A ( pretensa ) "nova política" ( sem a participação dos partidos políticos - pais da democracia ) está pelo ( menos aparentemente ) morta, se é que um dia, se é que algum dia ela foi mais do que apenas discurso de campanha e existiu de verdade. A chamada "velha política" ( com a participação intensa dos partidos políticos ) atropelou a ideia de uma pretensa "nova política". Independentemente do resultado da votação de abertura do processo de impeachment ( * vide nota de rodapé ) contra o governador do Estado de Santa Catarina ( SC ) Carlos Moisés da Silva ( do Partido Social Liberal - PSL ) e a vice Daniela Cristina Reinehr nesta quinta-feira ( dezessete de setembro de dois mil e vinte ), na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina ( ALESC ) - a pretensa "nova política" está morta.
Chegou-se ao ponto em que se está é resultado da falta de base governista na ALESC. Com franqueza, como se constrói uma base governista? Aceitando indicações de cargos de parlamentares, liberando emendas e convênios e, muitas vezes, fazendo vistas grossas para as ações pouco republicanas que ocorrem dentro dos governos, através de indicações políticas, tudo em nome da blindagem e da governabilidade, segundo a opinião de muitos.
Silva não mostrou, desde que assumiu o poder, muita vontade de buscar diálogo e negociar com o parlamento. Achou que os mais de setenta por cento dos votos no segundo turno lhe trariam a governabilidade ao natural com o chamado “governo técnico”. Tão técnico que, num momento fora da curva no que se refere ao uso do dinheiro público e, num “momento de desespero”, entrou em crise com a desastrosa compra dos duzentos ventiladores mecânicos por trinta e três milhões de reais com pagamento antecipado sem garantias e sem receber os produtos ( * 2 vide nota de rodapé ). Esta é a parte do conjunto da obra.
O presidente Jair Bolsonaro ( sem partido ), quando se sentiu ameaçado de impeachment, trocou liderança do governo, se aproximou do Centro Democrático ( conhecido como Centrão ), cedeu cargos e não se fala mais em impedimento do capitão. Agiu com a experiência de quem tem quase trinta anos de vida parlamentar. Sabe como as coisas funcionam.
Silva ou não sabia ou pensava que seria possível fazer diferente ( ter uma democracia viva tendo excluídos os seus pais - os partidos políticos ). Por mais curioso que pareça, ainda que Silva se salve, a pretensa "nova política" também estará morta antes mesmo de nascer. A improvável vitória de Silva, se ocorrer, também não será obtida com métodos da pretensa "nova política", será fruto do instinto de sobrevivência.
Lição
Silva terá uma votação nesta quinta-feira ( dezessete de setembro de dois mil e vinte ) de um processo de impeachment ( * vide nota de rodapé ) de um fato determinado - a equiparação entre procuradores do Estado e da ALESC - em que o Tribunal de Contas do Estado de SC ( TCE - SC ) e o Ministério Público do Estado de SC ( MPSC ) afirmam, oficialmente, que ele, Silva, não é responsável por crime algum. É surreal.
A ALESC abre um precedente perigoso: a banalização do impeachment ( * vide nota de rodapé ). A lição que ficará para os prefeitos que irão se eleger no final do ano será a de que não há certeza de se completar o mandato sem maioria no Poder Legislativo ( PL ). O toma-lá-dá-cá poderá ser, como sempre foi, a regra de sobrevivência.
Com informações de:
Renato Igor, do jornal Diário Catarinense ( DC ) .
P.S.:
Notas de rodapé:
* Mais sobre o processo de impeachment em:
https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/09/impeachment-convencoes-partidarias.html .
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