Eli na Fazenda.

Governo interino 

Esta não é a primeira vez que Daniela assume interinamente o cargo. Ela comandou o estado entre vinte e sete de outubro e vinte e sete de novembro de dois mil e vinte, após o primeiro afastamento de Carlos Moisés da Silva ( do Partido Social Liberal - PSL ). O tribunal de julgamento afastou Silva no caso do aumento salarial dos procuradores do estado ( * vide nota de rodapé ).

Com a absolvição de Silva no tribunal de julgamento, ela retomou ao cargo de vice-governadora. Na época, Silva indicados por Daniela.

Com o novo afastamento, agora relacionado à compra emergencial sem licitação dos duzentos ventiladores mecânicos por trinta e três milhões de reais com pagamento adiantado sem exigência de garantias ( *2 vide nota de rodapé ), Daniela pode ficar no cargo por até cento e vinte dias.

O tribunal de julgamento que analisou o segundo pedido de impeachment contra Silva ( * vide nota de rodapé ) votou por aceitar parcialmente a denúncia contra ele. Assim, Silva foi afastado do cargo e será julgado posteriormente por suposto crime de responsabilidade.

Em caso de condenação por crime de responsabilidade, Silva perde o cargo e Daniela assume de forma definitiva.


Com informações de:


Lucas Paraizo ( lucas.paraizo@somosnsc.com.br ) .


P.S.:


Notas de rodapé:


* Mais sobre o primeiro processo de impeachment contra Silva em:


https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/12/impeachment-absolvido-silva-volta-ao.html .


*2 Mais sobre o segundo processo de impeachment contra Silva em:


https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2021/03/epidemia-governador-silva-de-sc-e_30.html .

terça-feira, 30 de março de 2021

Informações privilegiadas: Branco opera com papeis da Petro no mercado financeiro antes de ser demitido

Em meio à crise política, com a queda de dois ministros de Estado – Ernesto Araújo, das Relações Exteriores; e Fernando Azevedo e Silva, da Defesa – o governo Bolsonaro se vê enredado num outro escândalo. A Federação Única dos Petroleiros recebeu nesta segunda-feira (29) uma denúncia de que o atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, teria operado com opções de ações da estatal no mercado financeiro, assim que soube que seria demitido. A operação teria rendido mais de R$ 11 milhões de lucro escandaloso porque fruto de uma informação privilegiada.

Petrobras


O líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), que também é presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobras, quer explicações de Castello Branco. “As notícias de operações suspeitas com ações da Petrobras estão se multiplicando nos últimos dias”, declarou o parlamentar.

“Medidas como a venda de refinarias, a saída de um presidente da empresa ou mudanças na política de preços dos combustíveis impactam as expectativas dos investidores. Ter acesso privilegiado a essas informações e usá-las para operar no mercado é crime”, disse. “Isso tem que ser investigado pelas autoridades. Não é possível que este governo transforme a Petrobras, que já foi uma das maiores petroleiras do mundo, em um instrumento para ganhos milionários de meia dúzia de privilegiados. Isto não é bom para ninguém. Nem para os acionistas, nem para os brasileiros obrigados a pagar uma gasolina dolarizada, nem para os funcionários da empresa que dedicaram anos de trabalho para construir esse patrimônio”.

O futuro ex-presidente da estatal será ouvido nos próximos dias pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para explicar sobre a venda suspeita da Refinaria de Mataripe, na Bahia, em audiência conjunta com o ministro de Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque.

A suspeita sobre a operação milionária – ilegal e sob suspeita – baseada em inside information já havia vindo à tona no ínicio de março, quando O Globo revelou que nem todo mundo havia tomado prejuízo com as ações da Petrobras depois que Castello Branco foi demitido por Jair Bolsonaro. No final de fevereiro, enquanto o valor da petroleira derretia no mercado, alguém ganhou muito dinheiro com opções de venda de ações da petroleira, em operações atípicas, que sugerem o uso de informação privilegiada.

Nesta segunda-feira, a informação é que teria sido o próprio Castello Branco quem teria operado com opções de ações da estatal. Ele teria solicitado que suas assessoras Ana Paula Carta Antunes e Ângela Maria Freitas Correia, através de contas de familiares de ambas, realizassem operações financeiras na corretora Modal no tipo PUT (venda de opções) no papel PETRD249.

A operação em cada CPF foi na casa de de R$ 350 a R$ 400 mil, totalizando um lucro (ainda não realizado) de mais de R$ 11 milhões na cotação atual. Castello Branco teria aproveitado a sua própria demissão para ganhar dinheiro. E muito dinheiro. Bolsonaro decidiu demitir Castello Branco em 18 de fevereiro. A partir do dia 19 o valor da opção subiu de US$ 0,80 para cerca de US$ 4,50.

