Em sua permanente obsessão pela hegemonia mundial, os Estados Unidos vieram a Brasília, nesta semana, tentar barrar a participação da chinesa Huawey no leilão do 5G que o governo federal prepara para breve. Em troca, ofereceram apoio para que o Brasil entre na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e reiteraram a ajuda de ingresso na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). As duas ofertas, no entanto, não são de interesse para o Brasil, que fará um mau negócio caso as aceite, avalia o ex-chanceler Celso Amorim.
“Ser associado da Otan não nos interessa. O Brasil nunca se associou (a iniciativas desse tipo) e desde a Segunda Guerra Mundial só age internacionalmente mandatado pela ONU, ficando de fora, graças à sabedoria de Getulio (Vargas), da Guerra da Coreia, por exemplo”, analisou Amorim em entrevista ao jornalista Paulo Moreira Leite, na tvPT (assista abaixo).
Quanto ao ingresso na OCDE, que Donald Trump também prometeu apoiar (e não cumpriu, deixando Jair Bolsonaro e Paulo Guedes a ver navios), também não é de interesse do país, disse o ex-ministro. “A OCDE é um clube dos ricos, com regras para os ricos comerciarem entre eles e para estabelecer como eles comerciam com o mundo. É um carimbo de rico, mas você não fica rico com um carimbo”, acrescentou.
Amorim lembrou que a grande obsessão dos Estados Unidos é ainda a luta pela hegemonia mundial e a luta com a China. E que a questão do 5G é uma espécie de “obsessão mais imediata”. A proposta trazida por Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, portanto, traria muito mais benefícios aos norte-americanos e poderia prejudicar o Brasil.
“Os Estados Unidos propõem duas coisas que não interessam ao país em troca de algo que é muito sério, pois tem a ver com nosso desenvolvimento tecnológico. O Brasil deve ter liberdade para escolher aquilo que é mais compatível a ele. E (a melhor opção) pode ser a chinesa”, defendeu o também ex-ministro da Defesa.
Há riscos, no entanto, de o Brasil aceitar a oferta norte-americana, uma vez que Jair Bolsonaro pode apresentar o apoio americano para o ingresso na Otan e na OCDE como sinal de um prestígio internacional que ele definitivamente não tem. Além disso, apesar de haver divergências sobre o tema no interior das Forcas Armadas, militares mais próximos do atual presidente brasileiro tendem a discutir temas fundamentalmente econômicos e ligados ao desenvolvimento do Brasil por um equivocado viés ideológico. E é com isso, muito provavelmente, que os norte-americanos contam.
Com informações de pt.org.br .
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