terça-feira, 6 de outubro de 2020

Licitações: delatora cita Garcia, Colombo e Moreira por supostamente ter recebido "mesadas" em dinheiro de corrupção em SC

Dois ex-governadores e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina ( ALESC ), Julio Garcia ( do partido Social Democrático - PSD ), são citados em delação premiada da operação Alcatraz ( * vide nota de rodapé ). A denúncia mais recente da ação do Departamento da Polícia Federal ( DPF ) teve trecho baseada na delação premiada da advogada Michelle Guerra. Segundo Michelle, Raimundo Colombo ( PSD ), Eduardo Pinho Moreira ( do partido Movimento Democrático Brasileiro - MDB ) e Garcia teria recebido "mesadas". Michelle era sócia de Nelson Castello Branco Nappi Junior, apontado pelo Ministério Público Federal ( MPF ) como um dos operadores do esquema investigado. A informação foi publicada em primeira mão pela coluna Radar, da revista Veja, nesta segunda-feira ( cinco de outubro de dois mil e vinte ), e confirmada pelo jornalista Ânderson Silva do jornal Diário Catarinense ( DC ) .

Operação Alcatraz foi deflagrada em 30 de maio de 2019
Operação Alcatraz foi deflagrada em trinta de maio de dois mil e dezenove ( Foto : Tiago Ghizoni  /  NSC Total )

No seu depoimento, Michelle diz que em determinada ocasião questionou Nappi Jr. sobre o dinheiro que ela separava no escritório de ambos. A resposta teria sido de que os valores seriam mesadas a Colombo, a Moreira, e a Garcia.

Em um dos trechos da delação Michelle afirma que os fatos ocorreram em dois mil e quaize e dois mil e dezesseis. Os valores seriam separados em elásticos, envelopes pardos, sacolas, caixas de whisky e caixas de sapato. Em uma das oportunidades, Nappi Jr. teria chegado ao escritório com uma maleta azul cheia de dinheiro, que ele teria dito que continha trezentos mil reais.

Trecho da delação de Michelle Guerra sobre as "mesadas"
Trecho da delação de Michellea sobre as "mesadas"
( Foto : )

Colombo e Moreira não estão entre os denunciados. Mas em trecho da denúncia, o MPF faz um alerta sobre os nomes que aparecem nas citações e não são alvo de acusação: "Cabe destacar que a ausência de imputação dos fatos ora denunciados a outras pessoas, mencionadas ou não nesta denúncia, não acarreta pedido de arquivamento implícito em face destes outros eventuais / prováveis envolvidos, bem como a não imputação de crimes conexos, neste momento, não importa no arquivamento implícito destes crimes em face dos ora denunciados ou de outros indiciados e investigados, que serão objeto de imputação em denúncia específica, conforme o caso, em momento oportuno, com o avançar das investigações".

A denúncia ainda descreve a relação entre Garcia e Nappi Jr. e Jefferson Colombo, apontados como operadores de Garcia dentro da operação. Os dois negam qualquer envolvimento nos fatos.

Contraponto

Em nota Colombo diz que "lamenta que o Brasil, infelizmente, tenha virado um campo onde a honra, a dignidade e a história das pessoas sejam atingidas de forma irresponsável". Afirmou: “Não sei do que se trata, não conheço esta pessoa e nem o processo”, afirma. O texto fala ainda que "Colombo lembra o que passou em razão de outras delações sem provas e destaca que acabou absolvido em todos os processos. E finaliza: “Tenho mais de quarenta anos de vida pública e mereço respeito”.

A defesa de Garcia se posicionou na semana passada sobre a denúncia. O advogado Cesar Abreu chamou o material de queima de reputações e fez alusão a delação de Michelle. Nesta segunda-feira ( cinco de outubro de dois mil e vinte ), Abreu disse que: "Delação premiada não é prova, precisa de confirmação por elementos de convicção honesta. Esta delação, contraria as declarações de João Buatim à Receita Federal do Brasil ( RFB ). E não se pode construir nada a partir de declarações contraditórias e o que é pior, marcadas por “ouvir dizer”. Não há um fato concreto que coloque Garcia no centro de qualquer ato ilícito. São conjecturas, ilações e suposições. Há, em verdade uma frustração desta força-tarefa ao não encontrar nada contra Garcia, sepultando o que para os mesmos seria o grande caso de suas vidas profissionais".

Moreira, via assessoria de imprensa, também se manifestou: "Estou indignado pela forma como o meu nome foi envolvido numa delação premiada sobre um fato do qual não tenho nenhuma responsabilidade, tomando conhecimento unicamente através da Imprensa. Minha vida pública foi construída com trabalho e responsabilidade".


Com informações de:


Ânderson Silva, do DC.


P.S.:


Nota de rodapé:


Mais sobre a operação Alcatraz em:

https://claudiomarcioaraujodagama.blogspot.com/2020/10/licitacoes-mpf-denuncia-que-havia.html .

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