A assessora Ângela Maria foi levada para a Petrobras pelo próprio Castello Branco, desde que assumiu o cargo, no início de 2019. Após um ano, a sobrinha de Ângela, Ana Paula Carta, foi contratada como assessora do presidente, sem concurso público. As denúncias já foram feitas na Ouvidoria da Petrobras, na Comissão de Valores Mobiliários, no Tribunal de Contas da União e no Ministério Público.

Jean Paul Prates quer usar a audiência pública da CAE, aprovada para tratar da venda da refinaria de Mataripe (BA), e questionar pessoalmente o atual presidente da estatal. A comissão aprovou nesta segunda-feira ainda a realização de debate sobre suposto cartel de distribuidoras de combustíveis. Serão convidados Rodolfo Saboia, presidente da Agência Nacional de Petróleo, e Alexandre Barreto, presidente do Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade).

Com informações de pt.org.br .

Operação lava a jato: defesa de ex-presidente encaminha prova que quadrilha tentou investigar ministros de STJ e STF

A defesa do presidente Lula encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) novas provas de que a operação Lava Jato tentou investigar, de maneira ilegal, ministros da Corte e de outros tribunais superiores. Em mais um relatório preliminar, no qual encaminharam mais evidências da perseguição a Lula e da submissão da força-tarefa aos interesses norte-americanos, os advogados também mostram que os procuradores falavam da necessidade de investigar ministros dos tribunais superiores.

Conjunto de mensagens deixa cada vez mais claro que Lava Jato atuou fora da lei e por motivações políticas


Como explicam os advogados na petição encaminhada ao STF, o objetivo da força-tarefa de Curitiba era, agindo fora da lei, pressionar os ministros dos tribunais a, quando fossem analisar os casos, não votar contra as condenações em primeira instância, estas já garantidas pelo então juiz Sergio Moro, hoje declarado parcial ao julgar Lula. “O novo material confirma que a ‘lava jato’ tinha alvos pré-definidos e que também buscava criar constrangimentos indevidos a membros dos tribunais superiores com o objetivo de que as decisões da primeira instância não fossem revistas”, escreve a defesa de Lula no documento.

Em um dos diálogos incluídos no documento, de 1º de março de 2015, o procurador Roberson Pozzobon menciona investigações contra “pessoas aí de cima”, ou seja, com prerrogativa de foro e que somente poderiam ser investigadas e processadas pela Procuradoria-Geral da República. “Temos consciência da dificuldade de obter provas fortes em relação aos investigados aí de cima e estamos aqui para reforçar tudo o quanto for possível para a investigação e o processamento deles. Não temos como investigá-los diretamente, mas podemos (e temos feito) ajudar com provas comuns à 1ª instância e ao STF”.

Uma referência a Gilmar Mendes, ministro do STF, aparece em diálogo de 17 de março de 2015. Em dado momento, um dos procuradores pergunta aos colegas: “Será que com o (empresário Adir) Assad chegamos no PSDB-SP? Ou algum outro operador que chegue nos amigos do Gilmar, por isso a novidade?” Há referências, ainda, a ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em 12 de maio de 2016, Deltan Dallagnol tratou de uma investigação relacionada ao “ministro do STJ”, esclarecendo depois que se referia ao ministro Ribeiro Dantas, que, na época, era relator da Lava Jato no tribunal.

De onde vêm as mensagens?


As mensagens de celular que a defesa do presidente Lula tem analisado foram apreendidas, segundo a Polícia Federal, na Operação Spoofing, de 23 de julho de 2019. Nela, foram presos hackers que invadiram o celular de autoridades, inclusive os do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato.

A defesa de Lula obteve autorização do STF para analisar as mensagens relacionadas às ações contra o presidente. À medida em que descobrem novas provas do conluio ilegal da Lava Jato contra o presidente, os advogados enviam essas provas para o Supremo.

Com informações de pt.org.br .

Epidemia: governador Silva de SC é afastado para responder a segundo processo de impeachment

A continuidade do segundo processo de impeachment ( * vide nota de rodapé ) do caso dos ventiladores mecânicos foi aprovada nesta sexta-feira ( vinte e seis de março de dois mil e vinte e um ) e o governador do Estado de Santa Catarina ( SC ), Carlos Moisés da Silva ( do Partido Social Liberal - PSL ), será novamente afastado do cargo. A suspensão ocorre por até cento e vinte dias. A decisão foi tomada por seis votos a quatro pelo tribunal de julgamento formado por desembargadores e deputados estaduais. A sessão durou mais de quatorze horas.

