terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Gestão de pessoas: a empresa assumindo a responsabilidade pelo desenvolvimento

O administrador trabalha com um recurso específico: o homem. E o ser humano é um recurso sui generis, que exige qualidades especiais de quem for trabalhar com ele.

Pois o ser humano, e apenas o ser humano, não pode ser trabalhado. Um relacionamento entre duas pessoas nunca é uma relação entre uma pessoa e uma coisa, a ser utilizada como um recurso passivo. Juridicamente falando, o escravo era um bem livre, ou seja, uma coisa. Mas a escravidão afetou tanto o senhor como o escravo, pois está inerente na natureza do relacionamento humano o fato de ele alterar ambas as partes - sejam elas marido e mulher, pai e filho ou administrador e pessoas administradas.

O ser humano não é trabalhado; ele é desenvolvido. E o sentido desse desenvolvimento determina se ele - como indivíduo e como recurso - irá se tornar mais produtivo ou se, em última análise, deixará de produzir. nunca é demais ressaltar que isso se aplica não só ao homem ou à mulher que é administrada, mas também ao administrador. O fato do administrador desenvolver, ou não, seus subordinados na direção certa, dele transformá-los, ou não, em pessoas melhores e mais completas irá determinar se ele próprio irá se desenvolver, crescer, murchar, aperfeiçoar-se ou deteriorar-se.

É possível aprender certas habilidades para se administrar pessoas; por exemplo, a habilidade de presidir uma reunião ou conduzir uma entrevista. É possível determinar métodos e processos - na estrutura do relacionamento entre administrador e subordinado, num sistema de promoções, nas recompensas e nos incentivos de uma organização - que levam ao aperfeiçoamento. Mas, depois de tudo feito, o desenvolvimento de pessoas ainda exige uma qualidade fundamental do administrador, que não pode ser adquirida mediante aprimoramento das habilidades ou destaque dado à importância da tarefa. Exige integridade de caráter.

Fala-se muito atualmente que gostar das pessoas, ajudá-las e dar-se bem com elas são qualificações de um administrador. Mas apenas isso não basta. Em qualquer organização bem sucedida, existe sempre um chefe, existe sempre um chefe que não gosta das pessoas, não ajuda ninguém e não se dá bem com indivíduo algum. Frio, desagradável e exigente, esse chefe normalmente ensina e desenvolve mais pessoas do que qualquer outro. Tipos como este frequentemente impõem mais respeito que qualquer chefe simpático. Exigem um desempenho impecável de si mesmos e dos seus subordinados. Estabelecem padrões elevados de conduta, esperam que estes sejam cumpridos por todos. Levam em conta somente o que está certo, nunca quem está certo. e embora sejam eles próprios normalmente bastante brilhantes, jamais colocam nos outros o brilhantismo intelectual acima da integridade. O administrador que não possuir essas qualidades de caráter - por mais simpático, prestativo ou cordial, e por mais competente e brilhante que possa ser - é uma ameaça e deve ser considerado como incapaz de ser um administrador com A maiúsculo.

Alguém poderia argumentar que qualquer profissão - médico, advogado, feirante - exige integridade. Mas há uma diferença. O administrador convive com as pessoas que administra; é ele quem determina e dirige o trabalho delas, quem as treina para que possam executá-lo, quem as avalia e, frequentemente, quem decide seu futuro. O relacionamento entre comerciante e freguês ou entre um profissional liberal e seu cliente exige um comportamento honroso. Mas o administrador é mais como um pai, ou como um professor. E nesses relacionamentos, comportamento honroso não é o suficiente; integridade pessoal é fundamental.

É possível agora responder à pergunta: "É necessário gênio, ou no mínimo talento especial, para alguém ser um administrador?". "A administração é uma arte ou uma intuição?". a resposta é: "Não". Aquilo que um administrador faz pode ser analisado sistematicamente e aquilo que ele deve ser capaz de fazer pode ser aprendido (embora nem sempre ensinado). Todavia, existe uma qualidade que não pode ser aprendida, uma qualificação que o administrador não pode adquirir, mas precisa trazê-la dentro de si: não é genialidade; é integridade de caráter. Outras informações podem ser obtidas no livro Fator humano e desempenho, de autoria de Peter F. Drucker.

Mais em https://www.administradores.com.br/artigos/negocios/gestao-de-pessoas-a-empresa-assumindo-a-responsabilidade-pelo-desenvolvimento/109055/ 

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