A atual crise na economia é uma falha dos pressupostos básicos, do paradigma, do sistema,em vez de uma falha desta ou daquela teoria. A economia keynesiana chegou à mais grave crise de produtividade desde aquela da França do século dezoito que desacreditou o mercantilismo. Esta crise de produtividade em todos os países desenvolvidos ( e, pior ainda, nos dois países keynesianos com o maior grau de confiança, a Grã-Bretanha e dos Estados Unidos da América - EUA ) invalida o teorema keynesiano do controle da demanda pela oferta. A crise de formação de capital que é enfrentada ao mesmo tempo ( mais grave na Grã-Bretanha e nos EUA ) não poderia, de forma alguma, ter acontecido, segundo a economia keynesiana; ela, em tese, é impossível dentro dos paradigmas keynesianos.
Keynes tinha plena ciência da importância da produtividade. Mas também estava convencido de que a produtividade. Mas também estava convencido de que a produtividade seria uma função da demanda de determinada por ela. No início dos anos trinta, durante os anos fantásticos do seminário de Keynes em Cambridge, ouviu-se um questionamento insistente feito por mentes privilegiadas, como talvez a de Joan Robinson, Roy Harrod ou Abba Lerner, perguntando: "E a produtividade?". Ele sempre respondia: "Podemos considerar a produtividade garantida, desde que o emprego e a demanda permaneçam elevados.".
Os clássicos não consideraram a produtividade algo garantido. Pelo contrário, na economia clássica, é central a lei sobre o retorno decrescente de todos os recursos. Marx baseou neste axioma suas previsões sobre o desaparecimento iminente do sistema burguês ( o termo capitalismo só foi cunhado após a morte de Marx ). O que tornava Marx diferente era apenas sua crença metaeconômica, semirreligiosa, de que o fim da alienação liberaria uma enorme energia humana que reverteria o retorno decrescente dos recursos em uma explosão de criatividade. Mas exatamente quando Marx, no último volume inacabado do livro O capital, previa com maior confiança a falência do sistema por conta de sua inerente crise de produtividade, a produtividade começou a crescer acentuadamente. Em parte, isto foi resultado da abordagem sistemática do trabalho, desenvolvida inicialmente por Frederick W. Taylor em seu "Task Study" ( somente mais tarde, teve o nome alterado para "Princípios de administração científica" ), mostrando que o trabalho humano poderia tornar-se infinitamente mais produtivo não "trabalhando mais", mas "trabalhando de forma mais inteligente". Em grande parte, o crescimento da produtividade resultou do trabalho contínuo em tornar os recursos ( especialmente o capital ) mais produtivos. O aumento de produtividade nos últimos cento e quarenta anos provavelmente não esteve nas fábricas, e sim nos bancos comerciais, onde, atualmente um dólar de ativos sustenta pelo menos cem vezes mais o volume de transações que sustentava há cento e quarenta anos - e sem qualquer liberação de criatividade ou qualquer grande inovação. Naquela época ( isto é, nas décadas em torno do ano de mil e novecentos ), os países desenvolvidos aprenderam a utilizar o capital para aperfeiçoar o trabalho, e não para substituí-lo, tornando-o mais produtivo, como mostrou Simon Kuznets, de Harvard, em seu estudo pioneiro pelo qual recebeu o prêmio Nobel de economia. Em geral, a reversão entre os anos de mil e novecentos e de mil novecentos e vinte da teoria sobre a produtividade passando da postulação de uma tendência interna na direção de retornos decrescentes para a postulação de um crescimento contínuo, foi um fator importante na "Revolução Científica" keynesiana. Ela tornou possível, em grande medida, a mudança do foco na oferta para o foco na demanda; isto é, para a crença de que a produção tende inerentemente para o superávit, em vez de para a escassez.
Assim, não foi totalmente frívolo supor como Keynes o fez ha cinquenta anos que a produtividade tomaria conta de si própria e continuaria a aumentar lentamente, porém de forma contínua, bastando apenas que a confiança econômica prevalecesse entre empresários e trabalhadores, e que a demanda permanecesse elevada, e o desemprego, baixo. No início dos anos trinta, a visão de Keynes era racional, embora otimista ( mesmo que já naquela época Joseph Schumpeter e Lionel Robbins não pudessem aceitá-la ).
