sexta-feira, 24 de abril de 2020

Ministério da Justiça: Bolsonaro rebate acusações de Moro e nega interferência em investigações

O presidente Jair Bolsonaro ( sem partido ) rebateu as acusações feitas pelo agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública ( MJ ), Sergio Moro, que deixou o cargo na manhã desta sexta-feira ( vinte e quatro de abril de dois mil e vinte ) com críticas ao presidente. Bolsonaro ainda negou interferência e investigações e foi ao ataque contra o ex - juiz federal.

Bolsonaro criticou Moro por, segundo ele, não investigar casos relacionados ao presidente, como a facada que ele sofreu em seis de setembro de dois mil e dezoito, em Juiz de Fora ( Estado de Minas Gerais - MG ), e o episódio da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, onde os suspeitos de matar a ex - vereadora do município do Rio de Janeiro - RJ, Marielle Franco, foram antes do crime.

- Será que é interferir quase que implorar Moro que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A Superintendência do Departamento da Polícia Federal ( DPF ) do Rio de Janeiro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo. Cobrei muito deles, não interferi - apontou.

O presidente negou interferências em investigações, mas sustentou que caberia a ele a prerrogativa de nomear o diretor-geral do DPF.

- Falava - se em interferência minha no DPF. Oras bolas, se posso trocar um ministro, por que não posso, de acordo com a lei, trocar o diretor do DPF? Não tenho que pedir autorização a ninguém para trocar diretor ou qualquer outro que esteja na pirâmide hierárquica do Poder Executivo federal ( DPF ) - desafiou Bolsonaro.

O presidente disse que Moro escolheu toda a equipe em dois mil e dezoito, e que estranhou o fato de diretores da PF e da PRF terem vindo de Curitiba, onde o ex-juiz federal atuava. No entanto, disse que na ocasião resolveu "dar um crédito" a Moro.

Ele disse que se reuniu com Moro nesta quinta-feira e disse que era preciso "colocar um ponto final" na atual gestão do DPF. Segundo Bolsonaro, o então diretor-geral Maurício Valeixo já teria dito estar cansado e que pensava em deixar o cargo.

"Por que tem que o seu e não o meu?"

Segundo Bolsonaro, nesta conversa, Moro teria relutado e dito que o nome do novo diretor - geral teria que ser indicado por ele.

- Falei: vamos conversar. Por que tem que ser o seu, e não o meu? Ou então, vamos pegar, já que não tem interferência, pegar os que têm condições e fazer um sorteio. Por que tem que ser o dele, ou o meu, ou um de consenso? Lembrei da lei de dois mil e quatorze, que diz que a indicação é prerrogativa minha. E o dia que eu tiver que me submeter a qualquer subordinado meu, eu deixo de ser presidente. Jamais vou pecar por omissão. Falei que quero um delegado que eu possa interagir com ele. Por que não? - insistiu Bolsonaro.

O presidente disse que Moro seria a pessoa que "realmente não quer me ver na cadeira presidencial" e chegou a desafiar o ministro a ter sido candidato a presidente em dois mil e dezoito.

- Fica difícil a convivência com a pessoa que pensa bastante diferente de você - afirmou.

Bolsonaro chegou a acusar Moro de que teria consentido com a troca de Valeixo no comando do DPF, desde que ela ocorresse em novembro de dois mil e vinte, mediante a indicação de Moro para uma vaga no Supremo Tribunal Federal ( STF ).

- Me desculpe, mas não é por aí. Reconheço suas qualidades, chegando lá, se um dia chegar, pode fazer um bom trabalho. Mas não troco ( uma coisa por outra ). Outra coisa: é desmoralizante para um presidente ouvir, mais ainda, externar, ou não trocar, porque não foi trocado - acusou.

Bolsonaro nega querer saber sobre investigações

No fim do pronunciamento, Bolsonaro leu uma carta em que se disse decepcionado e surpreso pelo comportamento de Moro, que comunicou a decisão de deixar o governo em um comunicado à imprensa.

- Não são verdadeiras as insinuações de que eu desejaria saber sobre investigações em andamento - afirmou.

Sobre a exoneração de Valeixo, Bolsonaro disse que conversou com o diretor - geral na noite de quinta - feira, e ele teria concordado com a demissão.

Com informações de:

Jean Laurindo ( jean.laurindo@somosnsc.com.br ) .

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