quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Impeachment: convenções partidárias coincidem com a véspera da votação do processo contra Silva. Negociações foram madrugada adentro

O final do prazo legal para as convenções partidárias das eleições dois mil e vinte e a véspera da votação da autorização para abertura do processo de impeachment ( * vide nota de rodapé ) do governador do Estado de Santa Catarina ( SC ) Carlos Moisés da Silva ( do Partido Social Liberal - PSL ) e da vice-governadora Daniela Cristina Reinerh ( sem partido ) fizeram da madrugada de quarta ( dezesseis de setembro de dois mil e vinte ) para quinta-feira ( dezessete de setembro de dois mil e vinte ) uma das mais longas da história política de SC. Com o governo em busca de apoio para barrar a continuidade do processo, o peso do apoio do PSL nas disputas pelas prefeituras de Joinville, Chapecó, Criciúma e Lages foi utilizado como possível moeda de troca para alcançar a marca de quatorze votos contra o impeachment ( * vide nota de rodapé ).

Moisés articula apoios para impedir autorização da abertura do processo de impeachment
Silva articula apoios para impedir autorização da abertura do processo de impeachment ( Foto : Maurício Vieira, Secom )

Nos bastidores, as projeções indicam que Silva pode contar com algo entre cinco e onze votos contra a abertura do processo. Daniela, cuja autorização será votada antes, teria pouco mais que o governador, mas também menos dos que a marca de quatorze entre os quarenta deputados, mínimo necessário para barrar o processo. Por isto, a quarta-feira foi marcada por uma ofensiva governista que avançou a madrugada.

As articulações foram comandadas por Silva e pelo presidente estadual do PSL, deputado federal Fábio Schiochet. O principal movimento visa a abrir uma dissidência na maior bancada partidária da ALESC, a do Movimento Democrático Brasileiro ( MDB ), até agora considerada fechada com seus nove votos a favor do impeachment ( * vide nota de rodapé ). Na tarde de quarta-feira ( dezesseis de setembro de dois mil e vinte ), o PSL abriu mão da pré-candidatura do ex-deputado estadual Dalmo Claro a prefeito de Joinville e declarou apoio ao deputado estadual Fernando Krelling ( MDB ) - sem participação na chapa majoritária.

O candidato emedebista, que anunciou Rosane Bonesi na vaga de vice, negou que o apoio esteja atrelado à votação do impeachment ( * vide nota de rodapé ). Na Casa d’Agronômica, no entanto, Krelling é considerado peça fundamental para impedir a unanimidade no MDB e facilitar a adesão de outros deputados do partido, como Jerry Comper. A bancada do MDB se reúne no final da manhã para firmar a posição pelo impeachment ( * vide nota de rodapé ) e a expectativa ainda é pela votação em bloco, mesmo com as investidas palacianas.

O segundo alvo das articulações do governo estadual é o senador Jorginho Melo, presidente estadual do partido Liberal ( PL ). O PL tem quatro deputados e tem sido considerado até agora fechado a favor do impeachment ( * vide nota de rodapé ), especialmente pela postura oposicionista de Ivan Naatz e Maurício Eskudlark - ambos autores de pedidos de impeachment contra Silva.

Na noite de quarta-feira ( dezesseis de setembro de dois mil e vinte ), o PSL desistiu da candidatura a prefeito de Alisson Pires em Criciúma, apoiando Júlia Zanatta, do PL. Embora a articulação tenha se dado localmente, o governo inclui o gesto à conta da aproximação com Mello na expectativa de conquistar pelo menos três dos quatro votos do PL. O movimento mais incisivo, no entanto, aconteceu em Lages, onde Schiochet tentava até o início da madrugada que o candidato pesselista Lucas Neves abrisse mão da cabeça-de-chapa para apoiar a deputada federal Carmen Zanotto ( do partido Cidadania - antigo PPS ), aliada de Mello. Até a manhã desta quinta-feira ( dezessete de setembro dois mil e vinte ), no entanto, Neves manteve a candidatura - e Carmen fechou com o vereador Samuel Ramos ( do partido Democratas - DEM ) como vice.

A costura mais dramática aconteceu em Chapecó. Em nome do voto do deputado estadual Altair Silva ( do Partido Progressista ) contra o impeachment ( * vide nota de rodapé ), o PSL estadual destituiu o prefeito chapecoense Luciano Buligon da presidência municipal do partido. A lógica é impedir o apoio da sigla a Leonardo Granzotto ( do partido patriota ) e fazê-la aderir à candidatura do ex-prefeito e ex-deputado federal João Rodrigues ( PSD ), aliado do PP de Altair Silva. De todas as articulações palacianas da quarta-feira ( dezesseis de setembro de dois mil e vinte ), esta foi a mais efetiva até o momento ( dezessete de setembro de dois mil e vinte ).


Com informações de:


Upiara Boschi, do jornal Diário Catarinense ( DC ) .


P.S.:


Notas de rodapé:


https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/09/impeachment-plenario-da-assembleia-de.html .

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