terça-feira, 19 de junho de 2018

Inovação: o grupo humano organizado para a inovação contínua

Embora em minoria, mormente entre as grandes, realmente existem algumas empresas inovadoras. seria possível mencionar Renault, na França; Fiat, na Itália; Marks & Spencer, na Inglaterra, ASES ( The Swedish General Eletric Company ), na Suécia; Sony, no Japão - ou, no período entre guerras, a editora de Ullstein, na Alemanha. Nos Estados Unidos, Três Emes ( Minnesota Minning and Manufactoring, Saint Paul, Minesota ); Bell Laboratories ou Bank of America são as primeiras que vêm à mente de Peter F. Drucker. Essas empresas, aparentemente, não têm dificuldade em inovar e em difundir a mudança em suas organizações. Suas administrações, assim se supõe, raramente tiveram a oportunidade de perguntar: "Como é possível manter a organização flexível e disposta a aceitar o novo?" Essas administrações estão muito ocupadas em encontrar as pessoas certas e o dinheiro necessário para dirigir com as inovações que as próprias organizações lhes impõem.

As organizações inovadoras não se limitam aos negócios. Tanto o Projeto Manhattan, nos Estados Unidos, que desenvolveu a bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial, quanto a organização europeia conjunta para a pesquisa nuclear e para aplicações pacíficas da energia atômica CERN ( Counceil Européen pour la Recherche Nucleaire ), em Genebra, sob seu primeiro diretor-geral, Victor Weisskopf, são exemplos de organizações inovadoras. Ambas inovaram em termos científicos e técnicos. Mas também inovaram em termos sociais; as formas de organização hoje populares, coo por equipe ou matriciais, por exemplo, foram inventadas basicamente pelo Projeto Manhattan. O feito se torna ainda mais notável quando se sabe que ambas as instituições tinham em seus quadros muitos professores universitários que, em seu habitat natural, são externamente resistentes à mudança e notoriamente lentos em inovar.

Esses exemplos indicam que a capacidade de inovar das organizações é função da administração, não do setor, do tamanho ou da idade, muito menos pode ser explicada pela desculpa comum dos maus gestores, ao responsabilizarem a cultura e as tradições do país.

Tampouco a explicação se encontra na pesquisa. Bell Laboratories - talvez o mais produtivo laboratório de pesquisa industrial -vem enfatizando há muitos anos estudos fundamentais sobre as leis da natureza. Mas a Renault e a Fiar não se distinguem, em especial, por suas pesquisas. O que as torna organizações inovadoras é a capacidade de lançar novos desenhos e novos modelos rapidamente em produção e no mercado. O Bank of America, finalmente, inovou sobretudo no relacionamento com os clientes e em termos de estrutura financeira e crédito, estoques e políticas de marketing.

Esses exemplos sugerem que as organizações inovadoras institucionalizam o espírito inovador e cultivam o hábito de inovação. Nos primórdios dessas organizações, é bem provável que se encontre um grande inovador. É possível que ele tenha conseguido construir em torno de si uma organização para converter em realidade empresarial bem-sucedida suas novas ideias e invenções - como Werner von Siemens, ao constituir sua harmonia, na Alemanha, há cento e trinta anos; A. P. Giannini, ao desenvolver o Bank of America, há cem anos; e como Edwin H. Land, da Polaroid, tem feito desde a Segunda Guerra Mundial. Mas nenhum desses gênios presidiu a Bell Laboratories, a Três Emes ou a Renault. A organização inovadora consegue inovar como organização, ou seja, como grupo humano organizado para a inovação contínua e produtiva. Ela é organizada para transformar a mudança em norma.

Na verdade, essas várias organizações inovadoras são muito diferentes em suas estruturas, em seus negócios e em suas características, e mesmo em suas organizações e filosofias gerenciais. Mas elas têm certas características em comum.

1) As organizações inovadoras sabem o que significa inovação;

2) As organizações inovadoras compreendem a dinâmica da inovação;

3) Elas têm estratégias inovadoras;

4) Elas sabem que a inovação exige objetivos e metas diferentes dos objetivos e metas da administração e requer indicadores adequados à dinâmica da inovação;

5) A administração, especialmente a alta administração, desempenha papel diferente e adora atitude diferente nas organizações inovadoras e

6) A organização inovadora se estrutura e se configura de maneira diferente em relação ao trabalho gerencial.

Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.

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