Enquanto ganhava corpo a derrota do governo do Estado de Santa Catarina ( SC ) na votação da abertura do processo de impeachment ( * vide nota de rodapé ), na tarde de quinta-feira ( dezessete de setembro de dois mil e vinte ), circulava nos bastidores a hipótese de que o governador Carlos Moisés da Silva ( do Partido Social Liberal - PSL ) e a vice-governadora Daniela Cristina Reinehr ( sem partido ) podem renunciar aos cargos antes do fim do processo. Seria uma cartada final, que obrigaria à convocação de eleições diretas – ou seja, levaria os catarinenses de volta às urnas.
A medida extrema colocaria uma pedra sobre a possibilidade de que SC seja levada a eleições indiretas, em que os próprios deputados escolherão o novo governador para um mandato tampão, até as eleições de dois mil e vinte e dois.
Chegou-se a dizer que a renúncia seria o conteúdo da carta enviada por Silva, que foi lida em plenário pela líder do governo, deputada Paulinha ( do Partido Democrático Trabalhista - PDT ). Pura especulação: no texto, Silva acenou aos deputados e fez promessa de uma nova relação com o Parlamento, ainda que tarde demais.
O jornalista Upiara Boschi adiantou que a renúncia de Silva e Daniela é defendida pela bancada do Partido dos Trabalhadores ( PT ), que votou favorável à continuidade do processo para que sejam feitas as devidas investigações sobre o mérito da denúncia que originou o processo de impeachment ( * vide nota de rodapé ). Os deputados petistas entendem que seria uma forma de acabar de vez com o processo e o desgaste que ele causa. Por enquanto, estão levantando a bandeira sozinhos dentro da Assembleia Legislativa do Estado de SC.
Mas a hipótese de renúncia encontra algum eco dentro do governo. Membros do primeiro escalão, mais próximos de Silva, ainda a descartam. Dizem que não combinaria com o estilo e a personalidade de Silva, que deve se defender até o final. Silva acredita em uma salvação vinda do Poder Judiciário.
Há, no entanto, fatores que podem pesar na decisão. Um deles é a composição da futura Comissão Mista ( CM ), com cinco deputados e cinco desembargadores, que decidirá sobre a possibilidade de afastamento dos réus. A formação do grupo pode selar o destino de Silva e Daniela antes mesmo da votação.
Outro ponto a ser observado é que existe mais um processo de impeachment ( * vide nota de rodapé ) correndo na ALESC, e outro em análise na procuradoria. Depois da questão do reajuste dado aos procuradores, Silva e Daniela ainda terão de se defender do processo que envolve a compra dos duzentos ventiladores mecânicos por trinta e três milhões de reais com pagamento antecipado sem exigência de garantias sem a entrega dos produtos e a contratação do hospital de campanha. Estariam dispostos a mais este desgaste?
Como a jornalista Dagmara Saputz, do DC, eu disse nesta quinta-feira ( dezessete de setembro de dois mil e vinte ) em sua coluna, não teria havido elegância na condução deste processo pela ALESC. Usar a renúncia como resposta pode ser lido como covardia ou coragem, dependendo das circunstâncias. Neste caso, teria para o governo o sabor de contra-ataque.
Com informações de:
Dagmara Saputz, do jornal Diário Catarinense ( DC ) .
P.S.:
Notas de rodapé:
* Mais informações sobre a votação do processo de impeachment contra Silva em:
https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/09/impeachment-assembleia-de-sc-aprova_17.html .
Nenhum comentário:
Postar um comentário