segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Reestruturação: o momento em que os proprietários devem se afastar da administração

A mudança de um negócio dirigido pelo chefe com ajudantes para um empreendimento que exige uma administração é o que os físicos denominam mudança de fase, como a mudança de líquido para sólido. É um salto de um estado da matéria, de uma estrutura fundamental para outra. O exemplo de Alfred P. Sloan Júnior, que liderou a separação entre proprietários e administradores na General Motors Company (GM), mostra que a mudança pode ocorrer dentro de uma e da mesma organização. Mas a reestruturação da GM por Sloan também mostra que o trabalho só é viável se os conceitos básicos, os princípios fundamentais e as percepções individuais também mudarem radicalmente.

Pode-se comparar o negócio que o velho Henry Ford tentou dirigir (sem a separação entre propriedade e administração) e o negócio que Sloan concebe com dois tipos diferentes de organismos - o inseto, que se mantém coeso dentro de um exoesqueleto rígido, e os vertebrados, que sustentam em torno de um endoesqueleto. O biólogo D'Arcy Thompson demonstrou que os animais cujo organismo é contido por um casco rígido podem alcançar apenas um determinado tamanho e complexidade. Além desse ponto, os animais terrestres precisam de um esqueleto interno. No entanto, o esqueleto não evoluiu geneticamente do casco rígido do inseto; é um órgão diferente, com antecedentes diferentes. Do mesmo modo, a administração se torna necessária quando a organização alcança determinado tamanho e complexidade. Mas a administração, embora substitua a estrutura de casco rígido do proprietário, não é sua sucessora. É, ao contrário, sua substituta.

Quando uma empresa atinge o ponto em que deve mudar do casco rígido para o esqueleto interno? A linha se situa em algum ponto entre trezentos e mil empregados; quando várias tarefas precisam ser desempenhadas em cooperação, sincronização e comunicação, a a empresa precisa de administradores e administração, pelo menos segundo Peter F. Drucker. Do contrário, as coisas fogem ao controle; os planos não se convertem em ação; ou, pior ainda, diferentes partes dos planos são executadas em velocidades diferentes, em épocas diversas e com objetivos e metas distintos, e as boas graças do chefe se tornam mais importantes que o desempenho. A essa altura, o produto pode ser excelente; as pessoas capazes e dedicadas. O chefe pode ser - e, em geral, é - alguém de grande capacidade e poder pessoal. Mas a empresa começará a estagnar, a afundar e, em breve, naufragará, se não mudar para o esqueleto interno dos administradores e da administração.

Henry Ford não queria gestores. Mas a consequência daí advinda foi malversar, desorientar e desorganizar a sua empresa, inibindo ou eliminando pretensos gestores. A única escolha de uma instituição é entre administração e malversação. Mas os administradores são inevitáveis. E não há como contornar a necessidade de administração. Sua boa ou má condução determinará em grande parte a sobrevivência e a prosperidade ou a decadência e a extinção do empreendimento. Outras informações podem ser obtidas no livro Pessoas e desempenhos, de autoria de Peter F. Drucker.

Mais em http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/reestruturacao-o-momento-em-que-os-proprietarios-devem-se-afastar-da-administracao/108487/


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