Há poucos casos na história intelectual em que aquilo que um homem realmente disse e fez, e aquilo que geralmente se acredita que ele tenha dito e feito, estejam tão completamente em desacordo. A questão é saber, portanto, por que Taylor está sendo totalmente deturpado.
A explicação-padrão é que ele se tornou cativo da psicologia do século dezenove. Mas isto não faz sentido. O problema com Taylor é o de estar tão à frente de sua época que ninguém ( ou muito poucas pessoas ) o ouviu, muito menos entendeu o que ele dizia e fazia. De muitas maneiras ( na verdade, em sua maior parte ), Taylor acreditava firmemente naquilo que hoje é conhecido como Teoria Y. ele afirmou repetidas vezes que a administração pelo medo era contraproducente. Em alguns momentos, ele soava como McGregor e, em outros, como Argyris ( em sua crítica constante da resistência da organização em aceitar o trabalhador como ser humano, por exemplo ). Em certos momentos, ele se parece muito com Frederick Herzberg. Ele se preocupava com a qualidade de vida, para utilizar a terminologia atual. No início de seu depoimento, ele disse:
-A administração científica não é um dispositivo para a eficiência, nem qualquer tipo de dispositivo para assegurar a eficiência. Também não é nenhum punhado ou grupo de dispositivos para a eficiência. Ela não é um novo sistema para calcular custos; não é um novo esquema para pagar aos trabalhadores; não é um sistema de pagamentos por peça; não e um sistema de bônus; não é um sistema de prêmios; não é um esquema de pagamento; ela não significa segurar um cronômetro ao lado de um homem e escrever a seu ; não é um estudo de tempos; não é um estudo de movimentos nem a análise da movimentação de um trabalhador; não está dividida entre supervisão e supervisão funcional; não é algum dos dispositivos que o homem mediano traz à mente quando se fala da administração científica.
Em essência, a administração científica envolve uma completa revolução mental da parte do trabalhador ( e daqueles do lado da gestão: o encarregado, o superintendente, o proprietário da empresa, o conselho de diretores ) quanto a seus deveres em relação aos companheiros de trabalho na administração, em relação a seus trabalhadores e a todos os seus problemas.
No entanto, estas afirmações estavam tão à frente de mil novecentos e dez que poucos chegaram até a ouvir o que Taylor disse. Na verdade, as pessoas ouviram exatamente aquilo que Taylor dizia não ser a administração científica. Até hoje, estas são as coisas ensinadas nas escolas de engenharia como administração científica e engenharia industrial, e são apresentadas na maioria dos livros como o que Taylor defendia.
Mas Taylor também cometeu a ofensa imperdoável de provar que os ismos eram irrelevantes - e, por isto, nem a direita nem a esquerda jamais o perdoarão. O sistema pouco importa, mostrava Taylor. O importante é o cargo, a tarefa e o trabalho. A economia não é feita pelo capitalismo do tipo liberal ou pelo capitalismo do tipo socialista. É feita pela produtividade. Taylor falava do dever dos proprietários; ele nunca falou de seus direitos. Ele falava de responsabilidade dos trabalhadores; nunca falou sobre eles serem explorados. Em outras palavras, Taylor não sustentava que o sistema era responsável, nem esperava que uma grande mudança viesse através de uma mudança no sistema. Sua revolução era uma revolução mental, e não social. Isto foi diretamente contra as crenças mais caras de mil novecentos e dez - e ainda vai contra as crenças vigentes atualmente.
Isto não seria tão importante se Taylor não tivesse tido sucesso. Em todos os lugares em que a sua abordagem foi aplicada, a produtividade cresceu várias vezes, os salários reais dos trabalhadores subiram acentuadamente, as horas de trabalho caíram e o estresse físico e mental dos trabalhadores se reduziu. Ao mesmo tempo, as vendas e os lucros subiram e os preços caíram. Quanto mais sucesso Taylor obtinha, mais hostis a ele ficavam as ideologias prevalecentes.
Finalmente, havia o fato terrível de que Taylor se preocupava com o trabalho. Taylor foi o primeiro homem na história a realmente estudar com seriedade o trabalho. Esta é sua importância histórica. Sem dúvida, as pessoas vinham falando sobre trabalho desde tempos remotos. Mas ninguém achou que o trabalho merecesse um estudo sério. Na verdade, o trabalho estava claramente fora da atenção das pessoas instruídas.
Taylor era bastante ciente disto: " ( ... ) professores dos Estados Unidos da América ( EUA ) ( ... ) se ressentem do uso da palavra ciência para algo tão trivial como os assuntos simples da vida do dia a dia.". Mas não foi apenas pelo uso da palavra ciência, mesmo na definição de Taylor como conhecimento de qualquer tipo, classificado ou organizado", que "os professores dos EUA" ( poderiam ser descritos como intelectuais ) se ressentiam e rejeitavam. É também pela crença de que o trabalho ( suado, sujo e exaustivo, como carregar areia ou conduzir ferro-gusa ) pudesse oferecer um desafio intelectual e, ao mesmo tempo, ( devesse ) ser agradável e recompensador, tanto econômica quanto psicologicamente.
Os professores acreditavam na criatividade. Taylor acreditava no trabalho sistemático, árduo e como os princípios. os professores acreditavam em uma elite, não importando o quanto eles preguem a igualdade. Taylor não acreditava em igualdade. Ele sabia que as pessoas eram diferentes em suas habilidades. Porém, considerava todos homens de primeira classe que realizavam a tarefa à qual se adequavam e, como tal, com direito a uma ampla oportunidade, a um bom rendimento e, acima de tudo, a ser respeitado. Ela achava que a administração tinha o dever de encontrar aquilo para a qual cada homem era mais adequado, ajudando-o a chegar lá e capacitando-a a executar e a realizar, organizando sua tarefa, fornecendo as ferramentas e as informações necessárias e lhes dando apoio administrativo adequado e treinamento continuado. Porém, os professores deste mundo ainda tendem a acreditar, embora apenas inconscientemente, que o trabalho é algo feito pelos escravos. Outras informações podem ser obtidas no livro Ruamo à nova economia, de autoria de Peter F. Drucker.
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