Certamente isto não poderia mais ser mantido. Mesmo assim, dentro do sistema keynesiano não há espaço para a produtividade; não há uma maneira de estimulá-la ou impulsioná-la ou meios para tornar uma economia mais produtiva. Com a produtividade surgindo como necessidade e problema central da economia, especialmente nos países mais desenvolvidos ( e também como uma necessidade na indústria, nos países mais desenvolvidos ( e também como uma necessidade na indústria, nos serviços e na agricultura ), a incapacidade keynesiana para lidar com ela dentro da estrutura teórica ou dentro da política econômica era uma falha tão grave quanto fora a incapacidade da astronomia de Ptolomeu na época de Copérnico para explicar o movimento de estradas e planetas.
Para a teoria econômica, a queda na formação de capital nos países desenvolvidos, especialmente naqueles dos fiéis seguidores keynesianos ( isto é, nos EUA e na Grã-Bretanha ), era ainda mais grave. Dentro da economia keynesiana, esta queda não pode ser explicada; sequer poderia ter acontecido.
O capital é o futuro. É a provisão para os riscos, as incertezas, as mudanças e os empregos do futuro ( este futuro pode estar acontecendo agora ). Não é o custo pressente - mas é um custo certo. Uma economia que não forma capital suficiente para cobrir seus custos futuros é uma economia que se condena à decadência e à crise contínua: a crise da estagflação; mesta crise ( uma impossibilidade tanto para os neoclássicos quanto para os keynesianos ), existem, simultaneamente, o alto desemprego e a inflação.
A essência da teoria econômica keynesiana, conforme aprende todo estudante de economia, era o repúdio da Lei de Say, de acordo com a qual a poupança sempre iguala o investimento, de modo que uma economia sempre forma capital suficiente para suas necessidades futuras. No lugar dela, Keynes postulou a tendência na direção do excesso de poupança para as economias desenvolvidas. A falta de poupança, ou seja, um déficit na formação de capital, não poderia ocorrer em um país desenvolvido, de acordo com os postulados keynesianos. Desde o início, isto foi visto como uma falha grave na economia keynesiana por critérios importantes ( e simpatizantes ) como Joseph Schumpeter. Certamente, quando se aceira que a poupança e investimentos não precisam ser idênticos, a falta de poupança em larga escala. Portanto, o pressuposto básico subjacente ao paradigma keynesiano não pode mais ser mantido ou defendido. Entretanto, dentro do universo econômico keynesiano, a formação de capital não pode ser tratada. A economia keynesiana, explicitamente, exclui a possibilidade de falta de poupança, e assim, de uma inadequada formação de capital. E se o capital é um custo verdadeiro da economia ( nem Keynes duvidou disto ), a macroeconomia baseada na demanda não consegue lidar adequadamente com a teoria econômica ou com a política econômica.
Até mesmo a afirmação keynesiana de que a demanda do consumidor pode ser administrada através da gestão macroeconômica da renda monetária e das taxas de juros não é referendada pela experiência dos últimos oitenta anos. O único exemplo que os keynesianos sempre citam sobre o sucesso de sua abordagem, o corte de tributos feitos pelo presidente americanos John F. Kennedy no início dos anos sessenta, não prova nada. A economia americana realmente passou por uma significativa retomada do crescimento no ano em que a administração Kennedy fez cortes nos tributos federais. Mas naquele mesmo ano, os tributos estaduais e municipais nos EUA subiram de forma tão acentuada que compensaram o corte de tributos federais. Não há algo na teoria keynesiana ou na realidade econômica que explique por que os tributos estaduais e municipais são diferentes dos tributos federais em seu impacto econômico. Também por este motivo, o corte de tributos de Kennedy não prova nem apoia ( como chegou a ser afirmado algumas vezes ) a curva de Laffer e sua tese de que alíquotas menores de tributos, além de certo ponto, produziram maior arrecadação de tributos porque estimulam maior atividade econômica. O corte de tributos de Kennedy, justamente por não ter havido este propalado corte de tributos, não prova, nem refuta algo. Além disto, os outros exemplos do efeito das políticas keynesianas refutam a alegação de que a economia possa ser gerenciada macroeconomicamente através do estímulo de taxas de juros menores ou déficits governamentais maiores. Tanto nos anos do New Deal nos EUA quanto nos da estagflação britânica desde mil novecentos e sessenta, os déficits governamentais maiores não conseguiram estimular a oferta. Seu efeito foi anulado pela sabotagem microeconômica, ou seja, pela acentuada redução da velocidade de circulação do dinheiro e pela queda nos investimentos - nada disto poderia ter acontecido se a macroeconomia realmente determinasse as atitudes, os comportamento e as ações microeconômicas, como postulava Keynes.
