Foram nove meses de investigação para que o uso político do Departamento da Polícia Rodoviária Federal ( DPRF ) levasse Silvinei Vasques à prisão. No pedido feito pelo Departamento da Polícia Federal ( DPF ) para prendê-lo, consta que o ex-diretor geral do DPRF vinha tentando combinar depoimentos e interferir nas apurações. É razão grave o suficiente para justificar a prisão preventiva, de acordo com a lei.
Vasques tentou transformar O DPRF em “Polícia de Governo”, um “braço armado” do bolsonarismo. O termo consta na representação contra ele que foi entregue pelo DPF ao ministro Alexandre de Moraes.
O roteiro é conhecido. No dia das eleições, Trinta de outubro de Dois mil e vinte e três, Vasques contrariou determinação do Tribunal Superior Eleitoral ( TSE ). Pôs na rua uma série de operações de fiscalização na região Nordeste ( NE ), onde o então candidato à Presidência da República ( PR ) Luiz Inácio Lula da Silva ( do Partido dos Trabalhadores - PT ) tinha maioria das intenções de voto. Ameaçado de prisão por Alexandre de Moraes, recuou.
A apuração do DPF aponta que as operações seguiram um mapa que mostrava os locais onde Lula teve mais que Setenta e cinco por cento de votos no primeiro turno no NE. Seria uma clara tentativa de prejudicar o acesso de eleitores aos locais de votação, com o objetivo de favorecer o então PR e candidato à eleição Jair Messias Bolsonaro ( do Partido Liberal - PL ) na disputa pela reeleição. Das duas, uma: ou haveria menos votos para Lula ou o pleito teria o tempo de votação estendido pelo Tribunal Superior Eleitoral ( TSE ), o que abriria espaço para Bolsonaro contestar as eleições.
O enredo golpista só não funcionou porque Alexandre de Moraes agiu a tempo. Mandou desobstruir as estradas e negou o pedido do próprio PT para estender o horário de votação.
Sem sucesso, o DPRF de Vasques protagonizou o segundo ato ao fazer corpo-mole no desbloqueio das rodovias federais pós-eleições. Imagens de policiais confraternizando com manifestantes circulavam pelo país, enquanto a corporação dizia que não poderia agir sem ordem da Justiça. Uma inverdade.
No Estado de Santa Catarina ( SC ), o epicentro dos bloqueios, a superintendência local chegou a pedir reforço antecipadamente diante de relatórios de inteligência que apontavam risco de bloqueios. Mas a medida foi suspensa pela direção geral, que alegou irregularidade burocrática. O reforço só seria liberado dias depois, quando os bloqueios já eram insustentáveis e a reputação do DPRF de Silvinei Vasques havia ido pelo ralo.
Já no quadro de inativos do DPRF e investigado pelo STF, Vasques continuava a ter voz ativa na corporação. Circulava cada vez mais por eventos políticos e do próprio DPRF em SC. Num encontro recente com antigos colegas do DPRF, em Florianópolis ( Capital do Estado de SC ), não escondeu a intenção de concorrer a prefeito do município de São José ( na Região Metropolitana de Florianópolis ) pelo PL nas eleições do ano de Dois mil e vinte e quatro. E foi além: disse que, se eleito, disputaria em Dois mil e vinte e seis uma vaga de deputado federal.
Vasques tem pretensões políticas porque acredita que ficará impune, apesar da gravidade das denúncias que recaem sobre ele. O aparelhamento e o uso político de uma instituição de Estado são gravíssimos ataques à democracia e ao país. A prisão preventiva é um recado da Justiça de que o golpismo não será tolerado.
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