O cerco vai se fechando cada vez mais sobre bolsonaristas que tramaram e os que foram omissos na tentativa de golpe de Estado fracassada no dia Oito de janeiro de Brasília ( no Distrito Federal - DF ). Nesta sexta-feira ( Dezoito de agosto de Dois mil e vinte e três ), o Departamento da Polícia Federal ( DPF ) deflagrou mais uma operação na qual prendeu o comandante da Polícia Militar do Distrito Federal ( PMDF ) Klepter Rosa Gonçalves. No total, o DPF cumpriu mandado de prisão preventiva de sete membros da PMDF que estavam na ativa em janeiro de Dois mil e vinte e três, entre eles o ex-comandante Fabio Vieira, José Ferreira Sousa Bezerra, Marcelo Casimiro Rodrigues e Rafael Pereira Martin. Pela chamada Operação Incúria, a corporação também expediu cinco mandatos de busca e apreensão.
“Segundo as provas existentes, os denunciados conheciam previamente os riscos e aderiram de forma dolosa ao resultado criminoso previsível, omitindo-se no cumprimento do dever funcional de agir”, destacou a PGR em nota.
“Todos os denunciados, reitere-se, detinham capacidade de interromper o curso causal, por ação individual, dado o potencial exercício de poderes de comando, ou conjunta”, prossegue a PGR. “Abstiveram-se, pois estavam conluiados para que se permitisse a materialização dos atos antidemocráticos”.
Gonçalves era o responsável pela atuação do efetivo policial do DF na posse de Lula, no dia Primeiro de janeiro de Dois mil e vinte e três. Ele subiu ao posto de comandante da PMDF interinamente depois do Oito de janeiro de Dois mil e vinte e três. Segundo o jornal Folha de São Paulo, Rosa autorizou a folga de Jorge Eduardo Naime Barreto no dia Oito. À época, Barreto comandava o Departamento Operacional ( DO ) da PMDF e respondia pelo plano de prevenção a ataques golpistas na capital.
Troca de mensagens e ameaças
Na denúncia encaminhada ao STF, a PGR anexou mensagens, vídeos e áudios trocados entre os policiais, todos com teor golpista e alguns com ameaças, visando impedir a posse do Presidente da República ( PR ) eleito Luiz Inácio Lula da Silva ( do Partido dos Trabalhadores - PT ) em janeiro. Uma delas, entre Rosa e Fabio Vieira, data de Vinte e oito de outubro de Dois mil e vinte e dois, dois dias antes das eleições.
“Rapaz, vocês têm que entender o seguinte: o Bolsonaro, ele está preparado com o Exército, com as Forças Especi… As Forças Armadas, aí, para fazer a mesma coisa que aconteceu em Mil novecentos e sessenta e quatro. O povo vai para as ruas, que ninguém vai aceitar o Lula ser… Ganhar a PR, porque não tem sentido, o povo vai pedir a intervenção e, aí, meu amigo, eles vão nos livrar do comunismo novamente”, diz um trecho da transcrição do vídeo enviado por Rosa a Vieira.
Após receber a mensagem, Vieira repassou o conteúdo para Casimiro Rodrigues. Ele era comandante do Primeiro Comando de Policiamento Regional ( CPR1 ), responsável justamente pela segurança da Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três Poderes.
Em outra mensagem, Rosa diz: “Na hora que der o resultado das eleições que o Lula ganhou, vai ser colocado em prática o Artigo Cento e quarenta e dois da Constituição Federal de Mil novecentos e oitenta e oito ( CF - 88 ), viu? Vai ser restabelecida a ordem, se afasta Xandão, se afasta esses vagabundo tudinho e ladrão, safado, dessa quadrilha… Aí vocês vão ver o que é por ordem no país. Não admito que o Brasil vai deixar um vagabundo, marginal, criminoso e bandido, como o Lula, voltar ao poder”.
Omissão Planejada
Para o ministro Alexandre de Moraes, as trocas de mensagens evidenciam uma “omissão planejada” entre os policiais do DF quanto à segurança naquele Oito de janeiro de Dois mil e vinte e três.
“O contexto extraído da investigação evidencia que todos os denunciados se omitiram dolosamente, aderindo aos propósitos golpistas da horda antidemocrática que atentou contra os Três Poderes da República e contra o regime democrático”, escreveu o ministro, na decisão que determinou a prisão preventiva dos sete oficiais da alta cúpula da PMDF.
Reação do PT
Após eclodir a operação, o deputado federal Carlos Zarattini ( PT - SP ) comentou as prisões. “O cerco vai se fechando e vamos seguir cobrando que todos os que atentaram contra nossa democracia sejam punidos com o rigor da lei. Civil ou militar todos precisam pagar por essa tentativa de golpe”, defendeu Zarattini pelas redes sociais.
“Que as investigações continuem e que todos os personagens dessa trama criminosa sejam responsabilizados”, reagiu o ministro-chefe da Secretária de Comunicação Social ( SCS ) da PR, Paulo Pimenta.
Já o senador Humberto Costa considerou como “grave” o novo capítulo das investigações sobre os atos golpistas. “O DPF tem provas de que policiais desmontaram barreiras para permitir a passagem de golpistas no dia dos atos antidemocráticos de Oito de janeiro de Dois mil e vinte e três. Hoje, parte da cúpula da PMDF foi presa”, escreveu Costa.
Com informações de:
Agência PT de Notícias
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