quarta-feira, 22 de julho de 2020

Gestão ambiental: destruição versus preservação

A última ilusão é a de que a maneira apropriada de promover um meio ambiente limpo seria através de uma legislação punitiva. Não são necessárias proibições ou leis coibindo ações que degradem ou coloquem em risco o meio ambiente. Mais do que isto, são precisos incentivos para preservá-lo e melhorá-lo.

As leis punitivas somente têm sucesso quando os malfeitos são poucos e o ato ilegal é comparativa raro. Sempre que uma lei tenta impedir ou controlar algo que todos estão fazendo, ela se degenera em uma enorme, embora inútil, máquina de informantes, espiões, corruptores e corruptos. Hoje todos são poluidores ( nos países subdesenvolvidos quase tanto quanto nos desenvolvidos ). As leis punitivas e as regulamentações podem forçar os fabricantes de automóveis a colocar equipamentos de controle de emissões nos carros novos, mas nunca conseguirão forçar cem milhões de motoristas a fazer a manutenção deste equipamento. Ainda assim, esta será a tarefa central se o objetivo for a interrupção da poluição automotiva.

O que deve-se fazer é tornar proveitoso para todos alcançar metas ambientais. Considerando que as raízes da crise ambiental se encontram de forma tão ampla na atividade econômica, os incentivos também terão de ser principalmente econômicos. Os proprietários de automóveis que, voluntariamente, mantivessem em boas condições de funcionamento os controles de emissão de seus carros poderiam, por exemplo, pagar uma taxa bem menor na época do licenciamento anual, enquanto aqueles cujos carros ficassem abaixo dos padrões aceitos poderiam pagar uma taxa bem maior. Além disto, se recebessem um incentivo fiscal considerável, as montadoras de automóveis colocariam o melhor de suas energias para trabalhar na produção de carros mais seguros e livres de emissões, em vez de lutar prolongando ações contra a legislação punitiva.

Apesar de toda a retórica nas universidades, é sabido que agora o capitalismo dos tipos liberal e neo-liberal nada tem a ver com a crise ecológica, que apresenta a mesma gravidade nos países cujo sistema capitalista em vigor é to tipo socialista ou comunista. As praias em uma faixa de oitenta quilômetros ao redor de Estocolmo ( Suécia ) ficaram completamente impróprias para uso por causa do esgoto bruto sem tratamento da comunista Leningrado, lançado no Mar Báltico. Moscou, embora tivesse com poucos automóveis, tinha na época, problemas de poluição do ar tão grandes quando Los Angeles ( e tem feito menos contra isto até aquele momento ).

Há de também de haver um reconhecimento que a ganância tem pouco a ver com a crise ambiental. As duas causas principais são as pressões da população ( especialmente as pressões de grandes populações metropolitanas ) e o desejo ( altamente louvável ) de se trazer uma vida decente ao menor custo possível para o maior número possível de pessoas.

A crise ambiental é consequência do sucesso: sucesso em diminuir a mortalidade infantil ( que trouxe a explosão populacional ), sucesso em aumentar a produção agrícola par evitar a fome em massa ( que trouxe a contaminação por inseticidas, pesticidas e fertilizantes químicos ), sucesso em tirar as pessoas dos fétidos cortiços das cidades do século dezenove para o verde e a privacidade dos lares para a família no subúrbios ( que trouxe a expansão urbana e os engarrafamentos de trânsito ). Em outras palavras, a crise ambiental é muito mais um resultado de se realizar em demasia o tipo certo de coisas.

Para superar os problemas que o sucesso sempre cria, é preciso construir sobre ele. O primeiro passo envolve a disposição de assumir os riscos envolvidos em tomar decisões sobre dilemas complexos e perigosos:

1) qual é a melhor troca entre um ambiente mais limpo e o desemprego?

2) Como será possível evitar que a cruzada ambiental se transforme em uma guerra dos ricos contra os pobres, um novo e extremamente cruel imperialismo racista branco?

3) O que será possível fazer para harmonizar as necessidades mundiais do meio ambiente com as necessidades políticas e econômicas de outros países, e evitar que a liderança ocidental se transforme em agressão ocidental?

4) Como será possível encontrar o equilíbrio menos agonizante de riscos entre danos ambientais e fome em massa de crianças pobres, ou entre danos ambientais em grande escala?

São perguntas que ainda não foram respondidas de maneira responsável e de modo a evitar polêmicas ainda maiores que as atuais. Outras informações podem ser obtidas no livro Rumo à nova economia, de autoria de Peter F. Drucker.

Mais em:

https://administradores.com.br/artigos/gest%C3%A3o-ambiental-destrui%C3%A7%C3%A3o-versus-preserva%C3%A7%C3%A3o . 

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