sexta-feira, 24 de julho de 2020

Gestão ambiental: a proteção do ambiente e o relativismo econômico

Há mais de sessenta anos, três jovens químicos pediram conselho a Peter Ferdinand Drucker conselhos sobre crime ambiental. Eles estavam trabalhando para uma das grandes companhias do setor químico, e seus gerentes lhes pediram para imaginar que tipo de novas fábricas poderia ser instalado em West Virgínia, onde reinava a pobreza. Os três jovens elaboraram um plano de longo alcance para a criação sistemática de empregos, mas ele incluía um projeto que estava gerando dúvidas na alta administração: uma usina de ligas de ferro localizada na área mais pobre, onde quase todos estavam desempregados. Isto criaria mil e quinhentos empregos em uma pequena cidade em declínio com doze mil habitantes e outros oitocentos empregos para mineradores e carvão desempregados - empregos limpos, saudáveis e seguros, pois as novas escavações seriam em minas a céu aberto ( em vez de em túneis subterrâneos ).

Porém, a usina precisaria utilizar um processo já obsoleto de custo elevado, pois era o único aplicável para a matéria-prima disponível no local. Portanto, a nova instalação seria marginal tanto em termos de custos quanto de qualidade do produto. O processo também era especialmente sujo e, se fossem adotados os melhores controles de poluição disponíveis, o projeto ficaria ainda menos econômico. No entanto, esta usina era a única que poderia ser colocada nesta área necessitada. O que Drucker achava na época a respeito disto?

Ele teria dito: "esqueçam" - o que, sem dúvida, não era o que os três jovens queriam ouvir, nem o conselho que buscavam.

Isto, como alguns já devem ter reconhecido, é a pré-história do que veio a se tornar um notório crime ambiental, a usina da Union Carbide, em Marieta ( Estado de Ohio - nos Estados Unidos da América - EUA ). Quando foi inaugurada em mil novecentos em cinquenta e um, a usina foi pioneira em termos ambiental. Seus depuradores filtravam setenta e cinco por cento das partículas expelidas pelos fornos de fundição ( o padrão para a época era metade disto, ou menos ). Suas chaminés suprimiam mais cinzas volantes do que as de qualquer outra usina até então construída, e assim por diante.

Porém, em dez anos, a usina se tornava uma poluidora insuportável para Viena, em West Virginia, a pequena cidade do outro lado do rio cujo desemprego seria aliviado com a construção da fábrica. Nos cinco anos seguintes, a cidade e a Union Carbide brigaram como gatos selvagens. No final, a Union Carbide perdeu. Quando, por fim, aceitou as determinações federais e estaduais para limpar o processo extreemamente poluidor, ela também anunciou que demitiria metade dos mil e quinhentos homens que estavam trabalhando na usina; e isto era a metade das pessoas empregadas em Viena. A mudança para um carvão mais limpo ( sem mencionar o abandono da mina a céu aberto ) também colocaria um fim para oitocentos empregos de mineração de carvão nos bolsões de pobreza no interior dos EUA.

Havia, na época, uma porção de Vienas por todos os EUA, onde fábricas ultrapassadas eram mantidas em funcionamento precisamente por ser o principal ou único empregador em uma área em depressão ou decadente. Uma fábrica sem rentabilidade econômica deve fechar, transferindo seus trabalhadores para assistência social? A fábrica deveria ser subsidiada ( o que poderia claramente abrir o caminho para todos pedirem ajuda do setor público )? Os padrões ambientais deveriam ser desconsiderados ou sua aplicação adiada em casos emergenciais?

Se a preocupação com o meio ambiente passar a ser vista como um ataque aos meios de sobrevivência dos trabalhadores, a simpatia do público e o apoio político provavelmente desaparecerão. Não seria muito fantasioso prever, para em poucos anos, a Nova ( e envelhecida ) Esquerda, os estudantes preocupados das universidades e os religiosos em uma marcha de protesto contra a ecologia e em apoio às vítimas do ambientalismo burguês. Outras informações podem ser obtidas no livro Rumo à nova economia, de autoria de Peter F. Drucker.

Mais em:

https://administradores.com.br/artigos/gest%C3%A3o-ambiental-a-prote%C3%A7%C3%A3o-do-ambiente-e-o-relativismo-econ%C3%B4mico .  

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