Há muitos desfechos possíveis para os processos de impeachment ( * vide nota de rodapé ) que acuam o governo do Estado de Santa Catarina ( SC ), e que chegam ao ápice nesta sexta-feira ( vinte e três de outubro de dois mil e vinte ). Em todos os cenários, o Estado de SC sai perdendo, segundo a jornalista Dagmara Spautz, do jornal Diário Catarinense - DC.
Suponha-se que o governador do Estado de SC, Carlos Moisés da Silva ( do Partido Social Liberal ) e a vice-governadora Daniela Cristina Reinerh ( sem partido ), sejam afastados por cento e oitenta dias. O presidente da Assembleia Legislativa do Estado de SC ( ALESC ), deputado Julio Garcia ( do Partido Social Democrático - PSD ), assume o governo carregando nas costas um calhamaço de denúncias, que agora estão nas mãos do Superior Tribunal de Justiça - STJ, e com um pé no Poder Legislativo Estadual ( PLE ).
As portas abertas do governo do Estado de SC aos deputados estaduais é a síntese da perfeita governabilidade e da tão falada harmonia entre os poderes. Mas o deputado Julio Garcia ( do Partido Social Democrático ) terá uma ‘dívida’ a pagar com os parlamentares que lhe entregaram a caneta.
Se, quando e como este débito será cobrado são as perguntas que permearão um eventual governo interino. Como bem pontuou o jornalista Upiara Boschi ( do DC ), há semanas, Michel Temer ( do Movimento Democrático Brasileiro - MDB ) mostrou que um ‘governo tampão’ pode queimar rapidamente o capital político. É um governo que nasce engessado.
Em outra hipótese, Daniela é poupada e assume o cargo. Neste caso, é preciso lembrar que Daniela caiu nas eleições no mesmo paraquedas de Silva. E é conhecida por ostentar a mesma falta de habilidade política.
Embora tenha bom trânsito em Brasília, Daniela foi ‘rifada’ publicamente, na ALESC, pelos colegas do PSL, seu antigo partido. Tem fama de obcecada com a própria segurança – até porte de armas solicitou – e foi escanteada pelo governo pelo qual se elegeu, o que a torna uma incógnita.
Por fim, existe a possibilidade de que Silva derrube a hipótese de afastamento e consiga se manter em pé no governo. Neste caso, há dois caminhos. Pode ser afastado um pouco mais à frente, pelo segundo processo de impeachment ( * 2 vide nota de rodapé ), ou pode ser poupado naquele também.
A continuidade, no entanto, levanta questionamentos sobre que governo sobreviverá a esta avalanche de processos. A relação com o parlamento, que nunca foi sólida, ganhou uma rachadura irreparável politicamente. Silva terá sérias dificuldades em governar com uma base mirrada na AlLESC.
Em todos os cenários, vencedores e perdedores se alternam. Exceto o Estado, que vem sendo prejudicado desde o início pela instabilidade política, que afeta a economia e a gestão pública.
O impeachment foi como jogar uma pedra em água parada. Ela chega ao fundo, mas as pequenas ondas formadas pelo impacto continuam reverberando na superfície – e não têm prazo para acalmar.
Com informações de:
Dagmara Spautz, do DC .
P.S.:
Notas de rodapé:
* Mais sobre o primeiro processo de impeachment contra Silva em:
https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/10/impeachment-situacao-politica-de-silva.html .
* Mais sobre o segundo processo de impeachment contra Silva em:
https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/10/epidemia-auditores-de-sc-contradizem-ex.html .
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