O homem de vinte e dois anos de idade anos que é o principal suspeito de ser o autor das ameaças de morte e ofensas raciais à vereadora eleita em Joinville ( Estado de Santa Catarina - SC ), Ana Lúcia Martins ( pelo Partido dos Trabalhadores - PT ) ( * vide nota de rodapé ) tem um passado de agressividade, costuma postar comentários preconceituosos nas redes sociais, construiu sua base de relacionamentos pela internet e passa boa parte de seu tempo neste "mundinho" virtual, entre em jogos online e interações nas redes.
Os primeiros traços do perfil dele foram divulgados pela delegada de Polícia Cláudia Cristina Gonzaga, titular da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso ( DPCAMI ) de Joinville, em entrevista coletiva à imprensa na tarde deste domingo ( vinte e dois de novembro de dois mil e vinte ).
O jovem foi localizado nesta manhã, quando foi cumprido o mandado de busca e apreensão na casa dele, no bairro Paranaguamirim, na zona Sul de Joinville. A Polícia Civil do Estado de SC ( PCSC ) estava investigando o caso desde que a denúncia foi feita por Ana Lúcia e ganhou atenção nacionalmente, por meio de portais de notícia e telejornais, na última quarta-feira ( dezoito de novembro de dois mil e vinte ).
Com a ajuda do serviço de inteligência da PCSC, os policiais foram filtrando os perfis que fazem postagens de teor racista e neonazista. Ele foi investigado pelo jeito de escrever, pelo formato semelhante dos conteúdos e, no fim, até pela foto do perfil, que era a mesma que ele usava em outras redes sociais.
O homem estava em casa com a mãe quando a polícia chegou ao local. Durante a investigação, segundo Cláudia, já era do conhecimento da PCSC que o jovem recebeu laudo médico de esquizofrenia. Na casa, a mãe apresentou a documentação que comprova o diagnóstico.
— Existia uma certa violência antes de ele ser diagnosticado. Ele tinha um perfil entre os colegas de certa agressividade, de sempre querer arrumar problema. Há dois boletins de ocorrência [ registrados contra ele ], mas não têm relação com racismo ou nazismo — afirmou Cláudia.
O rapaz é de uma família que tem antepassados de origem alemã. Na casa, piadas de cunho racista parecem comuns, segundo a PCSC observou durante os depoimentos. Ele foi a uma escola onde havia um grupo de alunos que também tinham estas práticas, além de exaltar o neonazismo. A partir deste contato, começou se relacionar com outras pessoas que defendem discursos de ódio pela internet.
— É uma pessoa que gosta muito de jogos, pelo que a gente encontrou, que está sempre neste mundinho muito virtual, e as relações dele se construíram virtualmente. Isto ( o tempo passado com jogos online ) incomodava a família — destacou Claudia.
Investigações continuam em busca de grupos neonazistas
As investigações sobre o caso continuam para buscar se há outros envolvidos. Cláudia suspeita que o jovem possa ter sido instigado a fazer o comentário em que sugere que a Ana Lúcia será assassinada.
— As investigações têm de continuar para ver se tem um grupo por trás disto, e entender quem, eventualmente, é o mandante do crime. Mas, a priori, tudo indica que foi ele o autor destes fatos. Pode ser investigado em outra delegacia, porque a DPCAMI tem uma demanda específica. Nós investigamos porque era um crime contra uma mulher, por isto se tornou uma prioridade para a gente — disse ela.
O HD e a CPU do computador do suspeito foram apreendidos, assim como o celular dele. O aparelho, no entanto, estava sem o chip e, segundo a mãe do jovem, ele teria engolido a peça na quarta-feira, quando o caso começou a ganhar atenção. A polícia ainda quer entender se ele fez isto por conta própria ou se foi a mando de outra pessoa.
— A família disse que foi uma semana atípica, em que ele ficou muito agitado. Ele passou o dia das eleições agitado e, na quarta-feira, precisou de medicação para se acalmar — relatou Cláudia.
Mesmo sem o chip, a perícia consegue obter os dados no celular do suspeito. Outras investigações sobre o caso, como a hipótese de haver células neonazistas na região, serão investigadas após definição da Delegacia Geral ( DG ) da PCSC.
Ana Lúcia é a primeira mulher negra na história de Joiville para compor o Poder Legislativo Municipal ( PLM ). Ela sofreu uma série de ataques racistas antes mesmo de se eleger, com mais de três vírgula um mil votos. Após os resultados das Eleições dois mil e vinte, Ana Lúcia teve contas invadidas nas redes sociais e sofreu ameaça de morte na última quarta-feira ( dezoito de novembro de dois mil e vinte ).
Nos comentários, o perfil que, em um primeiro momento, não possuía identificação clara e teve as postagens excluídas, escreveu frases como "agora só falta a gente matar ela e entrar o suplente que é branco" e "os fascistas mandaram avisar que ela que se cuide".
O caso repercutiu nacionalmente e aconteceu na semana de celebração à Consciência Negra no Brasil.
Com informações de:
Cláudia Morriesen ( claudia.morriesen@somosnsc.com.br ) .
P.S.:
Vide nota de rodapé:
Mais sobre os ataques racistas a Ana Lúcia em:
https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/11/negacionismo-policia-investiga-denuncia.html .
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