Governador de SC, Carlos Moisés, alvo de processo de impeachment sobre caso dos respiradores
Governador de SC, Silva, alvo de processo de impeachment sobre caso dos ventiladores mecânicos
( Foto : )

Silva estará afastado do governo de SC a partir da terça-feira ( trinta de março de dois mil e vinte e um ), segundo informou o presidente do tribunal de julgamento, o desembargador Ricardo Roesler. No lugar dele, a vice-governadora Daniela Cristina Reinehr ( sem partido ) voltará a comandar o Estado. Ela já havia assumido em novembro de dois mil e vinte, quando o chefe do Poder Executivo Estadual ( PEE ) foi afastado temporrariamente por causa de outro processo de impeachment ( *2 vide nota de rodapé ). No período fora do governo, Moisés terá redução de um terço dos salários.

O julgamento de sexta aparentava clima de maior tranquilidade para Silva em relação ao primeiro processo de impeachment sofrido por ele, no ano passado ( *2 vide nota de rodapé ). Na ocasião, Silva também chegou a ser afastado temporariamente, mas depois viu a denúncia ser arquivada no julgamento da corte e retornou ao cargo.

Após ficar um mês fora do governo e se ver ameaçado pelo impeachment, o governador reconstruiu a articulação política com outros partidos e com os parlamentares, uma das principais críticas ao governo na primeira metade do mandato. Dois deputados estaduais chegaram a ser nomeados como secretários do governo – Altair Silva ( do Partido Progressista - PP ), na secretaria de Estado da Agricultura e Pesca ( SAR ), e Luiz Fernando Vampiro ( do Movimento Democrático Brasileiro ( MDB ) na Secretaria de Estado da Educação ( SED ) - para melhorar a relação do PEE com o Poder Legislativo Estadual ( PLE ).

No entanto, quando a votação de sexta começou, o tribunal de julgamento logo revelou uma tensão maior do que a esperada para Silva. Três dos quatro primeiros votos, incluindo o da relatora do caso, a desembargadora Rosane Portella Wolf, foram pelo recebimento da denúncia contra Silva. Esta decisão provoca automaticamente o afastamento temporário dele do cargo por até cento e vinte dias e leva o processo para uma fase de produção de provas e depoimentos.

Com base nestes indícios e provas produzidos, o tribunal de julgamento volta a se reunir para decidir se Silva teve culpa no caso e deve sofrer o impeachment ou se deve ser absolvido e retornar ao cargo.

Ao contrário da admissão do primeiro processo de impeachment ( *2 vide nota de rodapé ), quando Silva teve a favor dele os votos da maioria dos desembargadores, mas viu os deputados estaduais votarem contra ele, com críticas à condução política do governo, desta vez o quadro do tribunal de julgamento foi praticamente o inverso. Silva teve quatro deputados, mas ficou sem os desembargadores e também sem o voto decisivo do deputado Laércio Schuster ( do Partido Socialista Brasileiro - PSB ).

Desembargadores votaram contra Silva

Os cinco desembargadores votaram pelo prosseguimento da denúncia, com votos contundentes contra Silva apontando uma suposta ciência dele sobre a compra sem licitação com pagamento adiantado sem garantias dos duzentos ventiladores mecânicos por trinta e três milhões de reais sem entrega dos produtos e omissão para evitar o pagamento antecipado. 

Já entre os deputados estaduais, quatro votaram a favor de Silv, pedindo o arquivamento do caso. No entanto, o último deputado a votar, Schuster, surpreendeu e votou pela continuidade do impeachment. O sexto voto evitou uma possível igualdade em cinco a cinco, o que exigiria um voto de desempate do presidente Roesler.

Os quatro deputados favoráveis a Silva citaram que o ele não poderia ser responsável por possíveis atos irregulares de subordinados em todas as secretarias e sustentaram que não estaria comprovado que o governador tinha conhecimento da compra e do depósito adiantado à empresa contratada.

O pedido de impeachment de Silva se baseava em quatro pontos: a compra de duzentos ventiladores mecânicos por trinta e três milhões de reais com pagamento antecipado e que não teve entrega dos produtos, uma suposta prestação de informações falsas à Comissão Parlamentar de Inquérito ( CPI ) que analisou o caso na ALESC, a tentativa de contratação de um hospital de campanha com supostas irregularidades em Itajaí e a ausência de punição aos servidores que teriam relação com a negociação.

No decorrer do julgamento, a compra dos ventiladores mecânicos foi o principal elemento que fundamentou o voto dos membros do tribunal que pediam o prosseguimento da denúncia. De forma geral, pesaram nos votos contra Silva pontos como a consulta feita ao presidente do Tribunal de Contas do Estado de SC ( TCE-SC ) para verificar a possibilidade de pagamento adiantado em compras referentes à pandemia, declarações à imprensa e ainda a apresentação de um projeto de lei à ALESC para regulamentar o pagamento antecipado, apresentado dias antes dos depósitos feitos à empresa Veigamed.