Ainda mais grave pode ser o fracasso do fundamento filosófico básico da política econômica keynesiana: a crença no rei economista, ou seja, no especialista objetivo e independente que toma decisões eficazes com base apenas em evidências impessoais, quantitativas e inequívocas, e que, além de tudo, é livre de ambições políticas próprias e de pressões políticas sobre si. Mesmo nos anos trinta, muitas pessoas julgavam difícil aceitar isto. Para o europeu continental, em especial, lembrando as inflações do pós-guerra, o rei economista tratava-se de pura arrogância ( o que explica em grande parte por que Keynes teve tão poucos seguidores no continente europeu até os últimos cinquenta ou cinquenta e cinco anos ). Hoje, no entanto, poucos engoliram completamente o economista não político que, ao mesmo tempo, controla as decisões políticas cruciais. Como déspota esclarecido, o rei economista keynesiano provou ser uma ilusão e, na verdade, uma contradição de termos. Se existe algo que foi ensinado pelas inflações da década de oitenta ( como foi ensinado pelas inflações dos anos vinte na Europa ), é que o economista no poder acaba se tornando um político conveniente, ou logo fica completamente sem poder e influência. Não é verdade, como muitas vezes se alega, que os economistas não saibam como parar a inflação. Desde o século dezoito, todo economista sabe como fazer isto: basta cortar as despesas governamentais e, com elas, a criação de dinheiro. O que falta aos economistas não é conhecimento teórico; o que falta é a vontade política ou poder político. E, até agora, todas as inflações foram eliminadas por políticos com determinação, e não por economistas com conhecimento.
Sem o rei economista, porém, a economia keynesiana deixa de ser operacional. Ela passa a atuar no papel de crítica, que Keynes desempenhou nos anos vinte e que Friedman desempenhou. Em compensação, o economista keynesiano, não tendo poder, também pode ser liberado da política. Porém, esta compensação não pode se tornar um governo eficaz. Assim, é provável que o paradigma keynesiano fique um longo tempo por aí como uma crítica e como orientação sobre o que não fazer. Mas está rapidamente perdendo a credibilidade como fundamento para uma teoria econômica e como guia para políticas e ação. Outras informações podem ser obtidas no livro Rumo à nova economia, de autoria de Peter F. Drucker.
Mais em:
https://assessoriaadministrativa.negocio.site/posts/9186936016548099113?hl=pt-BR .
Ainda mais grave pode ser o fracasso do fundamento filosófico básico da política econômica keynesiana: a crença no rei economista, ou seja, no especialista objetivo e independente que toma decisões eficazes com base apenas em evidências impessoais, quantitativas e inequívocas, e que, além de tudo, é livre de ambições políticas próprias e de pressões políticas sobre si. Mesmo nos anos trinta, muitas pessoas julgavam difícil aceitar isto. Para o europeu continental, em especial, lembrando as inflações do pós-guerra, o rei economista tratava-se de pura arrogância ( o que explica em grande parte por que Keynes teve tão poucos seguidores no continente europeu até os últimos cinquenta ou cinquenta e cinco anos ). Hoje, no entanto, poucos engoliram completamente o economista não político que, ao mesmo tempo, controla as decisões políticas cruciais. Como déspota esclarecido, o rei economista keynesiano provou ser uma ilusão e, na verdade, uma contradição de termos. Se existe algo que foi ensinado pelas inflações da década de oitenta ( como foi ensinado pelas inflações dos anos vinte na Europa ), é que o economista no poder acaba se tornando um político conveniente, ou logo fica completamente sem poder e influência. Não é verdade, como muitas vezes se alega, que os economistas não saibam como parar a inflação. Desde o século dezoito, todo economista sabe como fazer isto: basta cortar as despesas governamentais e, com elas, a criação de dinheiro. O que falta aos economistas não é conhecimento teórico; o que falta é a vontade política ou poder político. E, até agora, todas as inflações foram eliminadas por políticos com determinação, e não por economistas com conhecimento.
Sem o rei economista, porém, a economia keynesiana deixa de ser operacional. Ela passa a atuar no papel de crítica, que Keynes desempenhou nos anos vinte e que Friedman desempenhou. Em compensação, o economista keynesiano, não tendo poder, também pode ser liberado da política. Porém, esta compensação não pode se tornar um governo eficaz. Assim, é provável que o paradigma keynesiano fique um longo tempo por aí como uma crítica e como orientação sobre o que não fazer. Mas está rapidamente perdendo a credibilidade como fundamento para uma teoria econômica e como guia para políticas e ação. Outras informações podem ser obtidas no livro Rumo à nova economia, de autoria de Peter F. Drucker.
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