quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Alta administração: a sucessão dos executivos

Cada uma das abordagens dos principais temas da administração (estudo sistemático do trabalho; estudo sistemático da organização; estudo sistemático do esforço e dos resultados; economia gerencial e empreendedora; análise gerencial, ou seja, contabilidade gerencial; posição social e responsabilidade da administração; e relações humanas de uma sociedade industrial e lugar do indivíduo nela) foi desenvolvida de maneira muito independente. Todas se mantiveram separadas até hoje. Cada uma delas fez grandes avanços, mormente nos últimos trinta anos.

Será que essas diferentes abordagens podem manter-se estanques por muito mais tempo? Ou será que aproxima-se com rapidez o ponto em que será preciso o que até agora não foi conseguido: uma disciplina unificada da administração?

Não há dúvida de que será preciso aprender - e aprender logo - a considerar essas diferentes abordagens não como disciplinas isoladas, nem mesmo como diversos pontos de vista, mas, simplesmente, como diversas ferramentas da mesma caixa, todas indispensáveis para executar o trabalho.

Mas também há novas tarefas para as quais as ferramentas dos pioneiros não são suficientes e talvez não sejam adequadas. Que tarefas são essas? Talvez seja preferível discerni-las em grandes categorias como, por exemplo, o problema da alta administração.

Primeiro, há o fato surpreendente de que sempre a alta administração sempre foi vista como algo evidente e garantido, a ponto de se saber pouco sobre ela.

Na verdade, a situação referente ao conhecimento sobre a alta administração, ou seja, a respeito do órgão da empresa e da gestão que unifica, determina e decide, é ainda mais confusa. Nas abordagens tradicionais que se concentram na função da empresa na economia e na sociedade - a linha de preocupação de Rathenau com a responsabilidade social ou a linha de preocupação de Schumpeter com a economia gerencial e empreendedora - , a alta administração é o único aspecto considerado. A empresa em si é vista, na prática, como extensão da alta administração. É sabido hoje que as coisas não são tão simples. A organização, mesmo nas pequenas empresas, é bem mais que um prolongamento da alta administração. Sabe-se, por exemplo, que o problema básico na função decisória da alta administração não é tomar decisões em si. Não é, nem mesmo, reunir fatos para as decisões. O problema básico é como tomar a decisão eficaz na, e por meio da, organização.

Porém, por outro lado, as abordagens que tratam da empresa e da administração isoladamente, as abordagens que remontam a Taylor, Fayol e Schmalenbach, respectivamente, não consideram, em absoluto, a alta administração. Essas abordagens são estáticas - da mesma maneira como a observação da célula de um tecido num slide de microscópio é estática. Evidentemente, essa característica lhes confere grande poder analítico. Mas também significa que elas são incapazes  de diferenciar entre o que é relevante e, acima de tudo, de discernir entre as decisões de vida ou morte para o empreendimento e aquelas mais relacionadas com eficiências marginais. De maneira muito adequada, essas abordagens mostram que mesmo as organizações mais saudáveis podem morrer em consequência do mau funcionamento da operação mais insignificante e menos observada. O que ignoram totalmente é que mesmo a organização mais saudável, em que tudo funciona bem, não pode sobreviver, muito menos realizar seus objetivos, se não tiver um órgão de governança segregado e eficaz. Em outras palavas, também não consideram a alta administração.

A função, a organização e o trabalho das pessoas no topo do empreendimento são o continente inexplorado da administração.

É, ao mesmo tempo, a questão mais crucial defrontada na prática, assim como na teoria. Que há razões para insatisfação com a atual situação do conhecimento, ninguém, assim supõe pelo menos Peter F. Drucker, duvidará. Ele, pelo menos disse não ter conhecido alguma alta administração, de qualquer grande empresa, em qualquer lugar - nos Estados Unidos, na Europa ou no Oriente - , que não estivesse em estado de contínua reorganização, de contínuo questionamento, de contínua insatisfação com o que sabe e com o que pode fazer.

Uma questão na área da alta administração é de especial importância: a seleção dos sucessores. É exatamente por causa do grande sucesso da administração que a questão se tornou tão relevante, pois esse êxito tornou a administração da grande empresa recurso e força socioeconômica que vão muito além das empresas em si, consideradas isoladamente. Muito mais coisas que apenas os dividendos dos acionistas, o preço das ações ou até o trabalho dos empregados da empresa giram em torno das seguintes questões:

1) Quem deve suceder o pessoal da alta administração?

2) Com base em que critérios e por quem os sucessores devem ser selecionados?

3) De que maneira e por meio de que processos?

4) Quem os manterá responsáveis, a quem prestarão contas e quem os afastará se não corresponderem às expectativas?

É duvidoso que alguém, na prática da administração ou na teoria da administração, seja capaz de dar respostas satisfatórias a essas perguntas. Outras informações podem ser obtidas no livro Pessoas e desempenhos, de autoria de Peter F. Drucker.

Mais em: http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/alta-administracao-a-sucessao-dos-executivos/108578/

Nenhum comentário:

Postar um comentário