O desembargador Luiz Zanelato, que deu o quarto voto contra Silva em manifestação de quase duas horas, listou estes pontos como “fortes indícios” de que o governador teria ciência da compra e que “o perigo de dano era manifesto diante do expressivo valor que envolvia a compra dos ventiladores mecânicos.

Vice Daniela Reinehr assume pela segunda vez

Silva volta a ser afastado temporariamente do cargo por causa de um processo de impeachment, como já havia ocorrido em outubro de dois mil e vinte. As próximas etapas agora ocorrem da mesma forma que no caso anterior, que envolvia um reajuste dado a procuradores do Estado. Silva fica afastado das funções por até cento e vinte dias e a vice-governadora do Estado, Daniela Cristina Reinehr ( sem partido ), assume o governo do Estado.

Enquanto isto, o tribunal de julgamento trabalha na produção de provas e depoimentos para avaliar se Silva é culpado e deve sofrer o impeachment, ou se é inocente e deve retornar ao cargo, com arquivamento do caso. Nesta segunda votação, são necessários sete votos para decretar o impedimento de Silva. Caso o julgamento não ocorra em até cento e vinte dias, o chefe do Poder Executivo Estadual ( PEE ) volta automaticamente ao cargo.

Silva disse não haver justa causa para a ação

Silva cumpriu agenda em Joinville nesta sexta-feira ( vinte e seis de março de dois mil e vinte e um ). Em entrevista coletiva, comentou brevemente a expectativa para o julgamento dizendo entender que não haveria “justa causa para o processo”, nem implicação dele no caso. Ao final da tarde, Silva retornou para Florianópolis ( Capital do Estado ), onde participou de uma reunião virtual de governadores com o Ministério da Saúde ( MS ). 

Após o final da votação, Silva publicou uma nota nas redes sociais comentando a decisão:

Reafirmo a minha crença na Justiça. Não há justa causa para o impeachment, como já atestaram o Ministério Público do Estado de Sc ( MPSC ), o Tribunal de Contas do Estado de SC ( MPSC )e o Departamento da Polícia Federal ( DPF ). Vou trabalhar para que a transição à gestão interina ocorra de forma tranquila e sem prejuízos ao enfrentamento à pandemia. Como sempre afirmei, a prioridade é a vida dos catarinenses.

A defesa de Silva divulgou nota em que afirma que apesar de a maioria ter decidido pelo prosseguimento da denúncia, "três das quatro imputações formuladas em face de Silva foram rejeitadas, remanescendo apenas uma delas, cuja instrução vindoura permitirá o derradeiro esclarecimento acerca da ausência de responsabilidade de Silva quanto ao fato que lhe é imputado".

Daniela se manifesta nas redes

Daniela publicou uma mensagem no Twitter afirmando que recebeu o resultado com tranquilidade e responsabilidade para trabalhar para que SC supere o momento crítico da segunda onda da pandemia de Covid-dezenove.

"Buscarei a união de esforços para imunizarmos e darmos atendimento hospitalar e imediato à população. Teremos a mesma atenção para com a economia, evitando danos ainda maiores. O governo irá dialogar com todos os poderes e setores da sociedade para as soluções e o bem de todos", escreveu.

Como votou o tribunal

Desembargadora Rosane Portella Wolff (relatora) - votou favorável à abertura do processo de impeachment contra Silva.

Desembargadora Sônia Schmitz - votou favorável à abertura do processo de impeachment contra Silva.

Deputado estadual Marcos Vieira ( do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB ) - votou pelo arquivamento do pedido de impeachment contra Silva

Desembargador Roberto Pacheco - votou favorável à abertura do processo de impeachment contra Silva

Deputado estadual José Milton Scheffer ( do Partido Progressista - PP ) - votou pelo arquivamento do pedido de impeachment contra Silva

Desembargador Luiz Zanelato - votou favorável à abertura do processo de impeachment contra Silva

Deputado Valdir Cobalchini ( do Movimento Democrático Brasileiro - MDB ) - votou pelo arquivamento do processo de impeachment contra Silva

Deputado Fabiano da Luz ( do Partido dos trabalhadores - PT ) - votou pelo arquivamento do processo de impeachment contra Silva

Desembargador Luiz Fornerolli - favorável à abertura do processo de impeachment contra Silva

Deputado estadual Laércio Schuster ( do Partido Socialista Brasileiro - PSB ) - votou favorável à abertura do processo de impeachment contra Silva.


Com informações de:


Jean Laurindo ( jean.laurindo@somosnsc.com.br ) .


P.S.:


Notas de rodapé:


* Mais sobre o segundo processo de impeachment de Silva em:


https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2021/03/epidemia-apos-suspensao-do-governador.html .


** Mais sobre o primeiro processo de impeachment de Silva em:


https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/12/impeachment-absolvido-silva-volta-ao.html .