quarta-feira, 8 de julho de 2020

Produtividade: a nova mola mestra da economia

Ninguém hoje consegue prever se a nova economia será concebida por um grande pensador ( outro Adam Smith, um Ricardo ou um Keynes ) ou se surgirá em uma mudança gradual que resulta do trabalho de um grande número de pessoas competentes, como foi a mudança da economia clássica para a neoclássica da utilidade marginal de quase um século e meio atrás. A nova economia pode ser uma enorme torre levantada sobre a única fundação intelectual, semelhante ao edifício que Keynes concebeu há quase um século. Ou pode se um subúrbio espalhado em uma grande área sem um centro, mantido junto somente por algumas super-rodovias movimentadas. Mas a nova economia terá, necessariamente, de incorporar o que, na história do pensamento econômico, sempre foram alternativas distintas: microeconomia e macroeconomia; a economia real de commodities e trabalho e a economia simbólica da moeda e do crédito. Ela utilizará como elementos constitutivos o pensamento econômico e as teorias econômicas de todos os quatrocentos anos de história da economia; mas é bastante improvável que aceite qualquer uma delas como base ou pedra angular.

Além disto, a nova economia pode até tentar ser novamente tanto ciências humanas quanto ciências.

Uma historia popular entre os membros mais jovens do seminário de Cambridge de Keynes nos anos trinta dizia que um dos discípulos perguntou ao mestre por qe não havia alguma teoria do valor em sua teoria geral. Keynes teria respondido: "Porque a única teoria e valor disponível é a teoria do trabalho e ela está totalmente desacreditada.". A nova economia pode voltar a ter uma teoria do valor. Ela pode proclamar que a produtividade ( isto é, o conhecimento aplicado aos recursos através do trabalho humano ) seja a fonte de todo valor econômico.

A produtividade é uma fonte de valor a priori operacional e, assim, satisfaz as especificações para um princípio básico. Este princípio seria descritivo e normativo: descreveria o que é e por que, e indicaria o que deveria ser e por quê. Marx, conforme os revisionistas do socialismo por volta do ano mil e novecentos costumavam argumentar, nunca ficou completamente satisfeito com a reoria de valor do trabalho, mas tateou em vão por um substituto. Por sua vez, nenhum dos grandes economistas são marxistas dos últimos cento e quarenta anos ( Alfred Marshal, Joseph Schumpeter ou John Mainard Keynes ) se sentiu confortável com um economia em que faltasse completamente uma teoria do valor. Porém, conforme ilustra a história popular sobre Keynes, eles não enxergavam uma alternativa. A produtividade poderia servir como fonte do todo valor econômico. Ela explicaria. Ela direcionaria a visão. Ela daria orientação para a análise, para a política e para o comportamento. A produtividade é simultaneamente o ser humano e as coisas materiais; ela é ao mesmo tempo estrutural e analítica. A economia baseada na produtividade poderia, assim, transformar-se naquilo pelo que todos os grandes economistas lutaram: uma ciência humana, uma filosofia moral, uma Geisteswissenchaff ( * vide nota de rodapé ) e uma ciência rigorosa.

Outras informações podem ser obtidas no  livro Rumo à economia, de autoria de Peter F. Drucker.

P.S.:

Nota de rodapé:

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